Capítulo 23
As Pedras do Passado
— Mas já estão de saída? —
perguntou Dustin.
O grupo já tinha suas mochilas nas
costas e, após um café da manhã reforçado no hotel, preparava-se para tomar o
caminho da próxima cidade. O líder substituto estava a abrir o
ginásio, onde todos o encontraram para uma despedida. Ele cumprimentou Mikala,
que respondeu, um pouco abalado:
— Nem me fala, cara, eu queria
ficar mais um tempo por aqui.
— Sóóó. — concordou o líder. — Mas
ei, se querem uma dica, vão para Shalour. É uma cidade interessante aqui no
litoral de Kalos. De vez em quando eles fazem um festival ou outro, e tem um
Ginásio também. — ele sorriu.
— Era exatamente isso que pensamos
em fazer. — assentiu Calem.
— Eu vou para Geosenge. De lá eles
poderão seguir a Shalour, que fica depois da Reflection Cave. — ponderou Ashley.
— Então é isso. — Charlie balançou
a cabeça.
Após uma despedida final, não havia
mais pendências na cidade. Serena ainda andava um pouco hesitante, pois via os
dedos apontando, e algumas vezes fora até interceptada para pedirem autógrafos.
Os amigos agiam com naturalidade, mas percebiam que ela já não estava mais tão
abalada quanto na noite anterior. Ainda assim, preferiam não arriscar comentar
muito sobre o tópico.
A saída de Cyllage ficava ao norte,
onde era um ponto relativamente mais tranquilo e afastado da cidade. Havia
pistas de bicicleta onde muitas pessoas se exercitavam por prazer, e de lá se
podia ver um encontro entre um córrego e o mar. Aquela área mais afastada e
rochosa da praia era utilizada principalmente por pescadores e alguns
treinadores. O grupo mantinha a conversa empolgados, atravessando uma última
ponte que marcava o final de Cyllage após um tempo de caminhada.
Serena olhou para trás e se
despediu mentalmente da metrópole.
Com o movimento da cidade
gradualmente diminuindo, em determinado ponto o barulho e a bagunça de Cyllage
ficaram para trás, com uma placa indicando “Route
10”. Agora eram apenas os sons da natureza, os inocentes e jovens
treinadores correndo para lá e para cá, indo ou voltando do urbano e treinando
seus Pokémon animadamente. O típico ambiente de aventura e jornada Pokémon.
Contudo, em determinado ponto, foi
como se tudo isso se extinguisse. Não havia mais nenhuma criança nos arredores,
e os sons de criaturas ao redor era quase nulo. Parecia que até mesmo o tempo
conspirava: o céu agora era encoberto por nuvens, ficando bem nublado. Todas as
mudanças foram tão sutis, que todos repararam só essa mudança quando o cenário
era totalmente diferente, mesmo que apenas poucos minutos de caminhada tivessem
se passado.
Ao virar o trajeto para uma outra
direção, se depararam com um ambiente estranho e ligeiramente macabro: uma infinidade
de rochas, quase do mesmo tamanho e formato, até onde seus olhos alcançassem,
dispostas em fileiras. A grama era mais alta e seu tom tornava-se amarronzado,
e naquele momento eles eram os únicos à vista nos arredores. Aos lados, havia
apenas mata fechada, de maneira que tivessem que percorrer aquele caminho de
pedras se quisessem chegar a Geosenge.
— Que lugar sinistro. — Charlie
quebrou o silêncio.
Todos ainda permaneciam parados,
observando tudo. Estavam em um ângulo em que podiam facilmente avistar como
tudo era belo e intrigante: as várias rochas dispostas em linhas, sem um motivo
aparente. Ashley respirou fundo, puxando um pequeno mapa de sua bolsa.
— Então é aqui. — ponderou.
— O que é aqui? — perguntou Mikala.
A garota começou a caminhar por
entre as pedras de maneira hesitante, sua expressão parecia ligeiramente
preocupada. Ela aproximava a mão, mas logo recuava, não chegando ao ponto de
tocar nenhum dos rochedos. Calem inclinou a cabeça, incomodado.
— Por que essas pedras estão
enfileiradas? — indagou.
Charlie foi dar um passo para trás,
e acabou esbarrando em uma das pedras. O garoto tornou a fitá-la, então,
reparando um detalhe que lhe passou despercebido. Um pequeno escrito no centro.
SIR ARCHY JACQUINOT
REPOSE EN PAIX
REPOSE EN PAIX
O rapaz prendeu a respiração por um
momento ao perceber que não se tratava de uma pedra comum, mas sim que
provavelmente representava um túmulo. Quando todos também notaram esse detalhe,
tiveram um pequeno susto ao olhar para frente e ver com outros olhos as centenas
de rochas idênticas enfileiradas. Era terrível a ideia de que todas seriam
sepulturas da mesma forma, uma vez que sequer poderiam contá-las de tantas que
eram.
— Exatamente. — disse Ashley quando a pergunta
aparentemente havia sido respondida.
A ruiva passou por entre algumas
rochas calmamente, refletindo. Um silêncio incômodo pairava no ar, de maneira
que apenas o som do vento balançando as árvores ao redor fosse audível, além
dos passos da menina pela grama alta.
— Aqui é o santuário dos Pokémon
que morreram na Grande Guerra, três mil anos atrás. — explicou ela, virando-se
para eles com uma expressão séria.
Serena tocou uma das rochas,
abatida.
— De repente aqui parece triste… —
comentou Mikala.
— São tantos… — ponderou a loura,
baixinho.
Charlie fitou algum dos túmulos por
alguns momentos, alongando o pescoço.
— Por que aconteceu essa guerra? —
perguntou.
Ashley voltou a caminhar entre as
pedras.
— Ninguém sabe ao certo. Não há uma
fonte segura para afirmar. — respondeu.
Serena sentia-se mal por, a
princípio, ter pensado que eram apenas pedras. Não se tratava disso. Cada rocha
representava algo, alguém que em algum momento respirava vivo como ela, com
sonhos e medos. Alguém que teve um final trágico na luta por um ideal que
talvez sequer concordasse. Alguém que perdeu tudo, e tornou-se mais um túmulo
em um santuário repleto deles, de forma que todos passassem e de início apenas
pensassem se tratar de rochas quaisquer, como a menina.
— Por que eu? — uma voz clara e diferente gritou, de maneira que
instintivamente Serena se virasse para os lados.
— O quê? — perguntou a Charlie.
Todos a fitaram, curiosos.
— Ninguém disse nada. — respondeu o
garoto.
