Depois de Flappy Bird, um novo jogo difícil chamou a atenção das pessoas, de nome 2048! O jogo ficou tão famoso em pouco tempo que ganhou um monte de novas versões. Uma delas é a versão com Sprites animados dos Pokémons, de XY. O objetivo do jogo é simples: Você deve somar os números até que resulte em 2048 (ou, no caso, um Pokémon que ainda não cheguei ~rs). Mas tem alguns poréns: Você só pode somar números/Pokémons iguais, e ao mover um deles para o lado, você move todos. Para somar dois iguais você deve mandá-los para a mesma direção de forma que encostem um sobre o outro. Vocês aprenderão quando jogarem! ~rs
Bom jogo! (link na imagem)
Magikarp Bunnelby Pikachu Vivillon Vaporeon Talonflame Aegislash Mega Gardevoir Mega Aggron Mew
Arceus
A página estará em constantes atualizações até que todos os Pokémons pertencentes à Pokédex de Johto estejam prontos (Não necessariamente em ordem). Caso pretenda usar alguma das imagens, peço que avise ou deixe pequenos créditos (:
Dados e Comentários (Haos):Está pra chegar o dia em que eu vou olhar para essa tirinha e não dar risada kkkkkkkkk' Deem uma olhada nessa Fanart da Clarinha (ou Clara-chan), relatando a visão dela a respeito de Kalos (ok, relata a verdade de Kalos). Destaque para meu computador, que como muita gente sabe, faz um barulho de uma turbina de avião quando ligado kkkkkkkk' Ela pensou em tudo. Adorei, Clarinha!
Antes de ler as notas, leia o capítulo correspondente primeiro!
Eu costumo demorar para escrever capítulos, mas o faço porque quero que sempre tenham sido escritos com o máximo de atenção, dedicação e inspiração. E hoje lhes trago um capítulo tão simples que pode chegar a ser complexo em alguns pontos. Muitas falas foram feitas no futuro, isso porque é como se este capítulo fosse uma prévia do que vem por aí. Infelizmente não ficaremos muito em Lumiose, porque ainda não há muito a se fazer, porém garanto que o pouco tempo que ficarmos será excelente. É a primeira e última vez da temporada que iremos para essa cidade, e tenho tanta coisa nos planos que fica difícil organizar tudo em poucos capítulos.
Mas, nos abstendo ao que tivemos hoje, o que acharam? Gostaram? Deixei alguns diálogos fluírem, e eles escondem bem mais do que aparentam. Droga, olha eu de novo jogando spoiler! Enfim, espero que gostem do nosso nono capítulo, e continuem ligados em Kalos! Meu carnaval se resumirá a minha casa, portanto vou tentar adiantar algumas coisinhas quando possível. Obrigado pela leitura e paciência!
Innocence
Avril Lavigne é uma das primeiras cantoras e comecei a gostar, e agora uma das que menos ouço. Essa música creio que representa bem a visão de nossa querida Serena, num clima lento e a voz da Avril. Destaco os seguintes versos, que acho que cabem muito bem agora
"Ao acordar vejo que tudo está bem
Devagar eu olho em minha volta e estou tão impressionada
Eu penso nas pequenas coisas que fazem a vida ser boa
Após um café
acompanhando Viola, a líder de Santalune
City, estávamos prontos para partir. Ela
não parecia muito contente em se despedir de nós, porque imagino que meu primo
fora o primeiro desafiante dela em semanas. Eu gostaria de desafiá-la, mas acho
que a Espurr ainda não tem experiência suficiente ainda, embora eu quisesse.
Nossa próxima parada seria Lumiose, e para ser sincera, eu estava muito animada pra isso!
Lumiose
parecia um sonho cada vez mais perto. A cidade mais famosa de Kalos, que reunia
de tudo um pouco, a selva de concreto dos sonhos das pessoas. Os cinco jovens
estavam a caminho dela, cada qual mais ansioso para a chegada da cidade repleta
de apelidos — cidade das luzes, cidade do amor, cidade da elegância — a não ser
por Charlie, o único que de fato já morou naquele lugar por grandes trechos de
sua curta vida.
