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Notas do Autor - Capítulo 39



Vamos fingir que eu não larguei um mega cliffhanger na mão de vocês por quase 3 anos e voltei como se nada tivesse acontecido kkkkkkkk

Não, a busca de Serena não terminou, mas eu queria por um momento que parecesse que sim. Afinal, as duas tem mais a ver do que parece... Espero que ainda se lembrem mais ou menos dos rumos da história até aqui. Se não, vale dar uma passada de olho nos últimos capítulos, porque o que vem aí vai ser tenso!

Abrimos o capítulo com uma definição. Aquele momento em que a tensão se torna tão intensa que tudo estoura. Grande parte dos medos que por 40 capítulos nós tivemos estão a um passo de se concretizar. Chegou a hora de enfrentar tudo aquilo que tememos. Cara, nem sei o que dizer. Me preparei muito tempo para o capítulo 12, que era quando iríamos dar uma virada em outra direção com a fanfic. Mas o capítulo 12 era apenas um direcionamento pra outra rota, para efetivamente as coisas estourarem no 40. Nem acredito que chegamos aqui. Estamos chegando, na verdade! Mas falta pouco, falta pouco. 

Semana que vem, trago o capítulo 40. Prontos?

Capítulo 39

OBS: Como faz um tempo entre a publicação dos capítulos, vale dar uma passada de olho pelo 36, 37 e principalmente 38 antes de ler esse, para que as coisas façam sentido!
CAPÍTULO 39
Curto-Circuíto

cur·to-cir·cui·to {s.m} 1. [Eletricidade] Fenômeno onde dois pontos com diferença de potencial são unidos por um condutor de resistência fraca. ; 2. [Figurado] Colapso imprevisto quando uma situação atinge seu ápice, provocando desorientação.


Mesmo à baixa iluminação do quarto, as luzes do lado de fora atravessavam a janela e tingiam o rosto de Diantha, que parecia pálido como a neve. Nem a claridade da TV sem volume pendurada na parede conseguia lhe conferir cor. Os olhos azuis de Serena cravavam em si, suplicantes, confusos, esperançosos, em um turbilhão de emoções e pensamentos, mistérios talvez finalmente esclarecidos. Os momentos de silêncio não foram tão longos, mas para as duas, teria cabido uma eternidade.
— O que disse? — indagou a Campeã.
Diantha deu alguns passos para trás, subindo a mão em que segurava o telefone do hotel.
— Garota, você está delirando. — disse, digitando.
Serena avançou, tentando tocar sua mão mas ela recuou.
— Mãe, eu…
— Pare de me chamar assim! — seu tom aumentou, preenchendo o quarto. — Eu não sou sua mãe!
A menina não deu sequer um passo para trás.
— Meu pai disse que você era uma treinadora formidável.
— Pare!

— E sua família te pressionou por esse cargo… Eu já cogitei que fosse você, mas quando relembrei sobre sua família… As coisas fizeram sentido, eu acho que…

