Do You Wanna Play With Me?
Dicas de aproveitamento: Coloque a música abaixo para tocar, e apague as luzes durante a leitura.
Vaniville Town, Kalos.
Alguns séculos atrás.
Alguns séculos atrás.
A
doce garotinha corria pelos largos corredores de forma animada. Afinal de
contas, os corredores de sua mansão eram enormes mesmo. Era à tarde, um momento
oportuno para suas brincadeiras. O sol entrava suavemente em feixes distorcidos
pelas vidraças feitas em mosaico. Os cabelos louros da menina esvoaçavam
conforme ia ganhando velocidade, até que lhe caíssem novamente às costas quando
parava de correr
Foi
em uma dessas paradas que ouviu o som de passos cada vez mais altos. Parou um
pouco e observou aquele som. Vinha de algum dos cantos do corredor. Se não pelo
som de sua ofegante respiração, aqueles passos eram o único barulho que
quebrava o silêncio mórbido da mansão.
Ela
andou discretamente para um dos cantos do corredor. O canto direito.
Provavelmente alguma coisa estava vindo de lá. Ela jurava que vinha de lá.
Porém, o som dos passos se tornou mais nítido do outro lado, de repente. Antes
que fosse capaz de se virar, sentiu uma mão pesada em seu ombro repentinamente,
o que a fez soltar um alto grito agudo.
—
Papai? — indagou, se afastando. — Você me assustou.
Ele
ajeitou os óculos curvos. Usava uma roupa comum para a época, a não ser pelo
fato de serem um pouco mais caras que o normal. Um paletó negro longo que
cobria até abaixo da cintura, e calças acinzentadas grossas. Em sua cabeça, uma
cartola também escura.
A
garotinha, com um vestido azul e branco longo realmente desconfortável. Mas ela
já estava acostumada, é claro. Os sapatinhos espremendo seus pés. Uma menina de
oito anos e alguns meses.
—
Desculpe-me. — foi o que o pai falou, dando uma risadinha. — Mas, filha, não
consigo concentrar no trabalho com tu correndo por este corredor! Está
atrapalhando.
A
menininha abaixou a cabeça.
—
Desculpe.
Ele
a abraçou repentinamente, a afagando em seu ombro. Ela retribuiu o abraço,
sentindo o calor do corpo do progenitor. Quando os instantes longos do abraço
terminaram, ela o encarou nos olhos. Ele viu aquele par de olhos azuis
cabisbaixos.
—
Mas eu estou entediada! Não tenho ninguém para brincar aqui. Se ao menos eu
tivesse um primo, ou algo assim…
O
pai estava abaixado para ficar na altura da menina. Tocou-a no rosto e a
encarou com compaixão, dando um sorriso discreto para ver se haveria alguma
resposta.
—
Eu sei, eu sei. — ele concordou. — Mas não podemos sair, esses movimentos
revolucionários estão cada vez mais violentos. Deveste ficar no conforto de
nossa casa. — ele falou, se levantando. — Para tua sorte, porém, tenho uma surpresa,
Sarina.
Sarina
se iluminou por um momento, o suficiente para levantar a cabeça para ver o pai.
Ele esticou o braço com a mão aberta, como um convite. Ela saltitou e segurou
sua mão, permitindo que o pai a guiasse. E, por sinal, realmente precisou ser
guiada, afinal, a mansão da família era enorme. Todavia, estava sendo
construída ainda. Viria a crescer muito futuramente, dominando Vaniville.
Chegaram
até um dos cômodos, uma salinha de visitas.
—
Feche os olhos.
—
Este presente eu só te daria daqui a algumas semanas, porém, acho que posso
dar-te para me redimir por tu estar tão sozinha ultimamente. — falou o pai. O
som de uma caixa sendo apoiada no chão foi ouvido. — Pode abrir!
Ela
tirou as mãos e se deparou com uma caixa de possivelmente setenta centímetros.
Não que isso importasse na hora. Estava embrulhada em um papel azul-claro, que
logo se desfez com rasgos violentos e ansiosos de uma criança que queria ver
seu novo presente.
Por
baixo, uma caixa de madeira. Ela abriu a tampa e puxou seu conteúdo, soltando
um grito de empolgação.
Uma
boneca.