A
Rota 4 do continente de Kalos era conhecida por ser uma das intersecções de
Lumiose, mas não apenas por isso, era um amplo jardim adornado por flores de
cores variadas, que vez ou outra atraiam Pokémons diferentes que viviam pelas
redondezas, ou que apenas passavam pelo ambiente pitoresco. O clima estava
agradável, ainda que discretamente um pouco mais quente que o normal.
Ainda
estavam no começo da rota, porém mesmo assim era possível sentir a suave
fragrância adocicada das flores no ar, o que fazia Serena se sentir cada vez
mais ansiosa por passar pela bela rota, enquanto que seu primo estava mais do
que pronto para chegar à cidade totalmente civilizada e industrializada.
Katheryn
vez ou outra aproveitava para fazer uma brincadeira, ou saía correndo na
frente. Foi numa destas distrações que pisou em falso, e sentiu uma dor
instantânea em seu tornozelo esquerdo, a fazendo soltar um gemido abafado de
dor, e se jogar sentada no chão. Todos se assustaram, e Aldrick correu para
socorrê-la:
—
O que aconteceu, Kath? — indagou, segurando em seu ombro.
Ela
apoiou nele e tentou se levantar, mas caiu mais uma vez antes de, por fim,
respondê-lo com a voz aguda desta vez contida:
—
Meu pé está doendo. — respondeu ela. — Acho que pisei de mal jeito.
Calem
começou a se desesperar, correndo de um lado para o outro. Cinco passos exatos
para a esquerda, cinco passos exatos para a direita padronizados, quase
ensaiados:
—
Céus, e agora?! — perguntou-se. — Estamos no meio do nada, longe da
civilização!! O que faremos?!!
—
Calem, estamos a apenas alguns minutos de Santalune. — retorquiu Charlie
coçando o queixo.
Sem
dar atenção a ele, o rapaz deixou sua mochila no chão e começou a vasculhá-la.
Entregou uma seringa na mão livre de Aldrick, e um mini serrote nas de Charlie.
Os amigos se encararam com dúvida, e retornaram seu olhar para a expressão
semi-confiante de Calem. Todos estavam quietos, até Charlie quebrar o silêncio:
—
Calem, que merda é essa?
—
Isso é um serrote. — respondeu com normalidade, apontando para o objeto, e
depois apontando para Aldrick. — E aquilo um anestésico.
—
O que você pensa em fazer com isso? — questionou ele.
—
Eu não vou fazer nada. — disse, tocando-o suavemente pelos ombros e o
empurrando para frente. — Você é que vai. Se amputar o pé dela, talvez…
—
Ninguém vai serrar ninguém. — interveio Aldrick, ao ver o desespero na
expressão de Katheryn. — Foi só uma torção, Calem. Pode se tranquilizar.
Ele
pegou de volta seus pertences e os depositou na bolsa com certa dificuldade de
fazê-los caber. Em seguida cruzou os braços e arqueou uma das sobrancelhas,
como se aguardasse uma solução, batendo o pé direito em um ritmo uniforme.
—
E o que faremos? — perguntou.
—
Vamos esperar o pé da Kath ficar melhor, e depois carregamos ela até o fim da
rota. — disse Aldrick se levantando, com o mesmo tom de voz calmo de sempre. —
Tudo bem?
Calem
estava prestes a concordar, porém se interrompeu:
—
Mas e se anoitecer? — disse, novamente entrando em desespero. — E se precisarmos
dormir de novo no…Chão! Eu já estou ficando sem estoque de álcool gel!!
—
As dezoito embalagens que você comprou ontem de noite já acabaram? — provocou
Charlie com um toque irônico.
—
Não me provoque, Charles. — respondeu o rapaz cerrando os olhos.
Um
novo confronto se iniciaria, no entanto Charlie notou falta de sua amiga, e
correu os olhos pelo lugar de forma superficial, a procurando:
—
Onde está a Serena?
Após
focar direito em movimentos não muito longe de onde estavam, percebeu a garota
em meio a um conjunto de flores avermelhadas, com todo o cuidado e delicadeza
para não pisar e esmagar nenhuma, embora fosse uma tarefa quase impossível. As
plantinhas davam na altura de seus joelhos, portanto ela se abaixava para
vê-las com mais detalhes, reparando em cada mísero milímetro projetado pela natureza.