Diantha a afastou, quase rugindo:
— Garota, eu nunca tive filhos. Nunca. Eu fui proibida desde jovem, até que me casasse. Eu me lembraria se tivesse tido algum.
As palavras se espalharam pela imensa suíte, reverberando pelas paredes e sendo consumidas pelo silêncio consequente. Serena congelou, caminhou para trás e voltou a olhar perdida para as ruas. Por alguns minutos, tudo parecia que tinha sido resolvido. Ela não admitiria, mas criou um apego na simples esperança de uma descoberta.
Porém, logo se viu novamente perdida no mesmo lugar, como uma das almas em meio a Lumiose, se misturando entre as luzes das inúmeras ramificações urbanas. Seus olhos se encheram de lágrimas, e ela desabou. Diantha foi pega de surpresa, embora custasse a tirar sua típica expressão de repulsa do rosto. Ouvia as buzinas, os motores; mas os soluços da garota abaixada em sua frente superavam qualquer ruído.
Ela já teria gritado por algum segurança, porém não conseguiu evitar sentir-se tocada por Serena. Sem forças, ela parecia menos uma ameaça. Diantha aproximou-se lentamente, também sem muita noção de como proceder. Avançou a mão e sentiu sua pele. Em seguida, gradualmente se moveu para um abraço. Um abraço frágil, de consolo, que ela não soube dizer de onde exatamente vinha.
— Me desculpe. — falou Serena.
Diantha passou os dedos pelos fios louros da garota, penteando-os.
— Eu achei que finalmente… — soluçou a garota. — Finalmente…
A Campeã olhou reflexiva para a cidade na janela.
— Está tudo bem. — disse, ensaiando tanto as palavras, mas nenhuma delas seria boa o suficiente. — Você… Você irá encontrá-la.
Diantha não era o tipo de pessoa que simpatizava com estranhos daquela maneira. Contudo, algo em Serena lhe chamou a atenção. Perdida nos próprios pensamentos e ainda sem uma resposta, deslizou os olhos para o televisor, encontrando uma notícia sobre três fugitivos aparentemente escondidos em Lumiose City. Engoliu em seco e largou a loura, dando alguns passos para trás. Serena fungou o nariz e encontrou novamente o olhar de Diantha assustado, com o telefone na mão.
— Você é… — murmurou ela.
— Por favor! Não!! — gritou Serena, avançando contra ela.
Diantha tentou se defender, enquanto o telefone discava.
— Me desculpe. — falou.
Serena tentou impedi-la, mas as duas tiveram um embate.
— Polícia, eu encontrei uma fugitiva…
Serena deu um tapa que fez o telefone sair voando pelo quarto. Diantha soltou um grito e, de prontidão, seus seguranças se dispuseram a entrar no quarto. Serena tentou trancá-lo, e a outra se afastou, contra a parede, lutando para se manter neutra.
— Eles já vão vir. Vão ver de onde eu liguei, e vão…
Novamente Serena ameaçava chorar. Dessa vez menos de tristeza ou desapontamento, mais de ira. Começou a andar para os lados, sentindo os sentidos se bagunçarem e consumirem, estando a um passo de colocar tudo a perder. Diantha havia deslizado até uma Pokébola sua guardada para o caso de precisar se defender, mas a outra parecia enfrentar algo maior dentro de si.
— Você não entende!! — gritou ela, para a Campeã. — Meu pai vai matar o meu amigo. Vai trancar eu e meu primo para sempre na nossa casa, e eu NUNCA mais vou ver a luz do dia. Eu vou me casar, e viver infeliz para todo o sempre!! Você NÃO entende!! — rugiu.
Diantha poderia não conhecer Serena, mas de certo poucas vezes alguém teve a oportunidade de ver a garota daquela maneira. As batidas na porta ficavam altas, os seguranças começavam a tentar derrubá-la. Os dedos suados da Campeã pressionaram a Pokébola com força.
— Eu entendo mais que você imagina. — murmurou a outra, lutando contra os pensamentos que lhe invadiram momentaneamente a mente.
— Se entendesse de verdade não estaria fazendo isso... — retorquiu Serena. — Sua família lhe aprisionou em um cargo, e você quer um destino igual para mim!!
Diantha sentiu um aperto. Um turbilhão passou pela sua cabeça, em seus olhos opacos as memórias de um passado perdido e de uma vida que ela nunca teve dançaram; brincaram. Ela e os dois garotos, correndo descalços pela grama; sua primeira captura; e o sombrio e fatídico dia em que tudo terminou quase que daquela maneira, sendo arrastada de volta para a fortaleza de seu lar, onde viria a se tornar a mais forte pela honra de sua família.
Ela não teve mais tempo. Disparou a Pokébola e Serena viu uma criatura ganhar o espaço. Tinha uma silhueta humana, um corpo suave que levitava e olhos sérios que examinaram e leram toda a mente de Serena em segundos. Era uma Gardevoir, espécie psíquica extremamente ligada às emoções dos treinadores. Diantha murmurou, segundos antes da porta desabar.
— Teleport.