Todavia,
ela não era como qualquer boneca que ela já tivesse. Era um pouco maior. O
rosto de porcelana, branco. Cabelos castanhos distribuídos em cachinhos que lhe
caiam dos lados. Um vestido bem feitinho, parecido com o que as mulheres mais
velhas que Sarina via vestiam. As bochechas coradas e uma expressão séria no
rosto. Era linda.
—
Papai, eu adorei!! — ela exclamou.
—
Eu não espero que tu penses que quero que ela me substitua, Sarina. Mas ela
ficará para você brincar quando eu não estiver presente. — disse o pai,
sorrindo.
A
menina concordou, feliz para testar seu novo brinquedo.
—
E então, qual o nome dela? — indagou o pai, com um sorriso.
A
garota ponderou por alguns instantes, olhando para a expressão estática da
boneca, perguntando-se qual nome se adequaria com aquela pequena figura. Algo simples
e bonito. Algo que combinasse.
—
Já sei. — Sarina sorriu para o pai, enquanto segurava a boneca no colo. — Mary.
...
Dizer
que Sarina fazia apenas quase tudo com Mary seria, sem sombra de dúvidas, um
eufemismo. A boneca era arrastada para todos os cantos da casa, como uma amiga
inseparável, o dia todo. A amiga que a garota estava tanto aguardando. Não
importava a atividade. Correr no corredor, brincar no jardim, dormir… Mary
estava junto de sua dona para tudo.
Não
seria diferente em uma tarde ensolarada perfeita para brincar. Brincava com a
boneca em seu quarto, tomando chá de mentirinha. Algumas outras bonecas
coadjuvantes faziam parte da festinha. O chão do quarto era coberto na maior
parte por um tapete. Prateleiras para todos os cantos com bonecas e outros
brinquedos, lotadas. Um espaço vazio ficava no centro, pois era o lugar de Mary
ficar, embora ela nunca ficasse na prateleira. Uma penteadeira no lado oposto à
porta, de mogno. E uma pequena janela, que naquele momento estava aberta,
deixando o doce ar vespertino entrar.
Ouviu
passos de alguém se aproximando. Assim que se virou par a porta, deparou-se com
uma mulher de longo vestido e chapéu, enquanto se abanava com um leque nas mãos
enluvadas. Seu olhar era fundo e cruel, como um predador pronto para atacar sua
presa. O corpo, esquelético. Como uma bruxa.
Ela
abaixou-se para a menina, cuja respiração tornou-se mais pesada.
Agnes,
a madrasta de Sarina.
—
Ora, querida, você estava aqui? Eu a procurei por todos os cantos. — a voz era,
de fato, como a de uma bruxa. Cínica e debochada. Ao final da frase, deu um
sorriso com os dentes amarelados.
Sarina
não se mexeu.
Agnes
encostou a porta, ainda com o sorriso falsamente simpático no rosto.
Sarina
não se mexeu.
A
cena seguiu-se com golpe de leque no rosto da menina. Forte, audível, mas não
suficiente para fazê-la se mexer. Os olhos se fechavam com força, enquanto a
respiração pesada forçava para não dar qualquer indício de choro.
—
Responda a mim quando eu perguntar-te algo! — bradou Agnes, irritada. Ela abriu
o leque e se abanou. Odiosa. — Minha echarpe favorita desapareceu. Você a viu?
Sarina
permaneceu parada, tentando segurar os soluços, ainda que alguns lhe
escapassem.
—
Sim. Ou. Não?
—
Não, senhora. — ela disse de prontidão.
Agnes
deu alguns passos ao redor, examinando o quarto. Deu novamente um de seus
sorrisos amarelos debochados, enquanto Sarina se recompunha. Quando se deu
conta, a madrasta tinha se abaixado novamente, sussurrando.
—
Vamos, querida. É só dizer. — disse, com a clássica falsa simpatia. — Será que
você não a pegou de novo minhas coisas para brincar? — indagou.
Sarina
balançou a cabeça para os lados, negando. A mulher assentiu, por alguns
instantes. Alguns curtos instante de silêncio tranquilizador, que fora quebrado
momentos depois. Agnes desferiu um tapa no rosto de Sarina. Um tapa forte o
suficiente para fazer eco no corredor, mesmo com a porta fechada. Forte o
suficiente para jogá-la contra a mesinha de chá e derrubar as bonecas. A menina
tinha soltado um grito abafado, e agora chorava.