A loura assentiu com a cabeça,
duvidosa. Olhou para os lados, mas estavam praticamente sozinhos naquele lugar,
por mais que procurasse entre pedras, árvores ou arbustos. Às vezes seus
pensamentos eram tão nítidos que ela podia confundi-los com o que acontecia ao
seu redor. Ashley continuava pensativa sobre o cenário em que se encontravam.
— Eram dois lados. Até que a Ultimate Weapon… A Arma Suprema,
colocou fim à guerra. — ela esticou os braços, abrangendo todo o campo à
frente. — E deixou isso.
Até mesmo Calem encontrava-se um
pouco cabisbaixo. O local parecia remeter a algo triste e macabro, como se o ar
ao seu redor pudesse trazer essa energia pesada àqueles que ousavam se
aproximar. Ashley abriu sua bolsa e pareceu vasculhar por algo. A ruiva tirou
uma pequena esfera e pressionou um botão, a fazendo ampliar de tamanho e
permitiu que abrisse, revelando uma pequena criatura, enquanto todos ficaram
levemente surpresos. Tinha uma cabeça maior que seu corpo, e além do tom roxo
de sua pele, parecia trajar um vestido preto e branco com laço. Era Gothita,
uma espécie não muito frequente em Kalos, típica de Unova.
— Que coisa mais linda! — exclamou
Serena.
— Achei que você não gostasse de
Pokémon. — disse Calem, com um sorriso de canto.
— Eu disse que não via graça no sistema
de batalhas. — ela segurou a criatura nos braços. — Não que não gosto de
Pokémon.
Ela permitiu que a pequena
começasse a vagar pelo ambiente. Gothita parecia se concentrar, fechando seus
grandes olhos e meditando. Os outros olharam intrigados enquanto ela fazia
isso.
— Pokémon psíquicos são mais
sensíveis a energias que não podemos ver. — disse a ruiva. — Se a Gothita
conseguir sentir algo aqui…
— É para sua pesquisa? — indagou
Calem, lembrando-se de sua conversa com a menina.
A garota fez um sinal com a cabeça,
sorrindo e confirmando a hipótese. O Pokémon de fato parecia sentir algo
intrigante naquele ambiente até então hostil e sombrio. Após alguns minutos
nesse ritmo, Charlie sentiu um calafrio, balançando a cabela.
— Podemos deixar a visita ao
cemitério para um outro dia? Eu queria realmente chegar logo em Geosenge. —
murmurou.
— Que seja. — Ashley revirou os
olhos. — Posso voltar aqui quando vocês forem embora.
O grupo voltou então à caminhada,
tentando mudar de assunto. Com o tempo o cenário tornou-se trivial, e o fato de
ser tão homogêneo permitiu que logo pudessem focar na conversa e tentar e
ignorar o ambiente. Serena ainda ficava com a cabeça longe, como se não
conseguisse se desgrudar daquele local, e a todo momento sentia como se precisasse
permanecer lá por mais um tempo.
Quando viu o final da rota,
finalmente pôde respirar aliviada. Um grande portal de pedra instruía o grupo
de que Geosenge Town enfim havia
chegado, e com isso haviam alcançado em poucas horas seu destino. O Hotel Marine Snow era o menor dos hotéis
mais relevantes de Kalos, uma vez que a cidade era tão pequena que mais parecia
um vilarejo. Contudo, devido à sua importância histórica, era uma localidade
que chamava a atenção de turistas interessados na história do continente.
Charlie jazia deitado em uma das
camas do quarto enquanto aguardava os primos resolverem as pendências da
reserva. Como de praxe, ambos se ofereceram para bancar a estada de todos,
ainda que os amigos por educação se opusessem. O garoto tinha em sua mão um
objeto em que não mexia sempre: o Holo
Caster, que receberam de um amigo do Professor Sycamore em Lumiose.
Charlie acessou a configuração de
notícias, e uma moça de cabelos róseos e óculos transmitia algumas das
principais manchetes do dia. Ele utilizava aquilo apenas para fazer som no
ambiente, mas passou a prestar atenção quando seus ouvidos captaram uma
informação que julgou importante:
— …e ontem tivemos a vitória da filha única de Stevan Windsor em um Pokémon
Showcase da cidade de Cyllage. Apesar de
não ter sido unanimidade entre os juízes, ela venceu em disparada no voto
popular da segunda rodada, tornando-se…
Ele mudou o aparelho para outro
tópico qualquer ao ouvir passos de alguém se aproximando e tentou fingir
naturalidade. Calem e Serena entraram no cômodo, prontos para deixar seus
pertences. O garoto puxou assunto, sem encarar Charlie, focado na atividade:
— O que você estava vendo? —
perguntou, indicando o Holo Caster.
— Nada. — respondeu o outro, como
se nada tivesse acontecido.
— Achei que tínhamos combinado de
não ficar xeretando essa coisa. — ele falou, apontando novamente.
— Eu estava entediado. — Charlie
desligou o aparelho e o colocou em uma bancada.
— Por que não procura algum shampoo
para roubar do banheiro do hotel? — sugeriu Calem. — Isso me lembra aquele cara
estranho amigo do Professor. — murmurou.
Charlie ajeitou-se em sua cama
sobre uma montanha de travesseiros, esticando as costas e colocando os braços
atrás da cabeça, folgado.
— Esse hotel não é tão confortável
quanto o de Cyllage, mas posso me acostumar. — bocejou, metido.
— Não pode não. — retorquiu Calem
arrancando seu travesseiro e batendo nele como se para tirar o pó. — Amanhã já
partiremos para Shalour, onde conquistarei minha terceira insígnia.
Serena deu uma risadinha.
— O que foi? — indagou Calem,
arqueando uma sobrancelha.
— É engraçado ver você falando que
vai ganhar uma insígnia. — ela apenas comentou, com um tom brincalhão. — Eu
sabia que você seria um bom treinador.
Os dois sorriram. Calem ficou
levemente corado, preparando algo para disparar tentando enfraquecer o discurso
da prima. Contudo, não falou sequer uma palavra, apenas permitiu que a ternura
do momento ficasse dessa forma. E por algum motivo gostou de não rebater, pelo
menos desta vez. Enquanto isso, Mikala caminhava pelo corredor indo ao quarto
dos meninos, esbarrando com Ashley, que saía do outro quarto. O garoto a
interceptou, vendo-lhe dirigir seus grandes olhos acinzentados sérios, como se
aguardasse por algo sem expectativas.
— Ei, Ash. Eu estou pensando em
seguir com eles depois disso. — falou ele, tímido. — Você vai ficar aqui mesmo,
e eu quero ir ao próximo ginásio.
