OBS: Como faz um tempo entre a publicação dos capítulos, vale dar uma passada de olho pelo 36, 37 e principalmente 38 antes de ler esse, para que as coisas façam sentido!
CAPÍTULO 39
Curto-Circuíto
cur·to-cir·cui·to {s.m} 1. [Eletricidade] Fenômeno onde dois pontos com diferença de potencial são unidos por um condutor de resistência fraca. ; 2. [Figurado] Colapso imprevisto quando uma situação atinge seu ápice, provocando desorientação.
Mesmo à baixa iluminação do quarto,
as luzes do lado de fora atravessavam a janela e tingiam o rosto de Diantha,
que parecia pálido como a neve. Nem a claridade da TV sem volume pendurada na
parede conseguia lhe conferir cor. Os olhos azuis de Serena cravavam em si,
suplicantes, confusos, esperançosos, em um turbilhão de emoções e pensamentos,
mistérios talvez finalmente esclarecidos. Os momentos de silêncio não foram tão
longos, mas para as duas, teria cabido uma eternidade.
— O que disse? — indagou a Campeã.
Diantha deu alguns passos para
trás, subindo a mão em que segurava o telefone do hotel.
— Garota, você está delirando. —
disse, digitando.
Serena avançou, tentando tocar sua
mão mas ela recuou.
— Mãe, eu…
— Pare de me chamar assim! — seu
tom aumentou, preenchendo o quarto. — Eu não sou sua mãe!
A menina não deu sequer um passo
para trás.
— Meu pai disse que você era uma
treinadora formidável.
— Pare!
— E sua família te pressionou por
esse cargo… Eu já cogitei que fosse você, mas quando relembrei sobre sua
família… As coisas fizeram sentido, eu acho que…
Diantha a afastou, quase rugindo:
— Garota, eu nunca tive filhos.
Nunca. Eu fui proibida desde jovem, até que me casasse. Eu me lembraria se
tivesse tido algum.
As palavras se espalharam pela
imensa suíte, reverberando pelas paredes e sendo consumidas pelo silêncio
consequente. Serena congelou, caminhou para trás e voltou a olhar perdida para
as ruas. Por alguns minutos, tudo parecia que tinha sido resolvido. Ela não
admitiria, mas criou um apego na simples esperança de uma descoberta.
Porém, logo se viu novamente
perdida no mesmo lugar, como uma das almas em meio a Lumiose, se misturando
entre as luzes das inúmeras ramificações urbanas. Seus olhos se encheram de
lágrimas, e ela desabou. Diantha foi pega de surpresa, embora custasse a tirar
sua típica expressão de repulsa do rosto. Ouvia as buzinas, os motores; mas os
soluços da garota abaixada em sua frente superavam qualquer ruído.
Ela já teria gritado por algum
segurança, porém não conseguiu evitar sentir-se tocada por
Serena. Sem forças, ela parecia menos uma ameaça. Diantha aproximou-se
lentamente, também sem muita noção de como proceder. Avançou a mão e sentiu sua
pele. Em seguida, gradualmente se moveu para um abraço. Um abraço frágil, de
consolo, que ela não soube dizer de onde exatamente vinha.
— Me desculpe. — falou Serena.
Diantha passou os dedos pelos fios
louros da garota, penteando-os.
— Eu achei que finalmente… —
soluçou a garota. — Finalmente…
A Campeã olhou reflexiva para a
cidade na janela.
— Está tudo bem. — disse, ensaiando
tanto as palavras, mas nenhuma delas seria boa o suficiente. — Você… Você irá
encontrá-la.
Diantha não era o tipo de pessoa
que simpatizava com estranhos daquela maneira. Contudo, algo em Serena lhe
chamou a atenção. Perdida nos próprios pensamentos e ainda sem uma resposta,
deslizou os olhos para o televisor, encontrando uma notícia sobre três
fugitivos aparentemente escondidos em Lumiose City. Engoliu em seco e largou a
loura, dando alguns passos para trás. Serena fungou o nariz e encontrou
novamente o olhar de Diantha assustado, com o telefone na mão.
— Você é… — murmurou ela.
— Por favor! Não!! — gritou Serena,
avançando contra ela.
Diantha tentou se defender,
enquanto o telefone discava.
— Me desculpe. — falou.
Serena tentou impedi-la, mas as
duas tiveram um embate.
— Polícia, eu encontrei uma
fugitiva…
Serena deu um tapa que fez o
telefone sair voando pelo quarto. Diantha soltou um grito e, de prontidão, seus
seguranças se dispuseram a entrar no quarto. Serena tentou trancá-lo, e a outra
se afastou, contra a parede, lutando para se manter neutra.
— Eles já vão vir. Vão ver de onde
eu liguei, e vão…
Novamente Serena ameaçava chorar.
Dessa vez menos de tristeza ou desapontamento, mais de ira. Começou a andar
para os lados, sentindo os sentidos se bagunçarem e consumirem, estando a um
passo de colocar tudo a perder. Diantha havia deslizado até uma Pokébola sua
guardada para o caso de precisar se defender, mas a outra parecia enfrentar
algo maior dentro de si.
— Você não entende!! — gritou ela,
para a Campeã. — Meu pai vai matar o
meu amigo. Vai trancar eu e meu primo para sempre na nossa casa, e eu NUNCA mais vou ver a luz do dia. Eu vou
me casar, e viver infeliz para todo o sempre!! Você NÃO entende!! — rugiu.