—
Mentirosa, eu sei que foi você quem pegou. — falou Agnes, voltando-se para a
porta. — E nem ouse contar isso para seu pai. Você sabe, querida, essas coisas
são nossos segredinhos femininos.
Agnes
se virou para ver o estrago feito, e de fato as bonecas também haviam ido ao
chão com Sarina. Menos uma boneca, a qual ela nunca havia reparado. Mary. A
boneca permanecia intacta, sentada sobre uma das cadeirinhas, a qual estava
exatamente de frente a ela. Parada.
Após
encará-la por alguns momentos, Agnes piscou os olhos e ignorou, se retirando do
quarto.
...
—
Não quero ir! — refutou Sarina, incomodada.
Alguns
empregados colocavam as coisas na carruagem no jardim da mansão, enquanto o pai
da menina comandava onde cada coisa deveria ficar, e chamava alguém para
liderar os Rapidash que liderariam a carroça. Coberta por inteiro, com apenas
uma portinha de entrada, era a carruagem da família.
—
Filha, precisamos ir. — falou o pai, se agachando. — Faz tempo que não
visitamos o tio.
Ele
tocou no rosto dela enquanto falava, e a ouviu abafar um “ai”. Quando tirou a
mão, notou uma marca.
—
Se machucou brincando, outra vez, Sarina? — indagou ele, recebendo um aceno
positivo. — Deveste tomar mais cuidado!
Sarina
preparou-se para subir na carruagem, puxando Mary, quando ouviu seu pai
repreendê-la mais uma vez.
—
É melhor não levá-la, filha. — disse.
—
Como? Por que não? — ela perguntou, chateada.
—
Tu sabes, suas primas são mais novas e vão querer vê-la. E elas não têm o mesmo
cuidado com Mary que ti. — ele falou, com um sorriso de compreensão.
Ela
resmungou algo.
—
Deixe com a Agnes, ela a levará em segurança para o quarto. — disse, apontando
para a madrasta, que ficaria em casa. — Certo?
A
mulher sorriu e assentiu.
Relutante,
Mary deixou a boneca naquelas mãos esqueléticas. Viu um sorriso amarelo torto
em resposta.
Em seguida, ambos subiram na carruagem. Após alguns minutos, o “motorista” comandou os Pokémons para começarem a andar. Os portões da mansão se abriram, permitindo a passagem. Agnes acenou de longe com a mão livre até perdê-los de vista. No momento que os portões se fecharam, ela instantaneamente voltou para dentro.
As vantagens de se
casar com um homem que não se ama e ter que aturar a filha chata dele? Agnes perguntaria, e responderia
em seguida que sem dúvidas era ter uma casa imensa a seu dispor, com
empregados. A nobreza.
Ela
subiu as escadas até o quarto de Sarina, organizado como sempre. Buscou o
espaço vazio na prateleira das bonecas e colocou Mary, que encaixou
perfeitamente. Ficou a olhar a boneca por alguns momentos. Os olhos dela.
Parecia ter algo intrigante em seus olhos. Azuis e brilhantes por dentro, com
cílios perfeitos contornando...
Quando
a porta bateu.
O
coração de Agnes disparou com o susto, mas ela apenas deu risada em seguida.
Deixou Mary com uma mão para cada lado, basicamente cada uma em cima de uma
boneca dos lados. Logo, abriu a porta do quarto e saiu.
...
As
horas do dia se passaram rápido, ela poderia dizer. Sozinha, aproveitando tudo
o que tinha direito, era difícil não passar. Já anoitecia. A mulher caminhou
pelos corredores, enquanto os empregados concluíam suas últimas funções do dia.
Uma delas instruiu sua patroa:
—
O jantar já deixaram pronto, o resto dos cômodos arrumados… Tens certeza que
não quer alguém para fazer-te companhia? — indagou.
—
Óbvio que não. — retorquiu Agnes. — Por que o desejaria?
A
senhora sorriu.
—
Ora, é uma casa enorme. Se precisares de ajuda, ou te machucar, não te
ouviremos dos fundos. — falou.
—
Ótimo. — respondeu Agnes. — Não quero
mesmo plebeus invadindo a minha casa.
— enfatizou. — Agora vá.