Ashley ficou por um momento em
silêncio, mas logo reagiu balançando a cabeça e as mãos.
— Claro, não tem por que me avisar,
nem viajamos juntos. — ela deu de ombros, satirizando.
O garoto assentiu e voltou seu
caminho até o quarto. Ela também preparava-se para continuar o trajeto, mas
soltou por acidente algo quase como um sussurro, baixo, que parecia escapar de
si mesma instantaneamente e sem qualquer controle. Ela esperava que ele não
ouvisse.
— Mas sabe…
Mikala parou de andar e virou-se
para ela. A garota continuava de costas ainda, de maneira que não pudesse ler
sua expressão. Vários segundos passaram nesse vácuo de palavras, como se o
começo da frase fosse instintivo, e a menina sequer pensara em como terminá-la.
Contudo, sua voz continuou, meticulosa como sempre sem qualquer hesitação
perceptível, ainda que não pudesse ver seu rosto:
— …eu não devo passar de alguns
dias aqui. Preciso pegar algumas coisas em Lumiose, e lá também tem um ginásio
funcionando. — ela fez uma nova pausa. — Se você quiser…
— Vou esperar com você então. — ele
respondeu de prontidão, com um sorriso, como se a salvasse de precisar
continuar falando. — Posso ir treinando até lá.
Ela virou-se dessa vez e assentiu
com a cabeça, simplesmente. Quando achou que havia acabado, ouviu o som de
passos voltando atrás de si, e de prontidão já disparou:
— Nem pense nisso.
Era tarde demais. Mikala afagou-a
em um abraço, embora a ruiva parecesse resmungar e se debater negativamente, ele
continuou, dando risada. Ela bufou, reclamona:
— Eu já estou me arrependendo…
...
A noite chegara em Geosenge.
Diferente de Cyllage, a cidade do interior não tinha o som dos carros ao fundo,
tampouco o doce barulho das ondas chegando à beira da praia. Os ruídos da
natureza e das criaturas noturnas lembrava um pouco as primeiras cidades da
jornada, que com o passar das horas ficavam cada vez mais vazias e silenciosas,
como uma vila que se preparava para o dia seguinte de trabalhos.
O Hotel Marine Snow tinha seus corredores vazios, e praticamente
todos os quartos estavam inundados no silêncio. Calem dormia em sua cama
forrada tranquilamente, com uma máscara de dormir e tampões de ouvido, tentando
ignorar os roncos de Charlie e Mikala. Ashley não estava no quarto, provavelmente
se encontrava em alguma área do hotel onde pudesse trabalhar sem acordar
ninguém. Serena revirava-se em sua cama, mas não conseguia pregar os olhos.
Sentia um incômodo que a fazia virar para lá e para cá incessantemente,
perturbada.
A garota ficou de barriga para cima
a fitar o teto, respirando um pouco ofegante. Tomou coragem e se levantou do
colchão, procurando suas roupas. Vestiu de maneira ágil com apenas a luz do
banheiro acesa, e abriu a porta do quarto com toda a cautela do mundo. Se não por
uma recepcionista que tentou interceptá-la, nenhuma alma parecia vagar pela
madrugada além da menina.
Ela abriu as portas do hotel e
olhou para os lados. Ninguém se arriscava a sair àquele horário. A garota
ignorou o vento frio que soprava e seguiu seu caminho, sozinha. Não havia muita
iluminação que pudesse guiá-la, mas não foi difícil encontrar o portal de
entrada da cidade. Serena seguiu por ele e logo encontrou a placa “Route 10”. A menina continuou
caminhando, aumentando a frequência dos passos.
A loura parou de andar em
determinado momento. Havia avançado bastante na rota, e seus olhos agora se
adaptaram o suficiente à escuridão para conseguir enxergar ligeiramente onde
estava. Ela agachou, como se para recuperar do cansaço, seus joelhos tocando a
terra fria e a grama incômoda. Sem saber dizer exatamente o porquê, começou a
chorar. Ela havia segurado as lágrimas a partir do momento que pisou pela
primeira vez no local, e agora finalmente elas lhe escapavam sem conseguir
explicá-las, espontaneamente.
A garota segurou uma das pedras que
representava um túmulo, e ficou encostada enquanto percebia as gotículas escorrendo
em seu rosto e caindo na rocha. Havia um silêncio quase absoluto, apenas o
vento nas árvores e alguns sons de mato sendo remexido ao longe podiam ser
percebidos, mas na cabeça da menina, era como se um turbilhão estivesse
passando. De olhos fechados, ela ouvia tudo.
Parecia
o barulho de metal estalando, como se duas espadas se chocassem. Havia muitos
sons de vozes, mas todos abafados, eu não conseguia distingui-los, mas era como
se bradassem. Como se estivesse sonhando, o cenário mudou sem mais nem menos,
de maneira que eu só conseguisse reparar que estava lá quando tudo parecia
diferente. Muitas sombras, muitas imagens borradas de pessoas.
—
Não podem! — uma voz ecoou, e eu agora enxergava com mais clareza um lindo
palácio, mesmo que não soubesse de onde vinham as vozes.
—
Vossa majestade, receio que não tenhamos escolha. — disse uma segunda voz. — O
povo clama que ela seja convocada para a Guerra bem como todos os demais.
Uma
pausa.
—
Se algo acontecer com ela, eu jamais me perdoarei. — essas palavras pareciam
saídas com muita dor, um pesar imenso na voz de quem dissera, provavelmente o
primeiro homem do diálogo. Sem eu saber onde estava, apenas pelo tom com que ele
conversava parecia descontrolado, impaciente, nervoso, enfrentando um dilema
imenso.
—
Faremos todo o possível para protegê-la. — a segunda voz disse, mas as palavras
pareciam tão vazias, uma promessa tão grande e tão perigosa que senti um frio
na espinha de desconfiança e questionamento. O ambiente tornou-se mais turvo, e
aos poucos o palácio desaparecia, dando lugar a uma escuridão sem fim, e quando
percebi, os sons ao meu redor eram mais reais que nunca.
— Quem está aí? — a garota gritou.
Ao longe, conseguiu ver uma sombra
se levantando. Ela levou um imenso susto, mas não parecia ser uma figura
ameaçadora. Era um garoto um pouco mais alto que ela, e foi apenas o que pôde
deduzir. Não conseguia imaginar o que ele fazia naquele lugar àquele horário,
mas o garoto apenas começou a caminhar para longe, silenciosamente, como se
nada tivesse acontecido.