Diantha poderia não conhecer
Serena, mas de certo poucas vezes alguém teve a oportunidade de ver a garota
daquela maneira. As batidas na porta ficavam altas, os seguranças começavam a
tentar derrubá-la. Os dedos suados da Campeã pressionaram a Pokébola com força.
— Eu entendo mais que você imagina.
— murmurou a outra, lutando contra os pensamentos que lhe invadiram
momentaneamente a mente.
— Se entendesse de verdade não
estaria fazendo isso... — retorquiu Serena. — Sua família lhe aprisionou em um
cargo, e você quer um destino igual para mim!!
Diantha sentiu um aperto. Um
turbilhão passou pela sua cabeça, em seus olhos opacos as memórias de um
passado perdido e de uma vida que ela nunca teve dançaram; brincaram. Ela e os
dois garotos, correndo descalços pela grama; sua primeira captura; e o sombrio
e fatídico dia em que tudo terminou quase que daquela maneira, sendo arrastada
de volta para a fortaleza de seu lar, onde viria a se tornar a mais forte pela
honra de sua família.
Ela não teve mais tempo. Disparou a
Pokébola e Serena viu uma criatura ganhar o espaço. Tinha uma silhueta humana,
um corpo suave que levitava e olhos sérios que examinaram e leram toda a mente
de Serena em segundos. Era uma Gardevoir, espécie psíquica extremamente ligada
às emoções dos treinadores. Diantha murmurou, segundos antes da porta desabar.
— Teleport.
Art by @arengarci
Serena piscou.
Quando abriu os olhos, não fazia a
menor ideia de onde estava. Parecia uma rua vazia. Seu coração ameaçava sair
pela boca de tão acelerado, as mãos e pernas tremiam tanto que ela se abaixou e
respirou todo o ar que conseguiu em seus pulmões, como se tivesse acreditado
que nunca mais poderia fazê-lo. Levantou o olhar, e viu a moça à sua frente
olhando para as estrelas que um dia esqueceu que existiam sob sua cabeça.
Apenas a respiração ofegante de
Serena cortava a quietude do momento. Contudo, Diantha deu alguns passos, ainda
com a cabeça alta.
— Talvez você, afinal, tenha me
dado uma resposta que procuro há muito tempo.
Diantha tocou sua Gardevoir. O
Pokémon não esboçou reações, mas era capaz de saber exatamente o que passava na
mente de sua treinadora. Era alguém que acompanhou toda a sua trajetória ao
longo dos anos, cada nuance e emoção que cruzou sua cabeça. A Campeã olhou para
trás uma última vez.
— Fuja, e não deixe que te
capturem. — disse. — Ou vai ser o fim.
— Para onde você vai? — inquiriu
Serena, se levantando.
Diantha tornou a fitar as estrelas.
— Talvez eu a entenda mais que você
imagina. — repetiu.
E logo sua imagem tremeluziu às
sombras da noite, enquanto Gardevoir concentrava seus poderes psíquicos em um
novo teletransporte, deixando Serena sozinha pela noite de Lumiose.
♠ ♣ ♠
Os
pés de Charlie se mexiam nervosos no chão gasto, como se estivesse descalço no
asfalto quente. Ele não conseguiu subir o olhar e encarar Marc; escondia as
mãos vazias atrás das costas, suando frias, os dedos tamborilando entre si. O
cheiro da fumaça do cigarro invadia as narinas e lhe dava náuseas – como se já
não estivesse suficientemente nauseado naquele dia. Sem pressão, o irmão
recostou-se na cadeira, soltando a fumaça pela boca.
—
O que você pegou, Charlie?
Alguns
segundos de silêncio já haveriam sido resposta suficiente. Um arrepio correu
seu corpo como um choque.
—
Nada. — respondeu, por fim.
Marc
não mudou de expressão. Levantou-se e caminhou pela salinha, os passos vibrando
nos ouvidos de Charlie, que continuava com os olhos no chão. Marc subitamente o
agarrou pelo braço, e ele foi tomado por um imediato medo, ouvindo sua voz
hipnotizante no pé do ouvido em um tom grave e ameaçador sem que o mesmo sequer
fizesse esforço.
—
O que tá acontecendo com você? Hein?
Charlie
se desprendeu de sua mão, finalmente o encarando.
—
Eu sei que foi você. — disparou. — Onde a Emma tá?
Marc
congelou por curtos segundos, mas formou um fino sorriso, soltando uma
risadinha. Charlie foi consumido no mesmo instante por uma fúria interior que
bagunçou seus instintos, fazendo-o disparar um soco em direção a Marc. Os dois
segundos de impensada coragem lhe pesaram no mesmo momento, quando percebeu que
dar asas à sua vontade foi uma decisão estúpida.
Dois
rapazes da gangue de imediato partiram para cima de Charlie, o imobilizando e
derrubando. O garoto levou um soco no estômago que o deixou transtornado. Marc
colocava a mão sobre o rosto ferido, encarando seu par de óculos escuros no
chão, imerso em cólera.
—
FICOU LOUCO? — gritou para o mais novo.
Marc
se levantou, como se nada tivesse acontecido. Colocou os óculos e, logo, estava
mais uma vez impassível, neutro em suas expressões. Sentou-se novamente, deu
batidinhas no cigarro e tragou.
—
Eu sabia que tinha alguma coisa estranha no sumiço dela. — murmurou. — Não
acredito que tu mentiu pra gente.
Charlie
tentou levantar o olhar, resgatando o oxigênio que lhe restava, fuzilando-o com
os olhos.