Art by @arengarci
Serena piscou.
Quando abriu os olhos, não fazia a menor ideia de onde estava. Parecia uma rua vazia. Seu coração ameaçava sair pela boca de tão acelerado, as mãos e pernas tremiam tanto que ela se abaixou e respirou todo o ar que conseguiu em seus pulmões, como se tivesse acreditado que nunca mais poderia fazê-lo. Levantou o olhar, e viu a moça à sua frente olhando para as estrelas que um dia esqueceu que existiam sob sua cabeça.
Apenas a respiração ofegante de Serena cortava a quietude do momento. Contudo, Diantha deu alguns passos, ainda com a cabeça alta.
— Talvez você, afinal, tenha me dado uma resposta que procuro há muito tempo.
Diantha tocou sua Gardevoir. O Pokémon não esboçou reações, mas era capaz de saber exatamente o que passava na mente de sua treinadora. Era alguém que acompanhou toda a sua trajetória ao longo dos anos, cada nuance e emoção que cruzou sua cabeça. A Campeã olhou para trás uma última vez.
— Fuja, e não deixe que te capturem. — disse. — Ou vai ser o fim.
— Para onde você vai? — inquiriu Serena, se levantando.
Diantha tornou a fitar as estrelas.
— Talvez eu a entenda mais que você imagina. — repetiu.
E logo sua imagem tremeluziu às sombras da noite, enquanto Gardevoir concentrava seus poderes psíquicos em um novo teletransporte, deixando Serena sozinha pela noite de Lumiose.
♠ ♣ ♠
Os pés de Charlie se mexiam nervosos no chão gasto, como se estivesse descalço no asfalto quente. Ele não conseguiu subir o olhar e encarar Marc; escondia as mãos vazias atrás das costas, suando frias, os dedos tamborilando entre si. O cheiro da fumaça do cigarro invadia as narinas e lhe dava náuseas – como se já não estivesse suficientemente nauseado naquele dia. Sem pressão, o irmão recostou-se na cadeira, soltando a fumaça pela boca.
— O que você pegou, Charlie?
Alguns segundos de silêncio já haveriam sido resposta suficiente. Um arrepio correu seu corpo como um choque.
— Nada. — respondeu, por fim.
Marc não mudou de expressão. Levantou-se e caminhou pela salinha, os passos vibrando nos ouvidos de Charlie, que continuava com os olhos no chão. Marc subitamente o agarrou pelo braço, e ele foi tomado por um imediato medo, ouvindo sua voz hipnotizante no pé do ouvido em um tom grave e ameaçador sem que o mesmo sequer fizesse esforço.
— O que tá acontecendo com você? Hein?
Charlie se desprendeu de sua mão, finalmente o encarando.
— Eu sei que foi você. — disparou. — Onde a Emma tá?
Marc congelou por curtos segundos, mas formou um fino sorriso, soltando uma risadinha. Charlie foi consumido no mesmo instante por uma fúria interior que bagunçou seus instintos, fazendo-o disparar um soco em direção a Marc. Os dois segundos de impensada coragem lhe pesaram no mesmo momento, quando percebeu que dar asas à sua vontade foi uma decisão estúpida.
Dois rapazes da gangue de imediato partiram para cima de Charlie, o imobilizando e derrubando. O garoto levou um soco no estômago que o deixou transtornado. Marc colocava a mão sobre o rosto ferido, encarando seu par de óculos escuros no chão, imerso em cólera.
— FICOU LOUCO? — gritou para o mais novo.
Marc se levantou, como se nada tivesse acontecido. Colocou os óculos e, logo, estava mais uma vez impassível, neutro em suas expressões. Sentou-se novamente, deu batidinhas no cigarro e tragou.
— Eu sabia que tinha alguma coisa estranha no sumiço dela. — murmurou. — Não acredito que tu mentiu pra gente.
Charlie tentou levantar o olhar, resgatando o oxigênio que lhe restava, fuzilando-o com os olhos.
— Você…
— Eu to cagando pra ela. — interrompeu Marc, soltando a fumaça em uma longa baforada. — Mas, seja lá o que aconteceu, bem feito. Aqui não tem lugar pra covarde.
Charlie abaixou a cabeça, sentindo ainda a dor aguda confundindo seus sentidos, impedindo-o de responder por si mesmo. Cerrou os punhos e encostou a testa no chão frio, deixando escapar quase que um pedido de socorro.
— Eu não quero mais fazer isso, Marc.
Levaram alguns segundos para que o outro novamente se levantasse. Com o pé, empurrou Charlie no chão, fazendo-o cair sentado. Puxou-o pela gola e o mais novo conseguiu ver de relance os olhos do outro por detrás dos óculos. Estavam diferentes, mas por essência ainda eram como Charlie se lembrava deles. Pareciam esconder, por trás da fúria, o mesmo medo de sempre.
— Você não tem que querer.
♠ ♣ ♠
Por que existe tanto medo do escuro?
Talvez o medo não seja propriamente da escuridão, e sim de não sabermos o que existe nela. É quando não podemos mais confiar em nossa visão para alertar se estamos presos em uma solidão sem fim, ou cercados por nossos maiores temores.