— Quem é você? — gritou Serena, sendo
seguida pelo silêncio desesperador da rota. — O que você está fazendo aqui?
Serena começou a caminhar atrás
dele, mas naquela escuridão conseguiu perdê-lo e sequer podia dizer se ainda
continuava lá. Quando se deu conta, a menina estava sozinha em meio àquela
rota, e sentia um vazio perturbador como em nenhum outro lugar. Por que aquele
ambiente mexia tanto com ela?
— Serena!
A garota se virou, e encontrou
Charlie e Calem ao longe, com uma lanterna. Os dois estavam com suas roupas de
sempre, mas com o cabelo desgrenhado, permitindo que se percebesse que
praticamente pularam da cama ao descobrirem que havia saído. Os dois seguiram
em direção à menina, que parecia mais tranquilo em vê-los.
— Qual a graça que vocês veem em
sair no meio da madrugada atrás de lugares assombrados? — resmungou Charlie
para o companheiro.
De repente, antes que chegasse
perto da amiga para que ela se explicasse, um som alto pôde ser ouvido, que os
fez tomar um susto. Grandes pedras esféricas começaram a rolar entre o trio.
Começaram a tomar forma, revelando uma cabeça e braços. Serena puxou sua
Pokédex, e logo ela exibiu dados daqueles Pokémon. Tratavam-se de vários
Golett, Pokémon originários de Unova e de origem extremamente antiga.
Os Pokémon
começaram a avançar na direção dos dois garotos, quase ignorando a presença de
Serena. Em reflexo, os dois puxaram suas Pokébolas dos bolsos, ficando em
posição de batalha também. Charlie olhou para o amigo e arqueou uma
sobrancelha, se divertindo.
— Não creio, finalmente
trabalharemos em equipe, “Cal”? — provocou.
— Você vai é me atrapalhar. —
resmungou Calem, bocejando, mas não escondendo um sorriso.
Charlie soltou uma risada e
arremessou sua Pokébola. O companheiro não ficou atrás, repetindo o gesto.
— Skiddo, nos ajude aqui.
— Tyrunt, saia.
Serena podia não ter dito nada, mas
aquele momento a empolgou. Ela nunca havia visto antes seu primo e Charlie
trabalharem juntos, e com certeza uma das únicas coisas que tinham em comum era
o fato de quererem sempre protegê-la. Calem trouxe para a batalha seu Pokemon
fóssil, que logo que entrou se colocou em posição de luta, abrindo a grande
mandíbula. O amigo mostrou uma criatura que nem sempre aparecia no campo de
batalha, um Skiddo que já havia resgatado tanto ele quanto a garota em outra
ocasião.
— Razor Leaf, parceiro. — instruiu Charlie.
— Stealth Rock, para começar. — acompanhou Calem.
Tyrunt golpeou o chão e disparou
diversas rochas em torno dos dois, preparando o campo de batalhas. Alguns
Golett que avançaram tropeçaram e foram afetados pelos pedregulhos levantados
ou disparados contra eles. Skiddo não ficou atrás, atirando diversas folhas de
seu corpo e atingindo em cheio os Pokémon, causando grande dano por serem do
tipo solo.
— Quem diria? Achei que iria tentar
usar seu Pancham e não conseguiria acertar os fantasmas com seus golpes
lutadores. — caçoou Calem.
— Até que eu dou para o gasto, né.
— comentou o companheiro, dando de ombros.
Calem sorriu,
— O.K., Tyrunt, utilize o Bite. — pediu o treinador.
O Pokémon avançou contra um dos
adversários, enquanto outro atacava Skiddo. O golpe parecia coberto por uma
energia obscura, um Shadow Punch.
Outro dos Golett saltou e golpeou o solo, utilizando o Magnitude, porém, aparentemente cuidou para que o golpe não fosse
forte demais, causando poucos tremores e apenas num raio pequeno de distância,
ainda assim afetando o Pokémon de grama.
— Synthesis e depois Vine Whip!
— solicitou Charlie.
— Bite mais uma vez!
Skiddo concentrou-se e fez com que
sua parte planta começasse a brilhar. Apesar do ataque não ser tão efetivo
durante a noite, foi suficiente para que se recuperasse um pouco de sua
energia, e em seguida lançasse mais uma sequência de folhas contra o grupo
adversário. Tyrunt avançou, mordendo-os e também nocauteando mais alguns. A
batalha era tranquila, contudo, quanto mais Golett eram derrotados, mais
pareciam surgir na rota, encurralando-os, enquanto olhavam Serena sozinha ao
longe.
— Charlie! Calem!
Os dois se viraram, e depararam-se
com Mikala e Ashley se aproximando. A garota carregava consigo uma lanterna
também, permitindo que vissem melhor o ambiente ao redor. Charlie sorriu:
— Acordamos vocês? — falou,
brincando.
— Tá brincando? Vocês querem ficar
com toda a diversão! — exclamou Mikala empolgado, puxando suas Pokébolas.
— Eu gosto de estudar de madrugada,
mas não era exatamente isso que eu tinha em mente. — balbuciou Ashley.
— Vá atrás da Serena! Nós cuidamos
da área aqui. — disse Mikala, apontando para a menina, metros à frente, atrás
de todos os Golett.
Charlie assentiu com a cabeça e
olhou para seu Skiddo. O Pokémon o fitava com seus grandes olhos negros.
— Sei que você não gosta muito de
fazer isso, mas pode quebrar meu galho dessa vez? — pediu.
A criatura pareceu concordar e
abaixou sua cabeça. Charlie subiu nas costas do Pokémon e se ajeitou. Em
seguida, fez um sinal, e o Skiddo começou a correr atrás da menina. Ele se
desequilibrou com o movimento repentino, mas logo apoiou-se nos chifres da
criatura e conseguiu ganhar velocidade, desviando dos adversários e criando um
caminho até sua amiga.
— Não acredito que eu realmente
levantei da cama para entrar em uma batalha Pokémon. — resmungou Ashley,
puxando uma Pokébola.
— E eu nunca imaginei que veria
essa cena. — provocou Mikala, sorrindo com os dentes.
— Aproveite, porque não vai ver de
novo tão cedo. — ela revelou um pequeno sorriso de canto, quase que invisível
àquela escuridão.
— Deve estar com as Pokébolas
empoeiradas. — ele provocou, fazendo-a ficar sem resposta de início, soltando
um risinho. — Froakie, Fletchling, vamos!
— Elgyem, vamos desenferrujar.