—
Você…
—
Eu to cagando pra ela. — interrompeu Marc, soltando a fumaça em uma longa
baforada. — Mas, seja lá o que aconteceu, bem feito. Aqui não tem lugar pra
covarde.
Charlie
abaixou a cabeça, sentindo ainda a dor aguda confundindo seus sentidos,
impedindo-o de responder por si mesmo. Cerrou os punhos e encostou a testa no
chão frio, deixando escapar quase que um pedido de socorro.
—
Eu não quero mais fazer isso, Marc.
Levaram
alguns segundos para que o outro novamente se levantasse. Com o pé, empurrou
Charlie no chão, fazendo-o cair sentado. Puxou-o pela gola e o mais novo
conseguiu ver de relance os olhos do outro por detrás dos óculos. Estavam
diferentes, mas por essência ainda eram como Charlie se lembrava deles.
Pareciam esconder, por trás da fúria, o mesmo medo de sempre.
—
Você não tem que querer.
♠ ♣ ♠
Por que existe tanto medo do
escuro?
Talvez o medo não seja propriamente
da escuridão, e sim de não sabermos o que existe nela. É quando não podemos
mais confiar em nossa visão para alertar se estamos presos em uma solidão sem
fim, ou cercados por nossos maiores temores.
Charlie moveu as mãos, mas sentiu
uma corda apertando os punhos que o impediam de movimentá-las. O corpo também
pouco foi capaz de se movimentar para além da posição sentada em que estava. O
breu era total, não conseguia sequer encarar seu próprio corpo. Em um silêncio
absoluto, ouvia os próprios soluços desesperados e o coração batendo com
velocidade.
Absorto por sua impotência, os
curtos minutos de sua solidão no nada
se estenderam por um torturante tempo incógnito. Até que gradualmente fosse
capaz de distinguir passos em alguma direção e, talvez, o silêncio e a solidão
soaram quase que como uma saudade, temendo o que estava por vir. Ele sabia o
que era; lutou por muito tempo para evitar aquilo.
Uma porta se abriu às suas costas e
uma réstia de luz preencheu momentaneamente o cômodo. Era uma pequena sala,
parecia um depósito, muito menos horripilante que sua própria mente pintava.
Contudo, os passos ganharam volume em sua direção, em um sádico prazer da
dúvida. O garoto relutou para se virar, tentou disparar frases, porém tinha a
boca amordaçada. Uma luz acima de si foi acesa, velha e empoeirada, que estalou
por algumas vezes em uma falha, trazendo curtos relances da figura em sua
frente.
— Eu avisei.
Seu irmão cruzou os braços,
encostando em uma cadeira em sua frente. A lâmpada lhe atingia diretamente,
criando uma sombra que àquele ângulo se desenhava como um personagem de filme
de terror. Por trás dos óculos, os impassíveis olhos de Marc fitavam Charlie em
um momento que ele aguardou por muitos anos, principalmente depois do
reencontro da última estada em Lumiose.
— Eu poderia dizer que você até que
tem um pouco de coragem. — disse Marc, cruzando os braços. — Mas aposto que foi
só burro, mesmo. Porque covarde você deve ser até hoje.
Ele caminhou pelo cômodo.
— Charlie… Charlie…
Repetia o nome como uma melodia, a
própria palavra perdia seu significado na repetição constante e ensaiada. O
outro tentava se mover, mas não podia. Era inútil. Seu irmão o tinha aonde
queria e ele podia ao máximo ser um espectador de sua própria desgraça.
— Eu avisei que você não deveria
ter voltado.
Charlie se manteve em silêncio. Seu
irmão puxou com cuidado a mordaça, permitindo que o garoto voltasse a sentir a
dor nos lábios ao poder tentar falar novamente. Marc se aproximou; o cheiro de
cigarro era um dos traços que marcava a figura de seu irmão as últimas memórias
que teve. Só isso seria suficiente para fazer Charlie se arrepiar – quando
alguém fumava perto dele, às vezes seu coração disparava só pela recordação.
Estava tudo igual, era exatamente
assim que visualizava que as coisas terminariam, caso o pior acontecesse.
Charlie forçou os olhos cansados contra ele.
— Você se tornou o nosso pai. —
cuspiu as palavras. — Pior que ele.
Sentiu os dedos de Marc sobre sua
pele – como se estivesse escolhendo onde iria provocá-lo, sentindo o hálito
quente na contraluz.
— Eu me tornei o que eu precisei me
tornar.
— BESTEIRA! — rugiu Charlie.
O outro o empurrou, a cadeira ficou
balançando. Marc tomou alguns segundos para recuperar a respiração. Colocou-se
de costas, já não era mais possível ver seu rosto, apenas olhar a sombra que
fazia na parede do pequeno depósito, tomando proporções assustadoras com a
lâmpada pendurada balançando.
— Tu deu sorte. — balbuciou. — Sorte
de ter sobrevivido, sorte de ter encontrado esses riquinhos.
Marc pegou um cigarro e o acendeu,
mesmo no cômodo fechado.
— A gente era uma família.
Charlie balançou a cabeça.
— Aquilo não é uma família. —
falou, baixinho. — Ninguém deve ter medo
da própria família.
Marc o pegou pela gola da camiseta.
— Você não sabe o que eu já fiz pra
te defender.