Charlie
caminhou até ela enquanto Aldrick carregava sua companheira para um local com
mais sombra, onde pudesse descansar um pouco, mesmo sob seus protestos. Serena
sequer percebeu o amigo se aproximando, até que ouviu sua voz chamar por ela de
perto:
—
Serena, o que você está fazendo? — indagou ele.
Ela
o olhou nos olhos. Ele foi capaz de ver aquele brilho inocente em seus olhos,
como de uma criança fazendo as primeiras descobertas:
—
Olha quantas flores tem aqui! São tão cheirosas, Charlie, eu quero sentir o
cheiro de todas elas! — pediu, cheirando uma por uma.
Ele
formou uma expressão no rosto que sequer sabia definir. Charlie não sabia o que
sentira naquele momento, ou nos demais momentos quando estava com Serena —
seria piedade, por alguém tão puro e inocente?
A natureza é tão
mais bela que eu imaginava. Sempre admirei as flores do meu jardim na mansão,
mas olhá-las lá era algo totalmente diferente. Mesmo que alguém tomasse conta
delas, ou organizasse aquela rota, ainda era trabalho da natureza que elas
estivessem lá, sobrevivendo com sua delicadeza e beleza simples, mas cativante.
As pessoas tratam com tanta simplicidade, não entendo isso. Como pode ser
gerado algo tão perfeito como as flores, com um aroma capaz de relaxar a mente
pelos curtos instantes em que sentimos sua doce fragrância invadir nossos
narizes? Para mim é tudo tão fantástico…
Foi
quando ia pegar uma das flores que notou algo acima dela.
Um
bichinho mínimo, segurando o pistilo de uma das flores vermelhas que Serena
analisava. A garota pôde vê-lo com clareza por alguns poucos instantes, só foi
capaz de perceber seu corpo esbranquiçado e uma cauda esverdeada no lugar das
pernas. Uma coroa pequena feita de pólen jazia em sua pequena cabeça. Era
exatamente como as fadas dos livros que Serena lera.
Ambos
se fitaram por curtos instantes, a menina revelando uma expressão adorável:
—
Oi amiguinho. — cumprimentou com uma voz baixinha.
O
pequeno largou a flor e saiu voando pelo ar, ou talvez flutuando fosse o termo
correto. Era difícil dizer se era mesmo capaz de flutuar, ou se apenas era
levado pelas correntes de vento. Ela o acompanhou com os olhos, sorrindo:
—
Ei, volte aqui! — mandou.
A
criaturinha fugiu fazendo um trajeto ensaiado pelo ar, enquanto a menina
caminhava tranquilamente atrás dela, tentando conversar, embora não fosse muito
bem compreendida. Porém, para ela aquilo era muito divertido. Charlie, que
ainda estava próximo, ficou curioso:
—
O que foi, Serena?
—
Esse Pokémon, Charlie! — ela apontou com simplicidade, e o mesmo sorriso no
rosto. — Eu quero capturar ele!!
Ele
procurou um pequeno pontinho branco e movendo por entre as flores, e não
pareceu muito surpreso. Uma tarefa simples, a seu ver. Ele fez uma referência a
ela:
—
Pode deixar comigo, princesa, atenderei a qualquer pedido que você quiser. —
disse, alongando o pescoço. — Capturarei um Wailord se assim me for pedido!
—
Por hora só este estará bom. — ela deu uma risadinha. — Mas pode deixar que…
Antes
que pudesse terminar a frase, foi interrompida por seu primo, que àquela altura
pegou uma parte do assunto
—
É isso mesmo que meus ouvidos captam? — perguntou aos ventos, se voltando para
o rival. — Dê o fora, Charles, eu sou o primo mais velho, eu atenderei a tudo
que você quiser, Serena, é meu dever! — garantiu. — Vou capturá-lo para você,
não se preocupe!
—
Mas eu…
Teve
início a competição mais cômica da vida de Serena.
Nenhum
dos dois, mesmo com várias tentativas frustrantes, conseguia pegar Pokémon.
Charlie corria de forma tão acelerada que ultrapassava-o, já que o pequeno
descrevia parábolas no ar e movimentos artísticos, o driblando. Já Calem, com
toda a sua habilidade de ser desengonçado, não conseguia correr direito para
alcançá-lo, e menos praticidade ainda tinha para pegá-lo.
Ele parecia estar
tendo convulsões.