Mikala revelou em uma de suas
Pokébolas um companheiro já conhecido, Froakie, pronto para a luta. De uma
outra Pokébola revelou-se um pequeno pássaro, que pousou próximo do
companheiro, saltitando. A ruiva invocou uma criatura misteriosa, que começou a
fazer sons mecânicos e a piscar luzes quando entrou em campo, iluminando seu
corpo verde aparentemente robótico. Mikala soltou um grito de espanto.
Froakie and Fletchling by Xous54 |
— Caraca, que legal! Onde posso
pegar um desses?
— No espaço. — respondeu ela,
direta, deixando-o sem resposta.
— Vocês vão ajudar ou ficar batendo
papo? — resmungou Calem, um pouco distante.
Os dois ficaram em silêncio por um
instante, abrindo um pequeno sorriso.
— Froakie, utilize o Water Pulse! Fletchling, Peck!
— Vamos iniciar com o Confusion!
O sapo concentrou-se no ataque, e
disparou um pequeno vórtex de água, atingindo vários Golett. Fletchling cortou
o ar com suas asas e golpeou um outro com seu bico, afetando-o fortemente com
sua habilidade voadora. O Pokémon psíquico estendeu uma mão e fez vários
“bipes”, acendendo e apagando luzes azuis até disparar uma onda de energia que
deixou alguns dos inimigos perdidos.
Enquanto isso, Charlie avançava até
Serena. Calem e os outros conseguiam abrir caminho com seus Pokémon, permitindo
que o garoto alcançasse a amiga. Além disso, seu Skiddo era capaz de sentir as
emoções do treinador quando ele o segurava pelo chifre, e percebia como
alcançar a menina era importante, de maneira que encontrasse forças para
acelerar e desviar dos outros Golett.
— Serena! — gritou o garoto.
A menina novamente estava
ajoelhada, segurando-se a uma das sepulturas. Ela se virou quando o rapaz
chamou, e seu rosto estava inchado, como de alguém que chorara muito pouco
tempo atrás. Dois Gollet apareceram tentando impedir que o rapaz chegasse até
ela, afetando-o no caminho
— Vine Whip, amigo! — pediu.
O Pokémon invocou dois grandes
chicotes de planta e golpeou os adversários, os confundindo e afastando o
suficiente para que Charlie chegasse até Serena. O rapaz tentou não se assustar
com o estado em que a menina se encontrava, aos prantos, e apenas puxou-a pelo
braço, mas ela não levantou de início como esperado.
— Você está bem? — perguntou, se
abaixando também.
— Estou. — ela respondeu, limpando
o rosto.
— O que você está fazendo aqui? —
indagou.
— Charlie, tem algo muito errado
com esse lugar. — ela falava. — Ele faz eu me sentir muito… Estranha.
— Então vamos embora! — respondeu
ele se levantando com enorme simplicidade, a puxando.
Mais uma vez ela resistiu.
— Não! Eu quero entender o que é
isso. Por que esse lugar é tão importante? — questionou ela.
Charlie novamente se abaixou na
altura da amiga.
— Princesa, eu sei, mas vamos fazer
isso de manhã. — pediu. — Agora não é uma hora de vir ao cemitério resolver
mistérios.
Ela apontou para a frente quando os
dois Golett retornaram para atacá-los. Como um reflexo, o rapaz pediu auxílio a
seu Pokémon.
— Skiddo, nos ajude com o Razor Leaf.
O pequeno bode invocou mais folhas,
arremessando-as contra os inimigos e conseguindo afastá-los ligeiramente. A
menina sorriu desta vez, satisfeita.
— Faz tempo que eu não o vejo em
uma batalha.
Charlie apenas sorriu de volta.
Contudo, com a pequena distração, um dos Golett conseguiu avançar, preparando
um Shadow Punch que com certeza
mirava no garoto. Serena puxou rapidamente uma Pokébola de seu bolso e
arremessou para a frente, quase que instintivamente.
— Goomy, use o Protect!
O pequeno dragão saiu da esfera em
um conjunto de raios prateados e invocou uma parede de energia invisível à sua
frente, que reluziu com a luz do luar. O golpe do Golett não conseguiu
atravessar a tela protetora, impedindo que Charlie fosse afetado. O garoto se
protegia com os braços até perceber que não era mais necessário, uma vez que
despistou o golpe.
— Estamos quites? — perguntou
Serena se levantando.
— Com certeza. — respondeu ele, com
a cabeça.
Calem continuava no combate, porém,
já estava em um momento delicado. Um dos Golett golpeou seu Tyrunt com o Mega Punch, deixando-o muito mais
enfraquecido. O garoto puxou sua Pokébola de volta, apontando para o
dinossauro:
— Tyrunt, bom trabalho. Agora
retorne. — e guardou a esfera, puxando outra. — Honedge, vamos nessa.
Naquele instante, não muito mais
atrás, Froakie utilizava um jato de bolhas para afastar a horda ao redor.
Fletchling complementava o ataque, conseguindo escapar sempre pelo ar e
mergulhar ocasionalmente para golpear com o Peck.
Elgyem estendia seus braços e lançava intensos raios de energia, o Psybeam, que apesar de não tão efetivo,
auxiliava a enfraquecer o inimigo. Calem apontou para seu Honedge, após a criatura
entrar no campo de batalha.
— Use o Pursuit!
A espada encarou o inimigo e
preparou-se para avançar. Contudo, nitidamente foi possível percebê-lo recuando
e ficando estático no campo. Calem inclinou a cabeça em direção ao ombro,
intrigado, e esperou alguns instantes para ver se acontecia algo, mas Honedge
permanecia parado na mesma posição. Ele contestou:
— O que foi? Eu pedi para atacar. —
reforçou, com receio de não ter sido ouvido.
A espada continuou parada, apenas
se virou para seu treinador, fitando-o, e voltou para a mesma posição. Calem
sentia como se parecesse querer dizer algo, mas não conseguia adivinhar o que
era. Além disso, se nenhum movimento fosse executado, logo os adversários
poderiam avançar primeiro e derrotá-los. Contudo, perceberam um tremor além do
normal. Alguns Golett recuaram, e logo perceberam que havia algo errado.
— O que é isso? — sussurrou Calem.
Uma criatura apareceu da escuridão,
se aproximando. Assemelhava-se aos Golett, mas era metros mais alto. Sua
fisionomia era tão grande que parecia um grande guerreiro com uma armadura
reforçada. Era um Golurk, evolução de Golett e um Pokémon ancestral de grande
força. A forma com que fez alguns menores recuarem pareceu mostrar certa
hierarquia, como se fosse o líder que até então estivera ausente da batalha, e
agora que via problemas mostrava sua cara.