Encarou os olhos confusos e
suplicantes de Charlie quase desistentes e sem rumo, só querendo que aquele
pesadelo acabasse. Marc ainda se lembrava do garotinho indefeso que era seu
irmão e de cada capítulo que enfrentaram. Naquele reencontro, não havia mais o
passado.
— Você é um traidor, Charlie. Um
traidor das pessoas que te acolheram. E alguém que traiu a confiança do próprio
irmão.
Silêncio.
— Mas foda-se. — balbuciou o irmão,
em um tom nervoso. — Tu fez tuas escolhas. Agora vai arcar com elas.
E se preparou para apagar a luz
acima de suas cabeças.
— Quando você veio aqui, a cabeça
dos seus amiguinhos valia bastante. Mas agora… Agora elas valem uma fortuna. E até a sua. Quem diria que alguém
iria procurar por você além de mim.
E Charlie se viu novamente no
escuro. Rugiu, enquanto ouvia uma porta se abrir atrás de si e seu irmão se
preparar para deixá-lo.
— Deixa eles fora Marc, eles não fazem parte disso. — se
tentou usar um tom de ameaça, soou mais como um pedido.
Ele poderia ter visto um sorriso no
rosto do irmão.
— Eles não são parte disso, Charlie. —
falou, fechando a porta. — Eles são o todo..
♠ ♣ ♠
Enquanto Serena procurava algo para
comer no frigobar, sentiu os olhos de Calem em si. Ela ignorou, improvisou um
café da manhã, enquanto o outro tomava uma xícara de café escuro, fitando a
janela embaçada e suja do hostel – a
vista era reduzida, ao redor havia vários outros prédios, mas pelo menos
conseguia espiar as nuvens grossas de chuva se formando no céu.
— Por onde você andou ontem de
noite? — indagou Calem. — Fiquei preocupado.
Serena não o olhou nos olhos.
— Não precisava se preocupar.
Calem precisou de alguns momentos
de silêncio para entender que aquela era a resposta completa. Suspirou, tenso.
— Serena, entendo que esteja
passando por muitas coisas. — murmurou, com o olhar caído. — E retornar aqui é…
Bem, sem palavras… Mas você precisa… Precisa ser sincera comigo. Por favor.
Serena largou as coisas nas mãos e
sentiu a pressão sobre os ombros.
— Eu achei que tinha encontrado
ela, Cal.
Quando falou isso, o controle
começou a se esvair. Soluçou, e Calem imediatamente largou sua xícara de café e
tentou se aproximar. Ela estendeu uma mão o impedindo e pareceu engolir qualquer
coisa que estivesse presa na garganta, como se insinuasse que não precisava de
ajuda. Ele estava arrepiado. Não sabia exatamente do que ela estava falando,
mas ao mesmo tempo tinha noção o suficiente.
— Cadê o Charlie?
Aquela era a pergunta que Calem se
fizera a manhã toda. Quando Serena chegou ao quarto, seu primo estava sozinho.
Ele não apareceu a noite toda, mas ela tinha suas preocupações próprias. A
situação estava tão tensa que o rapaz sequer ousou perguntar a ela antes o que
poderia ter acontecido. Quando foi que pensou tanto antes de conversar
honestamente com sua própria prima?
Calem apenas acenou negativamente
com a cabeça.
— Estou com medo que algo tenha
acontecido.
Após alguns momentos de pausa,
voltou-se a ela.
— Você encontrou com ele ontem?
Serena respirou fundo. Sua última
imagem era do garoto sair correndo do escritório do detetive, sem rumo em
direção às ruas de Lumiose.
— Precisamos ir a um lugar. — disse
ela.
♠ ♣ ♠
—
O que cê tá fazendo, Charlie?
O
garoto congelou no mesmo segundo com o susto, mas soltou um suspiro de alívio
quando reparou que na penumbra quem o encarava não era Marc. Continuou jogando
seus poucos pertences em uma mochila velha e gasta. Seu Pancham estava próximo,
em estado de alerta. O outro se aproximou, sussurrando.
—
Onde você vai?
Charlie
não conseguiu encará-lo.
—
Eu vou embora, Ludovic.
O
garoto não soube exatamente como reagir. Só lhe ocorreu uma coisa:
—
Teu irmão…
Charlie
parou de guardar as coisas. Naquela escuridão, Ludovic não conseguia vê-lo
direito; mas não precisava. Havia um terror claro em tudo, em sua voz, em seus
gestos apressados.
—
Eu sei. Não conta pra ele. Por favor.
Seus
olhos verdes suplicavam, encarando-o tão no fundo em um pedido talvez grande
demais. Ludovic olhou para os lados, agora sendo consumido pelo medo.
—
Pra onde?
O
outro colocou a mochila nas costas e acenou para seu Pokémon.
—
Qualquer lugar.
Deu
um abraço em Ludovic. Não durou muitos segundos, mas foram intensos o
suficiente – muito provavelmente seria um adeus; a partir dali, seguiriam
diferentes rumos com seus próprios riscos que poderiam tranquilamente impedir
qualquer reencontro. Mas ali, Charlie tomava uma das decisões mais importantes
de sua vida, em todos os aspectos.
Caminhou
tentando emitir o menor dos ruídos possíveis, o coração quase parando a cada
passo. Não sabia se a cada segundo estava mais perto de sua salvação ou de sua
sina. Às vezes nos apegamos a um pequeno estímulo de coragem para decisões
fundamentais. Quando conseguiu deixar o casebre, acelerou o passo,
esgueirando-se entre as sombras dos becos de Lumiose onde nenhum rosto
conhecido o encontraria.