Calem
parou de correr, fuçando algo em sua mochila;
—
Hora de usar o mecanismo comum de captura, nada mais óbvio que isso. — pegou
uma Pokébola.
—
Você é louco? — indagou Charlie. — O bicho tem dez centímetros, você vai matar
ele esmagado com isso!!
—
Talvez isso também seja óbvio. — e guardou a Pokébola.
Charlie
correu a ponto de ultrapassar a fada, e começou a soprar o ar entre os dentes,
enquanto estalava os dedos baixinho:
—
Pssssst, aqui, aqui. — sussurrou alternando entre o som e as palavras.
O
Pokémon fada desviou, descrevendo uma curva completa no ar, dando um legítimo
“olé” em Charlie, que descansou os braços nos joelhos, arfando. Calem também
não parecia menos cansado.
Enquanto
isso, Aldrick caminhava para perto de sua amiga, que repousava encostada em um
arbusto e fitava os amigos com suas tentativas estranhas de captura. Ele se
agachou para ficar de sua altura, tocando no tornozelo de Katheryn. Ela
acompanhou o trajeto de sua mão com os olhos, e soltou um gemido de dor abafado
ao sentir o lugar dolorido sendo tocado.
—
Está melhor? — perguntou o loiro.
—
Olha pra minha cara e vê se eu to melhor. — respondeu.
—
Vou tomar isso como um “não”. — ele se levantou, suspirando, com as mãos
depositadas na cintura.
Foi
quando viu algo pequeno passar diante de seus olhos com considerável
velocidade, e voltar logo em seguida, flutuando a alguns centímetros de
distância de seus olhos. Lá estava o Pokémon fada. Ele deu um sorriso e ficou
parado para não assustá-lo, apenas emitindo uma voz baixinha:
—
Hm? Olá, pequeno. Mas que…
Só
teve tempo de ouvir um grito provindo de dois garotos em sua direção, que mais
pareciam uma manada de Tauros raivosos:
—
SAAAAAAI ALDRICK!
Calem
apenas ameaçou, mas Charlie de fato se atirou na direção do Pokémon, que
escapou sem dificuldades. Infelizmente Aldrick não teve a mesma sorte, e foi
quase esmagado pelo outro. Assim que conseguiu se levantar, o louro reclamou
pela primeira vez:
—
O que você pensa que está fazendo? — indagou.
—
Você tava aí dando sopa e fiquei com vontade de me atracar em você. — ironizou
Charlie. — Aquele Pokémon, eu preciso pegar ele.
—
É Flabébé, uma fada. — respondeu, enquanto o via voando pelo ar. — Algumas
fadas não gostam da companhia das pessoas, preferem protegê-las de longe.
—
Thanos, me ajude a enfraquecer o Flabébé! — pediu ele. — Use o Arm Thrust!
Sem
mais nem menos, o Pancham saltou para fora de uma sacola de pano que Charlie
carregava nas costas.
—
Esse bicho estava aí o tempo inteiro? — perguntou Calem.
—
Eu já disse que não tinha Pokébola. Onde você achou que ele ficava? — respondeu
ele como se fosse óbvio.
Porém,
Pancham sequer conseguia alcançar o Flabébé, que flutuava. E quando quase dava
um jeito de alcançá-lo, o outro era pequeno demais para ser empurrado no ar, o
que concluía mais uma tentativa inútil de capturá-lo.
—
Ótimo, gênio. — parabenizou-o Calem.
—
Use seu Pokémon então. — respondeu ele, recebendo um olhar de reprovação.
—
Apelou.
Flabébé,
entretanto, saiu voando na maior velocidade que conseguiu, e se enfiou no meio
das plantas, para que todos o perdessem de vista em meio às lindas e vermelhas
flores.
Serena
ainda estava em um canto reservado, olhando para as flores amarelas. Elas
tinham um aroma diferente das vermelhas, ela percebeu. Mas ainda estava se
decidindo qual das duas era mais bonita. Talvez ambas fossem lindas à própria
maneira, não dava para comparar o melhor. Será que alguma coisa nesse mundo é
melhor, sem uma referência precisa? Seus pensamentos foram cortados pela
aproximação de seu primo e do amigo:
—
Serena… Temos uma péssima notícia pra você. — disse Calem.