— É um Golurk. — ponderou Ashley.
A criatura levantou sua enorme mão
para o alto, preparando-se para um ataque. Seria um Dynamic Punch, que com certeza causaria grandes danos em quem quer
que fosse acertado. Todos se colocaram em posição de batalha mais uma vez para
derrotar o adversário, mas Ashley parecia incomodada, refletindo sobre o
fantasma.
— Algo está errado. Golett e Golurk
são criados para proteger pessoas e Pokémon. — disse. — Mas eles não param de
nos atacar.
— É um Pokémon selvagem, é isso que
eles fazem quando você está no território deles. — disse Mikala em resposta.
— Não me refiro a isso. — ela
rebateu. — Eles estão organizados, e só há criaturas da mesma espécie. Isso deve
significar algo.
Os outros absorveram as palavras,
mas voltaram a combater, pois não haveria muito tempo para tentar explicar o
que acontecia. Serena era levada de volta por Charlie pela mão, na companhia de
seus Pokémon, mas tinha a mente em outro lugar, nas palavras de Ashley, tentando
entender o que tudo aquilo poderia significar.
— Quando você está no território
deles… — repetiu a garota para si mesma. — É isso!
Ela parou de correr, e Charlie
consequentemente também foi obrigado a parar.
— Eles estão protegendo aqui… O
santuário. Talvez eles sejam sobreviventes da Guerra, ou algo do tipo. — falou
a menina.
Ashley coçou a cabeça, ao longe.
— Golurk são criaturas bem
ancestrais. Isso é possível. — raciocinou.
— Era isso que você tentou me dizer?
— indagou Calem a Honedge, e embora não ouvisse uma resposta, foi capaz de
imaginar.
— Provavelmente tem mais coisas aí,
mas isso significa que não adianta tentar lutar contra, se sairmos daqui
pararemos de ser atacados. — disse a ruiva.
— Mas por que eles só atacaram
quando nós entramos, e não a Serena? — indagou Charlie, gritando.
Antes que uma resposta visse, o
Golurk avançou, atingindo Honedge com o Shadow
Punch.
— Vamos tentar voltar sem fazer
mais estragos. — disse Calem, quase perdendo a calma.
Charlie começou a puxar Serena
novamente com mais força, mas a garota resistiu, evitando sair do lugar. Ele a
encarou, um pouco impaciente:
— Serena, nós precisamos ir agora!
Você os ouviu!
— Charlie, eu quero tentar falar
com o Golurk. — murmurou a garota.
— O quê? — inquiriu ele
instintivamente, mais alto que gostaria. — Não, óbvio que não.
— Charlie, talvez ele entenda que
nós não queremos fazer nada de mal. Me deixe tentar, pelo menos. — implorou
ela.
O rapaz encarou a criatura imensa,
que os amigos tentavam conter, sem muito sucesso. Olhou novamente para a amiga,
e viu seus enormes olhos azuis suplicantes, enquanto sua mão fria parecia
tremer ligeiramente. Ele fechou os olhos com força se a soltou, com uma
expressão de desagrado.
— Por que eu ainda concordo com
essas ideias?
A garota foi então correndo até a
criatura, posicionando-se atrás dele. O Golurk virou-se vagarosamente em
direção a ela, e apesar do tamanho intimidador, Serena não conteve suas
palavras.
— Nós não queremos causar nenhum
mal… Só queremos…
Contudo, a criatura levantou seu
braço gigante em direção ao ar. Aquilo seria, sem dúvidas um Hammer Arm. A garota congelou, seus pés
pararam de responder por um instante e a brisa da noite parecia mais fria que
nunca, fazendo-a se arrepiar por inteira. Um golpe daquela magnitude seria
suficiente para causar um grande estrago, mas além de não conseguir se mexer,
ela sentia que deveria permanecer ali, para provar seu ponto.
De repente, sentiu algo a acertando
antes de ver o braço do Golurk descer em sua direção, e logo depois ouviu um
estrondo imenso e percebeu o Pokémon com uma cratera enorme onde desferiu o ataque.
Mikala conseguira saltar junto da garota e a afastar do golpe nos últimos
instantes, por sorte. Ele logo se levantou e checou se ela estava bem.
— Acho que não deu muito certo… —
murmurou ela, gradualmente se levantando e apenas passando a mão por alguns
arranhões leves.
O Golurk se recuperou do ataque e
virou-se para os dois. Froakie colocou-se à frente de seu treinador para
protegê-lo de qualquer golpe que viria a seguir, sem se intimidar pelo
adversário tão maior e mais experiente. Mais uma vez ele se preparou para
golpear com o Shadow Punch, e apesar
do Pokémon sapo ser ágil, não conseguiu realizar uma evasiva perfeita, sendo
arremessado contra o chão.
— Froakie! — gritou Mikala,
correndo até seu Pokémon.
O garoto abaixou-se na altura de
Froakie, e o Pokémon parecia quase inconsciente. Golurk, todavia, preparava-se
para um novo golpe, estendendo um braço para um novo Hammer Arm. Contudo, enquanto Mikala, aturdido, tentava levantar
seu protegido, percebeu-o sendo tomado por uma luz prateada que subitamente o
assustou. Logo ele notou Froakie tomando uma forma maior, e um guerreiro em
novo estágio evolutivo se posicionava à sua frente.
—…Frogadier. — ponderou o garoto
por um momento, sem reação, em seguida estampando um imenso sorriso.
O Pokémon recém-evoluído
levantou-se, suficientemente confiante. Com suas patas maiores, foi capaz de
invocar uma esfera que mais parecia líquida, totalmente feita de água.
Surpreendentemente, conseguiu conter movimento do Golurk, e com o contato,
criou um vórtex aquático que afastou o golem e o desestabilizou, sem chegar
perto de pará-lo, todavia.
Mikala e Serena aproveitaram a
oportunidade para correr em conjunto do Pokémon recém-evoluído. O garoto
parecia imensamente realizado, elogiando seu companheiro, enquanto os demais
também se mostravam surpresos. Todos voltavam na maior velocidade em direção ao
hotel, vendo os Golett e seu líder ficando para trás. Serena virou-se uma
última vez para aquele imenso santuário, vendo os guardiões os encarando, ao
longe.