Sentia-se
mais uma vez perseguido; o monstro estrava atrás de si. Mas Charlie corria. Aos
poucos, conseguia ver as luzes brilhantes de Lumiose em uma madrugada
turística, as pessoas saindo das festas em uma área movimentada da cidade, onde
ainda havia bares e boates abertos àquela hora. Corria, e aos poucos tinha um
vislumbre de estar com Emma dançando pelas ruas da cidade, brilhando como a
Torre.
Mas,
desta vez, efetivamente livre.
Quando
o Sol começou a nascer e a tingir os céus, ele já estava distante. Com um mapa
amassado em um panfleto de algum estabelecimento da cidade, ele se guiava; mas,
como dizia um antigo ditado: para quem não sabia para onde ir, qualquer caminho
serviria.
E
assim foi.
Sem
rumo, em um misto de fuga de um passado que sempre o perseguiria e uma busca de
si mesmo sem ao certo saber como encontrar, esteve desde as ondas quebrando no
litoral às montanhas gélidas do interior. Rumava por dias a fio, mas seus
instintos da Lumiose
Gang o ajudaram a sobreviver. O que não
sabia, aprendeu da pior maneira.
Com
o passar dos meses e, mesmo, poucos anos, Charlie conseguiria afastar a imagem
de Marc de sua cabeça. E mesmo de seu pai. De Emma, da gangue. Ele nunca
saberia o que era efetivamente a liberdade; a vida dos treinadores que
observava nunca seria a sua; porém, certamente começou a encontrar algo que não
era perfeito, mas suficientemente uma paz que nunca pensou ser capaz de
alcançar.
Se
não pela tensão que seu passado lhe trazia, ele sentia-se mais leve. Era como
começar de novo, sentindo o ar fresco lhe trazer as aventuras que um dia sonhou
e, talvez, estivesse na hora de ter um vislumbre. Foram anos de aprendizado, às
vezes de um aprendizado difícil – a solidão não o ensinou a lidar com seus
traumas, mas de como impedir que eles o travassem.
Seu
irmão passou muito tempo tentando lembrá-lo de quem ele era. E Charlie passou
mais tempo ainda tentando se esquecer.
♠ ♣ ♠
Marc entrou mais uma vez na
salinha. Charlie se encontrava em uma dicotomia: sozinho no escuro, as memórias
lhe consumiam e os medos abstratos tomavam as formas que quisessem para
assustá-lo – mas, por pior que fosse, quando seu irmão abria a porta e entrava,
os temores tornavam-se concretos. O sorriso de Marc e seus óculos escuros eram
sempre uma incógnita. Entrou e saiu tantas vezes que a dúvida era apenas parte
da tortura. O irmão jamais o daria o prazer de acabar com tudo de uma maneira
simples e rápida; ele queria vingança, e o faria da maneira mais apropriada
possível.
Quando se sentou na frente de
Charlie, murmurou:
— Gostou daqui?
Charlie estava com o rosto acabado;
nos últimos dias, não conseguiu descansar. Não sem acordar no meio da noite
tomado por pânico, apenas contando os segundos que restavam para Marc
encontrá-lo.
— Onde a gente tá? — indagou,
suplicante.
A pergunta fez Marc abrir um
sorriso quase infantil, todo pintado pelo amarelo da lâmpada velha pendurada no
teto. Levantou-se fazendo um estrondo na cadeira.
— Vai se surpreender. — comentou,
caminhando. — Chega de ficar no escuro. Chega de becos, salas fechadas, prédios
abandonados…
Abriu a porta atrás de Charlie e
abriu os braços.
— Cansei, porra. Hoje a gente vai
ser parte da Cidade Luz.
E, com ajuda, virou a cadeira de
Charlie para que o garoto pudesse olhar para fora. Após segundos de uma tensão,
o ele ficou momentaneamente cego pelo contraste de luz.
Seria dia novamente? Quanto tempo esteve preso?
Mas não. Era noite, e aos poucos os
feixes luminosos se mostravam inúmeros pontinhos em uma malha que não
terminava, aonde quer que seus olhos explorassem. Muitos e muitos metros
abaixo, Lumiose o observava, sem ter a menor ideia do que ocorria àquela
distância. Charlie nunca esteve tão alto. Seu corpo foi tomado por uma
vertigem, enquanto Marc o arrastava de volta ao cubículo escuro de seu
cativeiro.
— Bem-vindo à Prism Tower!
Foto extraída daqui |
♠ ♣ ♠
— É isso mesmo, Diantha, A Campeã
de Kalos, e uma das modelos e atrizes mais bem-sucedidas de todos os tempos
está desaparecida. Após fazer uma denúncia, ela simplesmente sumiu dentro de
seu quarto de hotel. Supõe-se que os criminosos que ela falava no telefone
podem estar associados…
A batida na porta fez com que o
homem desligasse a imensa televisão de plasma. Desenhou um sorriso, largando o
sofá e deixando sua xícara de chá quente em uma mesinha de centro. Caminhou a
passos lentos pelo apartamento, até chegar e abrir a porta. Lysandre ficou
parado, vendo a expressão séria da moça em sua frente. Diantha trazia consigo uma mala
cheia e um par de olhos vazios.
— Eu aceito. — falou.
O ruivo abriu espaço, estendendo as
mãos para dentro de seu apartamento.
— Seja bem-vinda, minha amiga, ao Team Flare.