A
senhora saiu correndo, não aguardando um segundo comando. Agnes aguardou que a
empregada saísse da casa e a deixasse só, enfim. Ela respirou aliviada. Uma
noite tranquila, sozinha, naquela mansão. Era tudo o que desejava.
Subiu
para o andar de cima, e caminhou tranquilamente pelo grande corredor. Acendeu
as luzes para evitar tropeçar em qualquer coisa. Passou por um dos banheiros,
pelo escritório, por uma das salas de visita, pelo quarto de Sarina e…
Voltou
para o quarto de Sarina. Do corredor, mesmo com a porta semi-encostada, conseguiu
ver a prateleira das bonecas. Todas como estavam, com exceção de um detalhe.
Mary estava com as mãos juntas, entre as pernas.
Ela
refletiu por um momento, mas deduziu que alguma das empregadas havia arrumado o
quarto de Sarina e mexido. Óbvio. Continuou andando até, enfim, chegar ao
banheiro maior.
Tranquilamente
despiu-se enquanto deixou a banheira encher-se. Um vestido daqueles dava
trabalho de se tirar. Deixou-o cair e retirou as roupas íntimas, olhando para o
espelho totalmente limpo e admirando sua aparência de bruxa. Acendeu velas
aromáticas para tornar aquele momento ainda mais agradável. Mesmo sozinha,
fechou a cortina que separava a banheira do resto do banheiro.
Enquanto
o aroma adocicado e exótico adentrava suas narinas, sentiu a água quente ao
tocá-la com o dedão do pé. Aos poucos colocou seu corpo todo e deitou-se,
ficando totalmente coberta, a não ser pela cabeça, de água espumada. Fechou os
olhos e aproveitou aquele momento de paz, enquanto ouvia o suave som das gotas
finas de chuva caindo sobre as gramíneas do jardim.
Uma
hora se passou, até que o vapor praticamente cobrisse todo o banheiro, e Agnes
decidisse finalizar seu momento relaxante. Pegou uma toalha e cobriu o corpo
esguio, enquanto com uma menor, cobriu seus cabelos negros lisos. Abriu a
cortina e examinou-se no espelho, só então se dando conta de que estava todo
embaçado, é claro. Porém, no canto, era possível avistar um pequeno símbolo.
Algo como uma carinha sorridente, não embaçada, como se alguém a tivesse feito
instantes antes.
Ela
engoliu em seco, e logo em seguida passou a mão, tirando o vapor ao redor e,
consequentemente, a apagando. Abriu a porta do banheiro, e reparou que a luz do
corredor estava apagada. Uma completa penumbra se estendia ao longo do caminho,
onde a luz do banheiro não alcançava. Ela sabia que o interruptor ficava apenas
no final do corredor, mas ambos os lados estavam tão escuros que mal conseguia
dizer onde terminavam.
—
Olá?
Era
ridículo chamar, ela sabia que não havia ninguém. E, mesmo que houvesse, não
responderia ao chamado. Entretanto, a segurança da mansão era excepcional, de
forma alguma permitiriam a entrada de alguém. Ou seja, só podia estar sozinha.
A luz deveria ter queimado, é claro. O espelho deveria ter sido algum desenho que
Sarina fez anteriormente que o vapor não conseguiu cobrir.
Ela
olhou para o lado direito. O quarto ficava lá. Por que estava com medo? Não
sabia, ou não queria responder. Apenas saiu correndo. Um passo, dois passos,
três passos. Antes que pudesse continuar, tropeçou. Na verdade, sentira algo ao
tropeçar. Não havia no que bater, sentiu como se algo tivesse puxado seu pé.
Quando atingiu o chão e soltou um grito abafado, viu um pedaço de papel no
chão, com uma caligrafia tremida e infantil.
Você gosta de machucar os outros
nas brincadeiras.
Quer brincar comigo?
Quer brincar comigo?
Agnes
se levantou, com a toalha frouxa quase caindo de seu corpo. Ela não se
importou. Correu, até o quarto, o mais rápido que pôde, a passos largos. Quatro
passos, cinco passos, seis passos… Até, enfim, chegar no lugar. Acendeu a luz
ao mesmo tempo em que fechou a porta, batendo-a. O chuvisco ao fundo competia
com o som de sua respiração ofegante, e o som que ouvia de seu próprio coração
batendo. Estava de costas para a porta, encostada, e permitiu-se abaixar até
chegar ao chão, onde esfregou as mãos nos olhos, se recompondo.