—
O Flabébé… Ele fugiu. — completou Charlie.
Ela
revezou o olhar para um e outro, mas não pareceu abalada. Ela deu um
sorrisinho, respondendo:
—
Tudo bem, meninos. Não precisam se aborrecer por causa disso. — falou, saindo
de lá. Antes disso, se virou para eles com um aviso. — Só que eu também teria
fugido se vocês tivessem corrido na minha direção assim.
Eles
se encararam, e de fato perceberam que haviam assustado — e muito. — o pobre
Pokémon.
Sem
outras alternativas, todos se sentaram na grama (com exceção de Calem. Calem
sentou encima de um pano, sobre um pano, sobre outro pano que estava sobre a
grama.) e apenas aproveitaram aquele ambiente, enquanto Katheryn reclamava
sobre sua dor no tornozelo. Os minutos se passavam, e no final das contas Calem
descobriu que tinha uma pomada para luxação, apenas não sabia a utilidade.
Aldrick esfregou o creme sobre a região da menina, que resmungou, mas aceitou.
—
Está doendo? — perguntou Aldrick.
—
Não. Um pouco. Aí tá um pouco. Tá bastante. Ai. Que droga, Aldrick, aí dói.
DÓI, CARAMBA, para de passar essa droga de pomada no meu pé!
—
Desculpe.
Calem
encarou os amigos.
—
Vocês já estiveram em Lumiose? Estou com grande receio desta cidade. — admitiu
ele.
Aldrick
balançou a cabeça, compreensivo.
—
Eu também estou. — respondeu calmamente. — Para alguém que morou em cidades
pequenas a vida toda, estar indo para a maior cidade de Kalos é assustador.
—
Que nada, parece super (já disse que aí tá doendo, caramba!) legal!! Passei
minha vida me divertindo em Azalea, mas aquero aventuras diferentes!! E nada
melhor que uma cidade dessas! Quem sabe não encontramos um sonho pra você, Ald?
—
Um sonho pra mim? — perguntou ele enquanto esfregava os restolhos da pomada nas
próprias mãos, sem convicção. — Não preciso de um sonho.
—
Nossa, você é entediante. Estou bocejando de conversar com você. — repreendeu-o.
— Olha, imagina quanta coisa legal não tem pra fazer! Ouvi falar que você pode
montar nuns Pokémons e sair cavalgando pela cidade! Imagina que chique!
—
Andar montado nos Pokémons (argh) é
opcional, não é? Diga-me que é opcional, por favor. — pediu ele.
—
Acho que sim, Calem. Acho difícil ter um desses Pokémons pra cada habitante
daquela cidade. — tranquilizou-o Aldrick. — Mas esta não é minha maior
preocupação…
Calem
balançou a cabeça.
—
Germes. — concluiu. — Eu te entendo, admito que estou morrendo de medo disso,
já que lá vai gente de toda Kalos, e tudo o mais.
Aldrick
deu uma risadinha.
—
Não, quem me dera fosse isso. — falou. — Grandes cidades trazem grandes
perigos. Em Santalune quase todo mundo se conhece, então todos sabem quando tem
algo errado ou alguém diferente. Mas numa cidade dessas…
Katheryn
interveio.
—
Vocês são uma dupla de covardes. Se alguma coisa ruim acontecer, eu desço o
primas-de-Azalea-jitsu nos perigosos.
Os
dois não evitaram uma risada pela maneira engraçada de falar.
—
O que foi? Querem ter um gostinho por agora, querem? — indagou ela os
desafiando, com os pulsos dançando no ar se preparando para uma luta.
Aldrick
olhou de relance para Charlie e Serena, longes.
—
Espero que vocês não me levem a mal — fez uma pausa, buscando as palavras
certas. — aliás, me sinto até mal por julgar assim, porque normalmente sou o
primeiro a condenar este tipo de atitude. E não é nenhum tipo de preconceito,
nem nada, mas…
—
Direto ao ponto, garoto. — interrompeu Katheryn fazendo gestos imitando estar
girando uma manivela imaginária com a mão direita.