♠ ♣ ♠
Enquanto
vagou sem rumo, Charlie experimentou um pouco dos mais distintos lugares de
Kalos. Mas, de todas as cidades em que esteve, Laverre foi uma de suas
preferidas. Por diversos motivos especiais. E, mesmo sem eles, o garoto
admiraria aquele lugar. Ouvira muito sobre o misticismo daquela área e, por
mais que achasse tudo ridículo, não evitou se contagiar pela aura que parecia
ser emanada de todo aquele espaço. Ainda que fosse uma cidade relativamente
grande, mais parecia um vilarejo em sua energia e na tranquilidade com que os
habitantes interagiam.
Era
final de tarde. O sol tinha um tom alaranjado, entrava pelas janelas daquele
chalezinho retirado. Charlie dava passos sutis pela grama, deslizando os olhos
pelos lados, mas não havia ninguém que o avistasse. As portas e janelas estavam
escancaradas, como era muito comum pela cidade. Se esgueirou pela porta dos
fundos, caminhando com tanta leveza quanto a brisa que soprava àquele horário.
Antes
que cometesse um de seus furtos, ficou admirado com o lugar. Não era grande,
nada do tipo. Era bem humilde, mas tão aconchegante que se sentia aquecido só
de estar entre aquelas paredes e aquele teto baixo. Charlie não entendia
exatamente o sentimento de “estar em casa”, pois em seu passado tal contexto
nunca foi aconchegante – mas aquele lugar lhe dava uma boa dimensão.
Recuou
um passo quando ouviu alguém vindo do cômodo ao lado, uma pequena sala. Ele
olhou por trás do batente da porta e avistou uma moça, não deveria ter muito
mais que quarenta anos, e era bela, muito bela. Tinha cabelos claros presos em
um coque, mas alguns fios lhe caíam pelo rosto. Ainda assim, ela parecia
abatida, tossia com uma tosse tão profunda que parecia tentar expulsar sua alma
para fora do corpo. Ele correu para ela e lhe tocou as costas.
Em
seguida, voltou à cozinha e pegou um copo de água, oferecendo-lhe. A moça
sequer questionou, apenas tentou beber. Ele a acalentou segurando em seus
ombros, abaixado. Gradualmente sua tosse foi cessando, e ela conseguiu inspirar
o ar com aroma das árvores de Laverre. Algum pássaro cantava do lado de fora.
Ela
tocou o peito e fechou pálpebras. Estava pálida, as olheiras lhe contrastavam
os olhos. Ainda assim, ela lhe encarou com belos olhos azuis, agradecida.
—
Obrigada.
Ele
abriu um sorriso. Ela coçou a cabeça.
—
Como você…?
Charlie
sentiu um calafrio naquele momento. Nada mais ético que assaltar uma moça
doente.
—
Eu ouvi a tosse. — mentiu. — Vim ver se precisava de ajuda.
Ela
abriu um sorriso acalentador.
—
Obrigada. De vez em quando eu tenho uma crise.
Ele
foi até a cozinha e lhe trouxe outro copo.
—
Aqui. Água.
—
Desculpe pela preocupação. — falou ela.
—
Não foi nada. — murmurou ele, se levantando, um pouco sem jeito. — Bem, vou
indo então. Quer que chame algum médico?
—
Não precisa… Eu estava montando a mesa do chá. — disse ela antes que ele saísse
de lá. — Aceita alguma coisa?
Charlie
parou.
—
Não, imagina, não quero incomodar.
—
Você mora aqui?
—
Bem, é uma longa história. — falou, os braços se movendo tímidos. Olhou ao
redor, a casinha acolhedora lhe abraçando. — Talvez eu aceite o chá.
♠ ♣ ♠
Os olhos de Calem já estavam
cansados de encarar o Observador indo de um lado para o outro da sala, batendo
os sapatos escuros no piso velho. Serena acariciava o Espurr que dormia pelo
escritório. As horas passavam e as perguntas seguiam pairando no ar, sem
qualquer sinal de solução.
— De onde vocês se conheciam? —
indagou Calem, cortando o silêncio.
O Observador parou na mesa
abandonada, encarando um porta-retratos.
— Ele vinha aqui sempre. Ele e a
Emma eram… Muito grudados. Depois parou de vir um tempo. Até ela…
O silêncio foi suficiente para
concluir a frase. O homem colocou a foto de volta.
— Ela foi como uma filha para mim.
Os primos se entreolharam.
— Eles conheceram um pouco do pior
dessa cidade. — murmurou o homem, e agora já não era possível dizer se ele
conversava exatamente com os dois, ou sobre o mesmo assunto. — Às vezes não
sabemos que histórias sombrias se escondem ao nosso redor, mesmo em um lugar
tão belo quanto Lumiose.
Ele balançou a cabeça.
— Vocês acham que pode ter sido a
antiga gangue responsável pelo sumiço do Charlie?
Os dois ficaram quietos, com medo
de responder em voz alta e admitirem a possibilidade de que seu maior medo se
concretizasse. Ainda assim, assentiram tristemente em consonância.
Com um estrondo, a porta do
escritório se abriu. Todos tomaram um susto, mas respiraram com um mínimo
alívio ao verem a figura de Sycamore e de Ashley adentrando o cubículo, como se
estivessem conversando e decidissem fazer uma visita. Ainda assim, a expressão
dos dois não indicava qualquer cortesia, e sim o profundo terror de quem
acabara de encontrar um fantasma.