Levantou
a cabeça ainda de olhos fechados, e os abriu suavemente, novamente seu coração
quase saltando para fora da boca. No teto, rabiscado com algo que só poderia
ser giz vermelho, estava escrito, com a mesma caligrafia.
Você não respondeu
Quer brincar comigo?
Quer brincar comigo?
Ela
virou sua cabeça lentamente para a cama ao lado.
Lá
estava Mary, de braços e pernas cruzados.
Ela
a olhava.
Quer brincar comigo?
...
Desceram
saltando da carruagem, correndo. O coração de Sarina batia aceleradamente, e
ela não sabia por que. Talvez esse era o problema, não saber o motivo é que a
preocupava. Seu pai sequer a acompanhava, ele apenas corria na frente. O céu
estava nublado naquela manhã fúnebre, onde tiveram que partir mais cedo devido
a uma mensagem enviada por um dos empregados.
Pessoas
estranhas rodeavam a mansão. O que estava acontecendo, afinal? Ela apenas correu
atrás de seu pai, que parou por um instante e a segurou, com força. Sarina
encarou aqueles olhos castanhos, que pareciam desesperados e completamente fora
de si.
—
Filha. Não vá, por favor. Você não pode ir. Fique aqui. — as frases eram
tossidas, como se cada palavra o fizesse engasgar.
Ela
assentiu, relutante.
O
pai sumiu de sua vista, correndo na frente. Por outro lado, a menina não poderia
deixar de ver o que estava acontecendo. Sua curiosidade infantil não
permitiria. Quantos não são os erros que cometemos na infância?
Aquele
foi o maior de Sarina.
Ela
entrou correndo, e subiu as escadas indo até seu quarto. Nada diferente, nada
fora do normal. Ela só se preocupava com alguma coisa. Mas não, Mary estava no
lugar onde esperava. Parada, é claro. Era só uma boneca. Puxou-a da prateleira
e a abraçou com força. Foi quando ouviu um grito provindo de seu pai.
A
garota correu até o lugar. O quarto de seu pai. Contou os passos largos que
deu, meio saltitados, para ver o que acontecia. Ela avistou a porta aberta,
porém, tinha gente demais. Não dava pra ver o que tinha dentro. Uma das empregadas,
uma senhora, sentada em uma cadeira fora, enquanto os outros a seguravam.
“Ela
não me deixou ficar, ela disse que não tinha problemas ficar sozinha”.
Ela
buscou uma fresta entre as pernas para espiar o que estavam observando. Foi
quando soltou um grito, que até fez Mary cair de seus braços. A cena passou-se
em câmera lenta.
O
quarto estava repleto de sangue. O líquido vermelho deixava o quarto fedendo a
ferro. Suja do mesmo sangue, estava Agnes. Porém, de uma forma estranha e
horrenda. Estava pendurada pelo pescoço, ligada a algo com o teto. Os cabelos
negros lhe caíam, tampando o rosto do cadáver. A pele estava clara e mórbida.
Ela estava nua, mas o corpo tinha tantas marcas de sangue que era difícil deduzi-lo.
Sarina
reparou no que prendia a ex-madrasta ao teto. Era um pano detalhado e colorido.
Era uma echarpe. Afinal de contas, ela o havia encontrado. As lágrimas lhe
escorreram pelo rosto.
Mary
atingiu o chão.
Notas de Rodapé
Caso vocês estejam se perguntando o motivo disso, digo que é um especial que tenho planejado há um longo tempo, mas demorei a estreá-lo. Agora, com o Halloween, foi a data perfeita! Este é o primeiro conto de terror de vários. Aliás, a primeira parte de uma pequena saga, que suponho que terá três partes, dentro desse especial. Ou seja, teremos uma continuação do que vocês leram aqui. Bem, espero que não tenha sido tão assustador, porque ao meu ver não foi. Mas tenham certeza que as próximas partes tem de tudo para ser mais macabras! E pra quem ainda não leu, tentem ler seguindo as indicações do começo do post, eles tornarão a experiência ainda melhor!
Se estão se perguntando se isso tem alguma relação com a história central, não vou responder agora. Isso vocês entenderão em breve! Eu garanto!