—
Não sei o porquê, mas não confio no Charlie. — pareceu incômodo em proferir
tais palavras. — Me sinto mal por isso, ele parece muito honesto, e juro que
não é pelo fato de ele ter sido morador de rua em Lumiose… — novamente parou. —
É só que parece que tem peças faltando. Ele é tão aberto que parece fechado. É
como um livro de poesias aberto: Qualquer um pode ler, mas poucos entendem.
Calem
bateu a mão fechada na palma da outra mão.
—
Finalmente alguém me entende. — pareceu aliviado. — Serena inventou de confiar
nele quando saímos em jornada, e admito que não pensei em todos os perigos em
começar a andar com um estranho… Porém agora estou vendo como é idiota isso.
Não durmo direito há dias com medo de ele nos fazer alguma coisa. Porque Serena
é inocente demais para acordar para a vida, e eu sou… Não sou a melhor pessoa
para defender alguém, há de convir.
Katheryn
acenou com a cabeça.
—
Verdade, ele teria te imobilizado no chão antes que você dissesse a palavra “popô”.
— ela levou uma cotovelada de Aldrick.
—
Ele parece uma ótima pessoa. Se fosse necessário, ele já teria feito alguma
coisa pra vocês antes. — confortou o loiro. — Só digo para sempre manter um
olho aberto, se você não o conhece. Serena é uma garota impressionável, eu
sinceramente não quero estar presente quando ela perceber que os contos de
fadas não existem.
Calem
concordou, entristecido, olhando para a expressão encantada de sua prima ao
longe.
Enquanto
isso Charlie e Serena passaram a observar uma fonte, exatamente na metade da
rota, onde eles se encontravam naquele horário — cerca de três da tarde. A
fonte era bem mais bonita que a de Santalune. Dourada e feita de pedra, tinha
dois Horseas que “cuspiam” jatos de água que se cruzavam , e um Clamperl no
centro com grande quantidade do líquido escorrendo embaixo de si.
O
silêncio só não era total pelo som da água caindo e escorrendo. Os olhos de
Serena brilhavam com a cena, parecia surpresa por ver o líquido transparente
fazendo uma parábola no ar. Percebeu que a água era muito mais do que o simples
galão de água, ou as torneiras de sua casa. Ou até mesmo os rios. Ela quebrou
aquele som persistente:
—
A água não é perfeita? — perguntou, suspirando.
Charlie
direcionou seus olhos a ela, percebendo seu olhar encantado.
—
Perfeita? — respondeu com outra pergunta.
—
Ela é tão neutra que é perfeita. Transparente, líquida, faz bem pra saúde… Ela
está em todos os lugares. — explicou. Charlie ficou um tanto quanto sem
resposta.
—
Como você consegue achar que tudo é perfeito, princesa? — ele sorriu.
A
garota se virou para ele, séria:
—
Já disse para você parar de me chamar assim! — retorquiu. — E por que eu não
acharia que tudo é perfeito? Você não acha tudo perfeito.
Ele
ficou em silêncio por uns instantes, como se pensasse numa resposta adequada.
—
Nem todos provaram de todas as coisas boas da vida, algumas só tiveram a
oportunidade de ver seu lado… Obscuro… Sabemos interpretar que nem tudo é tão
perfeito assim. Tudo pode ser tão cruel como bem pode ser perfeito.
—
Ora, é apenas questão de ponto de vista. — falou. — Nada é igual a nada,
Charlie, cada célula é única, cada…
—
Na realidade não, — interveio Calem, de longe. — elas se reproduzem por mitose,
que consiste em uma cópia do material…
—
A conversa não chegou aí! — gritou Charlie, calando-o. — Prossiga, por favor.
—
Cada instante, cada momento é único. Somos montinhos de coisas únicas que nos
fazem ainda mais únicos. — ela explicava com gestos, empolgada, como uma
criança contando uma descoberta. — Nenhuma situação é idêntica a outra, isso é
perfeito. Todos somos perfeitos, você não acha? — perguntou, no final.
Charlie
evitou encará-la nos olhos, certamente incomodado.
—
O mundo não é como Santalune, Serena. — respondeu. — Ou como Aquacorde. Ou como
sua mansão em Vaniville. Lumiose tem coisas maravilhosas… — fez uma pequena
pausa para respirar, e deixou seu tom de voz mais grave. — Mas também esconde
muita coisa ruim. O mundo esconde muita coisa ruim.