— Pardon pela interrupção, havia recebido a mensagem e estava a
caminho o mais rápido que pude. — disse o professor, estendendo um Holo Caster. — Não, eu não sabia sobre o
Charlie…
Ashley deu um passo.
— Mas sinto que temos uma resposta.
O Professor estendeu o aparelho e
um holograma transmitia as notícias. Os primos sentiram um frio na espinha, com
medo. Todos os canais durante o dia ficaram noticiando o suposto
desaparecimento de Diantha; mas, naquela hora, era uma nova reportagem. A
música indicava que era uma notícia urgente. Um helicóptero sobrevoava a Prism Tower, com uma multidão em volta.
Serena conseguiu ler: Atentado à Torre Prisma.
Um homem sem rosto apareceu na
tela. Sua voz era distorcida, parecia um robô com um tom assombroso, ditando
tais palavras como uma sentença sem emoção:
— Cidadãos de Lumiose. Moradores de
Kalos. Estamos no controle da Prism Tower,
junto de diversos reféns. Qualquer tentativa da polícia de invadir ou tomar a
Torre, pode acabar em uma tragédia, e não queremos isso. Não queremos machucar
ninguém. Temos apenas uma exigência, que acreditamos ser de mútuo interesse da
população.
O coração dos primos quase parou.
— Estamos com Charles Stuart,
membro da gangue responsável pelo atentado em Vaniville Town. Calem e Serena Windsor, para preservar seu
companheiro, compareçam à Prism Tower
sozinhos e desarmados em oito horas. Ou o companheiro de vocês enfrentará as
consequências.
Depois de tanto tempo sem capitulo, chegamos aqui! Com estas personagens tão amadas já nos seus traumas kkkk
ReplyDeleteEu vou admitir, que não reli os capítulos anteriores, mas à medida que fui lendo este capitulo, inúmeros detalhes que já não me lembrava voltaram à memória. E só tenho a dizer:
O QUE FOI ISTO?
EU TREMI! NÃO FAÇA ISSO COM CHARLIE AAAAA
JÁ ESTOU COM MEDO DO QUE VAI VIR NO 40.
AISDJASH Aii eu imaginei que iam ficar várias coisas pairando por conta desse hiato todo... Por isso dei uma empenhada pra poder trazer os próximo capítulos seguidos e não deixar isso acontecer de novo :') Mas que bom que mesmo assim conseguiu arrancar umas surpresas!! Os próximos vão ser de arrepiar!
DeleteAté a próxima, Shii!!
cê acredita que A LUZ CAIU assim que abri esse cap?? incrível seu poder qq (xinguei cinco gerações de todos os funcionários da light por uns bons minutos, mas pelo menos voltou rápido)
ReplyDeleteenfim, muito bom ser a leitora doida que releu esses caps pelo menos umas duas vezes no meio tempo de publicação, pois dei risadinhas com a obs qq
ngl eu acho que a serena tá delirando com essa conclusão, mas quem sabe a diantha tem alguma pista chave pra apontar ela na direção correta?
man, tudo a família dela regra, mesmo como ela conduzia suas relações, não é a toa que a serena se vê nela
Ela não admitiria, mas criou um apego na simples esperança de uma descoberta > oh, we always do. depois de tanta procura, qualquer possibilidade de resposta a gente se segura assim
adoro que em algum momento ela considerou a serena uma ameaça. a serena. olha pra ela sabe. miga pfvr q
me surpreendi que ela ainda sabe como abraçar ngl, e realmente magia da serena que até o coração dela se compadeceu q
mds lumiose NÃO TEM MAIS O QUE FAZER NÃO i mean claro que não MAS MDS PQ TÁ PASSANDO OS POBIS NA TV i mean eu sei um poderoso como o pai dela comanda tudo MAS PLMDDS
E DIANTHA PUTA QUE ME PARIU VIU, MEIA HORA DE SOCO SEM AMIZADE NENHUMA, QUE TIPO DE SER SEM CORAÇÃO OLHA PRA ESSA CARA DE CRIANÇA E PENSA “NOSS TOTAL DEVE SER PERIGO” EM VEZ DE “PUTZ DEVE TER ALGO DE ERRADO NESSA TRETA, XO TENTAR AJUDAR ESSA GAROTA”
Eu entendo mais que você imagina > ENTÃO PQ NÃO AJUDA VAGABUNDA PUTA MERDAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
grazadeus deu uma crise de consciência no último milésimo de segundo (MAS CÊ AINDA TÁ NA MINHA LISTA SUA BROACA EU VO PESSOALMENTE DAR UNS TAPAS NA TUA CARA)
a gardevoir also >: lenda iconica sempre
(e fiquei curiosah de pra onde ela foi, talvez entrar em contato com amizades antigas?)