Novamente
o mesmo palácio, e sombras indecifráveis passando a todo o momento. Muitos sons
misturados, mas principalmente murmúrios e lamúrias abafados pareciam ser
lançadas do mesmo sujeito o qual eu já ouvira anteriormente. Eu conseguia ver
ao longe uma pequena caixa, tão pequena quanto uma caixa de sapato, feita de
madeira e perfeitamente geométrica. Alguém parecia agachado sobre ela, mas eu
não conseguia notar qualquer detalhe.
—
Eu sabia que não deveria ter permitido que isso acontecesse, eu sabia! Você não
deveria ter ido. — era a única coisa que eu ouvia, repetidamente e em um tom
tão melancólico e desesperador que imediatamente fui tomada pelo mesmo
sentimento, querendo desabar naquele mesmo lugar.
Tudo
voltou a ficar turvo, e a escuridão tomava o cenário cada vez mais a cada
segundo, deixando tudo indecifrável e perdido. Apenas o mesmo tom de perdição
ecoando em gritos e prantos, com dificuldades de formar sentenças. Uma frase,
todavia, me atingiu como uma flecha, e eu jamais consegui tirá-la da cabeça
desde aquele momento.
“Eu a perdi para
sempre”
depois de vários dias de enrolação, finalmente sossegando e lendo
ReplyDeleteenf
"já de saída?" pse né ficaram pouco tempo mas já rolou altas emoções, maybe it's enough for now q
shalour <3 xodó demais sim <3 mas ainda tem é chão até lá
geosenge é amor tambem, fico penalizada pacas que não consertam depois do final, deviam arrumar isso no jogo >:
cês não sabem mas eu fui uma das que parou a serena pra pedir autografo QUE
"O típico ambiente de aventura e jornada Pokémon" i looooooove it <3 feels like home <3
oh, adoro pacas essa rota, e esse tom meio ~sinistro que tu tacou a deixou ainda mais instigante
eita, tem mesmo umas lapides por lá?? pq não me lembro disso, mas faz tempo que não caminho por aquelas rotas né, posso ter esquecido
"Aqui é o santuário dos Pokémon que morreram na Grande Guerra" oh. suddenly i'm not that much amazed by this place anymore >>:
"São tantos…" nem fala >>:
"Por que aconteceu essa guerra?" motivos estúpidos, as ever
hmmm.... isso da serena ouvindo algo que ninguém ouviu.... somehow i doubt it was her thoughts.....
menção a ultimate weapon e nois só [eyes emoji]
noss vdd a coisa tem pokemons
pobre pokes
noss até ela não é loca de não gostar de pokemons, são criaturinhas muito amor mesmo
"É para sua pesquisa?" to curiosa tambem pro tanto que ela tá revirando o lugar
"Com o tempo o cenário tornou-se trivial" the worst thing >:
geosenge mozi por conta das vibe histórica?? you can bet <3
"Ele utilizava aquilo apenas para fazer som no ambiente" eu deixando a tv ligada enquanto mexo no note
"Por que não procura algum shampoo para roubar do banheiro do hotel?" BERROS AÇKSDNKSAÇDKNDSANAKSDÇAÇKNSDNAÇKDSDKSAÇN
aaaaaaaaah nem vão curtir geosenge?? D: (THO PELO MENOS AQUELA COISA VAI SER ABANDONADA NÉ, MEW BLESS)
"É engraçado ver você falando que vai ganhar uma insígnia" né nom?? ele falou tão casual asçkdnadsksdaknçsda tá ganhando confiança
PLS MIKA VEM COM A GENTE até pq bem melhor companhia né lmao
"Claro, não tem por que me avisar, nem viajamos juntos" sempre uma simpatia né pqp
AH NÃO
QUE MAS SABE MENINA TU SÓ SABE IMPORTUNAR MEUS FILHOS PARA COM ISSO MORRE LOGO DEIXA MEU NENEM SEGUIR SEU SONHO SEM TER GENTE PERTO DIZENDO QUE NÃO VALE A PENA
ela é louca mds completamente louca ela passa uma vida desmotivando o garoto dizendo altas merda mas quer continuar viajando com ele????????????? eu sei que ele é mega agradável e feliz e tu não tá acostumado com uma vibração tão positiva mas sai de perto deixa meu bebe
JESUS E AINDA RECLAMA DE ABRAÇO
ABANDONA ELA MIKA CÊ PODE FICAR TÃO MELHOR
"a cidade do interior não tinha o som dos carros ao fundo" YEEEEY "tampouco o doce barulho das ondas chegando à beira da praia" aaaaahh D:
ai esse silêncio da madrugada <3 gosto por demais <3
ai dios, minha nenem se sentindo perturbada >:
espero que pelo menos seus pokes tu esteja levando, nunca se sabe >.>
MEU JESUS, ELA TÁ VENDO AS MEMORIAS DOS ESPIRITOS??? VIADOOOOOOO
"Faremos todo o possível para protegê-la" já sabemos que a fulana morreu né pse (e probs na frente do que não se perdoaria se algo acontecesse)
"mas as palavras pareciam tão vazias, uma promessa tão grande e tão perigosa que senti um frio na espinha de desconfiança e questionamento" olocoooooo
EITA QUE GAROTO ERA ESSE
"Qual a graça que vocês veem em sair no meio da madrugada atrás de lugares assombrados?" AKSÇDSNDÇKASNAÇKSNDKÇSNSDAÇDSNÇKSDNKDASNSDA mas indeed a mediunidade tá em familia :v
Deleteuer, os pokes atacando os meninos e ignorando a serena?? hmm
olha indeed calem e charlie lutando juntos é bem capaz de um atrapalhar o outro qq
eu já ia perguntar como que synthesis ia funcionar de noite..... doesnt makes sense but okay
gente e os golem não param de aparecer???
"Vocês querem ficar com toda a diversão!" AÇKSDNASÇKDNKSDÇANDKSÇKNDÇSA EU AMO MEU FILHO
SOCORRINHO O CHARLIE MONTANDO NO SKIDDO ASÇKDNSDADKNSAKDÇSAN ai é tão fofineo isso
miga não precisa entrar em batalha actually prefiro mesmo que tu deixe os gollet te atropelar ninguém vai sentir tua falta
MEU NENEM TEM UM FLETCHLING TAMBEM, GOSTO SIM <3
"No espaço" AKSDNASDÇKNSAÇKSDANÇKSDA PIOR QUE O MIKA VAI NO ESPAÇO SE PRECISAR TBH
os gollet parecem estar reagindo para proteger ela, ou é impressão minha?
ao mesmo tempo que to preocupada com a serena compartilho da opinião dela de querer compreender pq ela tá tão afetada por aquele lugar (also as visões viado mdssss)
AI GOOMY MEU NENEM
EITA QUE O HONEDGE TRAVOU
É AS TRETA DA OUTRA VIDA DELE EMERGINDO??