—
Então é só fechar os olhos para as coisas ruins e olhar pelas boas… — falou ela
baixinho, bem como uma criança, quase tendo seus sonhos destruídos. — Não é?
Charlie
fez uma pausa tão grande que de fato a assustou. Foi como se seu cérebro
estivesse trabalhando a mil, mesmo que com aquela expressão séria no rosto. As
infinitas de possibilidades para responder, as inúmeras verdades que poderia
dizer. Mas sua sensatez escolheu as palavras, que enfim quebraram o som da água
caindo ao fundo. Foi a frase mais sinistra que Serena já ouvira de Charlie,
mesmo sendo exatamente aquilo que ela queria ouvir. Não pelas palavras, porém
pela relutância em dizê-las, pelo tom de voz carregado de negação, pelos olhos
que se recusavam a encará-la. E ela foi:
—
Sim, você está certa.
Eu senti várias
coisas naquela hora. Imaginei muitas coisas que Charlie poderia estar pensando,
e certamente “você está certa” não era uma delas. Naquele dia eu não teria como
entender o motivo dele estar mentindo, não imaginava que poderia ter dito
tantas coisas piores que aquilo. O porquê de ser melhor concordar comigo do que
falar a verdade. Mas o que eu descobriria pouco tempo depois era que eu
nunca estivera tão errada em toda a minha vida quanto naquele momento.
...
Já
era entardecer, e segundo Katheryn, seu tornozelo aparentemente estava melhor. Com um dos braços apoiados nos ombros
de Charlie e outro em Aldrick, ela tentou caminhar. Não demorariam muito mais
para chegar em Lumiose, no máximo uma hora, segundo os cálculos feitos. Serena
ainda estava hesitante desde sua conversa com o companheiro, que sentia-se
culpado pelo silêncio da garota.
A
menina parou para dar uma última olhada nas flores avermelhadas que a atraiam.
Estava mais escuro, o céu todo tingido em tons que variavam entre o laranja e o
preto. Ainda assim, ela conseguiu reparar em um mesmo pontinho branco se
esquivando e voando pela natureza. A criaturinha parou por um instante, ela
conseguiu ver: Era de novo o mesmo Flabébé.
—
Ele voltou. — disse ela com certa empolgação.
—
Pode deixar, Serena. — falou Charlie dando um passo à frente e deixando Katheryn
aos cuidados de Aldrick. — Desta vez ele não me escapa.
—
Idem. — concordou Calem.
—
Não, meninos. — repreendeu ela apoiando sua mão no peito dos rapazes. — Agora é
a minha vez.
Com
toda a doçura do mundo que apenas Serena conseguia usar, ela caminhou a passos
lentos como os de um anjo até o Pokémon. Em seguida, se agachou e arrancou uma
das flores vermelhas do chão. Cheirava
bem, pensou. Estendeu-a, como em um símbolo de trégua, e lançou um sorriso
verdadeiro. Não sabia se funcionaria, mas se de fato as fadas escolhessem as
pessoas com alma pura, Serena era hábil como ninguém a comandá-las.
Viu
o Flabébé se aproximando gradativamente. Ela não precisou dizer sequer uma
palavra, ou fazer mais nada. Foi simplesmente natural. Os amigos chegaram a
estranhar um pouco que algo tão básico e tão óbvio fosse mais efetivo que
persegui-lo: Se o Pokémon gosta de flores, por que não selar um acordo de paz
oferecendo-lhe uma flor?
E,
de fato, a pequena fada pousou na flor, se segurando em seu pistilo. Era
difícil deduzir se ele estava feliz, mas as circunstâncias indicavam que sim.
Sem mover a mão com a flor, puxou de sua bolsa uma Pokébola e aproximou da
criaturinha com delicadeza. Sequer precisou tocá-lo para que adentrasse a
esfera bicolor, e selasse a primeira captura de Serena em sua vida. O primeiro
de muitos Pokémons, esperava ela. Quando se virou para os amigos, tinha um
sorriso infantil que todos apenas aguardavam ela fazer. Um sorriso que conseguia
ser mais belo que o pôr-do-sol. Mais puro que a água.
—
Eu capturei mesmo um Pokémon! — ela comemorou animada.
E,
após aplausos, seguiram para seu próximo destino: Lumiose, onde surpresas bem
maiores que esta os aguardavam.