enf leria mais cinco cenas da diantha sendo uma anta insensível antes de passar por isso de novo. ô deus. not ready at all for more charlie memories (e aqui ainda tocando valley of the dolls kkkkkkkkkk me jogando da ponte)
MDS BICHO FOI ELE QUE FERROU A EMMA??? MDS FILHO DA PUTA TU NÃO SE CANSA DE DESTRUIR NÃO, COMO É QUE PODE QUE VIROU PIOR QUE O PAI
ah okay não foi. não muda o que eu falei tho q
Pareciam esconder, por trás da fúria, o mesmo medo de sempre > oh dear, have u looked in the mirror lately? u just became what you feared most
É quando não podemos mais confiar em nossa visão para alertar se estamos presos em uma solidão sem fim, ou cercados por nossos maiores temores > helloooooooooo eu nem sei qual é pior mds
eu vo concordar com ele que não deviam mesmo ter voltado pra lumiose, e ninguém queria mesmo, de coração q (mas esse inferno de cidade tem que estar no centro de tudo!! NEM MERECIA, CIDADE FEIA E CHATA DA PORRA)
— Você se tornou o nosso pai. — cuspiu as palavras. — Pior que ele. > OBRIGADA CHARLIE EU PRECISAVA QUE ALGUÉM ESFREGASSE ISSO NA CARA DELE probs cê vai morrer agora mas valeu a pena obrigada qqq
QUE FAMÍLIA, SEU PERTURBADO, PRA TER FAMILIA PRECISA TER ALMA E A TUA TU VENDEU
Um traidor das pessoas que te acolheram > oh boy, this doesnt make me feel good >.>
kkkkkkkkk FUCK ele vai direto entregar numa bandeja pro stefan, fudeu
meninos que bom que cês estão num confortavel café da manhã, agora PLMDDS DEEM FALTA DO CHARLIE E SE TOQUEM QUE DEU RUIM
E retornar aqui é… Bem, sem palavras > MELHOR DEFINIÇÃO NUNCA VAI TER
Quando foi que pensou tanto antes de conversar honestamente com sua própria prima? > não pra ser a EU TO DIZENDO EU TO AVISANDO mas plmdds gente SENTEM E CONVERSEEEEEEEEEEEEEEM [sacudindo as crianças e amarrando elas pra conversar]
mas, como dizia um antigo ditado: para quem não sabia para onde ir, qualquer caminho serviria. > oh, alice, não é? cheshire diz isso pra ela
ai, charlie, você com certeza aprendeu muita coisa, mas, enquanto negava tudo o que existiu antes, isso só se tornou uma avalanche pronta pra te derrubar....
Seu irmão passou muito tempo tentando lembrá-lo de quem ele era. E Charlie passou mais tempo ainda tentando se esquecer > jesus cristoooooooooooooooooooo
Quando se sentou na frente de Charlie, murmurou:
Delete— Gostou daqui? > super, mó receptivo e acolhedor, clima familia qq
mds ele tá A DIAS?????? tho a percepção de tempo dele deve estar toda ferrada né. mas com certeza mais de um dia deve ter, meu jesus
PLMDDS ELE TOMOU A FUCKING PRISM TOWER olha que nunca gostei da referencia mor a paris mas não precisava sujá-la com essa imundície sabe
(e, assim, rolava umas suspeitas pela pagina de lideres de ginasio, mas mermaozinho, o reveal foi de arrepiar)
AI AQUELA FODIDA FERRANDO AS CRIANÇA ATÉ QUANDO NÃO FOI NECESSARIAMENTE A INTENÇÃO DELA, AGORA AINDA VÃO FICAR DE SEQUESTRADORES, EU VO CAÇAR ESSA VAGABUNDA E_E
PUTA QUE ME PARIU????????????????????????????????? TEAM FLARE???????????/ FUCKING TEAM FLARE????????????????? DIANTHA SUA PERTURBADA EU ESPEREI QUE VOCÊ FOSSE PROCURAR O SYCAMORE NÃO O INSANO MDS DO CÉU [SCREECHES]
(E CARALHO HAOS PUTA QUE ME PARIU TU ME PEGOU MUITO DESPREVENIDA NESSA, VO IR TE SOCAR E DEPOIS ABRAÇO PQ PORRA QUE GALAXY BRAIN??? MAS PRIMEIRO O SOCO VIU)
mds ele já esteve em laverreeeeeeeeee (e mds que medo dessa menção assim “do nada” pq duvido que realmente seja do nada rçrçrçrç e se eu fechar o note e fingir que não li nada disso ein)
o charlie a ponto de assaltar uma pobi doente askdçnsdansddsçksda (also mds eu nunca ia ter coragem de assaltar ninguém em laverre, eu me mudava se precisasse continuar nessa vida de ladra pq fora de cogitação T^T)
olha haos se ele foi de alguma maneira adotado por essa senhora e cê der um jeito de arrancar nosso coração pela milésima vez com esse plot eu VO te caçar
ai nada nunca é tão ruim que não possa piorar né (a demonia sem alma que me recuso a nomear apareceu de novo)
JESUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUS O SHOW TÁ ARMADO EIN noss magina o stefan vendo isso, vai na hora pra lá kkkkkkkkkkkkkkk mds o Caos que vai dar isso, não tenho saude pra uma coisa dessa
Morrendooo com a vida imitando a arte e derrubando a energia (espero que as coincidencias parem por aí qqq)
DeleteTo muito feliz que algumas das surpresas realmente pegaram de surpresa AUISDUIS Mesmo umas coisas que acho que já dava pra imaginar (ainda mais vc que sempre repara em todos os detalhes!) a gente ainda não sabia como iam se amarrar... E a resposta é que num grande nó qq
Tem tanta história ao mesmo tempo... A Diantha, o Charlie com o irmão, os primos fugindo do Stevan... Pior ainda é que essas coisas se misturem logo na pior cidade possível q Se eu não me engano, com esse capítulo só temos mais uma cena agora de flashback do Charlie... Ou seja, por agora, o Charlie do passado e o do presente já quase se encontraram... Falta bem pouquinho kkkkk
OBS: E amei que vc pegou a referência de Alice <3 Aquele quote é de lá mesmo, e uma das minhas favoritas <3