EITA NOIS QUE VEIO UM GENERAL FUUUUUUUCK
vocês estão fazendo a razão ficar com aquela loca. olha a que ponto descemos
"Mas por que eles só atacaram quando nós entramos, e não a Serena?" [eyes emoji intensifies]
JESUS SERENA NOT NOW seria melhor vocês só saírem mesmo....
MIKA BRIGADA MAS AO MESMO TEMPO QUERIA VER SE O GOLURK PARARIA NO ÚLTIMO INSTANTE (MAS AO MESMO TEMPO TALVEZ MELHOR NAO ARRISCAR??)
MDS O FROAKIE NENEM CUIDADO
ELE EVOLUIU AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
mds o final
tamo chorano sim e nem sabemos pq
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
Cheguei! (com atraso, mas enfim -q)
DeleteEu também fiquei com um pesar enorme de logo já ter que deixar Geosenge, eu curto muitíssimo essa cidade justamente pela vibe histórica e mística. Mas pode confiar que eu não ia fazer pouco caso de um lugarzinho assim, logo a gente volta e daremos a devida importância pra essa terrinha maravilhosa <3 (nem preciso dizer mais porque né, o próprio jogo já diz tudo -qqq)
Eu já disse hoje que amo seus comentários sobre a @?? Porque vou dizer de novo que eu amo AHSDIAUSHDIAUS Mas vamos lá, ela deu uma melhoradiiiiiinha nesse tempo, vai -qq Quem sabe na próxima ela não aparece melhor, se o Mika compartilhar por mais uns dias essa energia boa dele? (Eu sempre iludido né).
E lendo o comment lembrei agora das coincidências do seu jogo abrindo por aqui com um Frogadier! HAUISHDIUSAHUASD Esse cap tá com umas energia estranha até no mundo exterior, Arceus me dibre.
Mais uma vez obrigado pelo comentário, migs, sempre maravilhoso contar com sua presença por aqui <33
gente eu não faço ideia do que acabei de ver mas eu adorei, preciso de explicações e achei cena de combate épica!!!
ReplyDeleteADOREI A EVOLUÇÃO E POR FAVOR ALGUÉM ME EXPLIQUE PORQUE SERENA CONSEGUE SENTIR O QUE MAIS NINGUÉM SENTE!!!
Se havia qualquer reclamação sobre ausência de batalhas nos últimos capítulos, você resolveu tudo aqui kkkkk Como você mesmo mencionou, é a primeira vez que vemos os protagonistas lutando em conjunto a favor de um objetivo em comum, você explorou muitas relações entre os personagens nos arcos passados, agora está na hora de trabalhar alguns mistérios a respeito da própria mitologia de Kalos.
ReplyDeleteMikala e Ashley estão cumprindo seu trabalho na fic, eles já estão no grupo há tanto tempo que vai ser estranho quando seus caminhos se separarem kkk Uma coisa que me pergunto é como eles estarão quando você chegar na Liga. Será que ainda serão os mesmos? Eu adorava trabalhar personagens secundários como a Vivian, Stanley, Marley e Riley em Sinnoh que foram os primeiros "parceiros de jornada" da minha história, mas alguns que eu adorava como a Vivian perderam completamente o foco e ficaram meio de lado. Não sei se você conseguirá criar outros personagens tão interessantes ou deixará de dar a devida atenção a esses dois, mas espero que não, continue fazendo um bom trabalho com eles!
Geosenge Town é um baita de um cenário intrigante e eu gostei de vê-lo explorando um pouquinho da Rota 10 para entrar de cabeça no assunto da grande guerra de 3000 anos. Vimos a guilda inteira trabalhando, a cena do Honedge foi uma de minhas favoritas porque está subentendido que ele também lutou naqueles tempos, os próprios Pokémons têm suas histórias e perdas na guerra. Foi uma excelente cena de ação, apesar de não gostarmos de batalhas, quando necessário cumprimos nossa função com perfeição, né? haha E olha só esse mistério por trás da Serena mantendo contato com o mundo dos mortos ou sabe-se lá o que... E se ela for a reencarnação de um Pokémon que morreu naqueles tempos? Intrigante, para dizer o mínimo. Vamos ver o que você andou preparando para o novo arco kkkk
E só para deixar registrado... ESSE É O 1000º COMENTÁRIO DE KALOS, BICHO! Meus parabéns por esse incrível marco, você mereceu cada um deles (beleza que metade é o próprio autor que faz ao responder, mas o importante são os números, né? haha.) Sério, estou orgulhoso de você. Mesmo quando só havia sobrado eu e você na Aliança, você continuou aqui. SÓ PARO QUANDO TIVER UM LIVRO DE TODOS OS MEMBROS NA MINHA ESTANTE! <3
A Rota 10 me intriga demais!! Lembro que quando saiu o mapa de Kalos pela primeira vez eu já fiquei super curioso por aquele conjunto de pedras, e pesquisei bastante sobre o que poderia significar. Quando vi que tinham um contexto importante na história de Kalos, não pude deixar de aproveitar esse cenário para fazer esse capítulo! É com certeza um dos meus favoritos da temporada, não só pela batalha mas por toda essa aura meio mística quele ele carrega.
DeleteE meu deus, VOCê FOI O COMENTÁRIO 1000 CARA UAHDSUAISHDAUS Eu estava ligado nos números e pensando quando que o contador chegaria a 1000. Acabei não ficando muito preso a isso justamente por isso, uns 500 são só de respostas minhas! HAISDHAUISDHUAIS Maaaas ainda assim é uma conquista, né não?? \o/ Obrigado pela observação!
E foi difícil mesmo lidar com a ausência desses novos personagens nos capítulos seguintes! Acabou virando um contato tão recorrente e natural que a gente até esquece como é voltar à rotina. Fico feliz que tenha gostado deles, tenho um carinho muito grande e planejo que ainda tenham bastante importância no enredo! Espero manter essa linha que você disse e mantê-los com sua importância dentro da fic!
Cara, quanto mais leio, mais amo, mas sério, eu achei que um deles ia capturar um Golett. Fiquei triste ao ver que não, ao menos aqui.
ReplyDeleteMas bem, o plot do capítulo nos mostra muita coisa, e inúmeras possibilidades, e estas sendo incríveis. Espero realmente ver como isso progride.
Gostei do Calem estar se animando mais com as batalhas, even rocks can be melted.
Mas bem, vou ao próximo capítulo, com boas expectativas.