Charlie moveu as mãos, mas sentiu uma corda apertando os punhos que o impediam de movimentá-las. O corpo também pouco foi capaz de se movimentar para além da posição sentada em que estava. O breu era total, não conseguia sequer encarar seu próprio corpo. Em um silêncio absoluto, ouvia os próprios soluços desesperados e o coração batendo com velocidade.
Absorto por sua impotência, os curtos minutos de sua solidão no nada se estenderam por um torturante tempo incógnito. Até que gradualmente fosse capaz de distinguir passos em alguma direção e, talvez, o silêncio e a solidão soaram quase que como uma saudade, temendo o que estava por vir. Ele sabia o que era; lutou por muito tempo para evitar aquilo.
Uma porta se abriu às suas costas e uma réstia de luz preencheu momentaneamente o cômodo. Era uma pequena sala, parecia um depósito, muito menos horripilante que sua própria mente pintava. Contudo, os passos ganharam volume em sua direção, em um sádico prazer da dúvida. O garoto relutou para se virar, tentou disparar frases, porém tinha a boca amordaçada. Uma luz acima de si foi acesa, velha e empoeirada, que estalou por algumas vezes em uma falha, trazendo curtos relances da figura em sua frente.
— Eu avisei.
Seu irmão cruzou os braços, encostando em uma cadeira em sua frente. A lâmpada lhe atingia diretamente, criando uma sombra que àquele ângulo se desenhava como um personagem de filme de terror. Por trás dos óculos, os impassíveis olhos de Marc fitavam Charlie em um momento que ele aguardou por muitos anos, principalmente depois do reencontro da última estada em Lumiose.
— Eu poderia dizer que você até que tem um pouco de coragem. — disse Marc, cruzando os braços. — Mas aposto que foi só burro, mesmo. Porque covarde você deve ser até hoje.
Ele caminhou pelo cômodo.
— Charlie… Charlie…
Repetia o nome como uma melodia, a própria palavra perdia seu significado na repetição constante e ensaiada. O outro tentava se mover, mas não podia. Era inútil. Seu irmão o tinha aonde queria e ele podia ao máximo ser um espectador de sua própria desgraça.
— Eu avisei que você não deveria ter voltado.
Charlie se manteve em silêncio. Seu irmão puxou com cuidado a mordaça, permitindo que o garoto voltasse a sentir a dor nos lábios ao poder tentar falar novamente. Marc se aproximou; o cheiro de cigarro era um dos traços que marcava a figura de seu irmão as últimas memórias que teve. Só isso seria suficiente para fazer Charlie se arrepiar – quando alguém fumava perto dele, às vezes seu coração disparava só pela recordação.
Estava tudo igual, era exatamente assim que visualizava que as coisas terminariam, caso o pior acontecesse. Charlie forçou os olhos cansados contra ele.
— Você se tornou o nosso pai. — cuspiu as palavras. — Pior que ele.
Sentiu os dedos de Marc sobre sua pele – como se estivesse escolhendo onde iria provocá-lo, sentindo o hálito quente na contraluz.
— Eu me tornei o que eu precisei me tornar.
— BESTEIRA! — rugiu Charlie.
O outro o empurrou, a cadeira ficou balançando. Marc tomou alguns segundos para recuperar a respiração. Colocou-se de costas, já não era mais possível ver seu rosto, apenas olhar a sombra que fazia na parede do pequeno depósito, tomando proporções assustadoras com a lâmpada pendurada balançando.
— Tu deu sorte. — balbuciou. — Sorte de ter sobrevivido, sorte de ter encontrado esses riquinhos.
Marc pegou um cigarro e o acendeu, mesmo no cômodo fechado.
— A gente era uma família.
Charlie balançou a cabeça.
— Aquilo não é uma família. — falou, baixinho. — Ninguém deve ter medo da própria família.
Marc o pegou pela gola da camiseta.
— Você não sabe o que eu já fiz pra te defender.
Encarou os olhos confusos e suplicantes de Charlie quase desistentes e sem rumo, só querendo que aquele pesadelo acabasse. Marc ainda se lembrava do garotinho indefeso que era seu irmão e de cada capítulo que enfrentaram. Naquele reencontro, não havia mais o passado.
— Você é um traidor, Charlie. Um traidor das pessoas que te acolheram. E alguém que traiu a confiança do próprio irmão.
Silêncio.
— Mas foda-se. — balbuciou o irmão, em um tom nervoso. — Tu fez tuas escolhas. Agora vai arcar com elas.
E se preparou para apagar a luz acima de suas cabeças.
— Quando você veio aqui, a cabeça dos seus amiguinhos valia bastante. Mas agora… Agora elas valem uma fortuna. E até a sua. Quem diria que alguém iria procurar por você além de mim.
E Charlie se viu novamente no escuro. Rugiu, enquanto ouvia uma porta se abrir atrás de si e seu irmão se preparar para deixá-lo.
— Deixa eles fora Marc, eles não fazem parte disso. — se tentou usar um tom de ameaça, soou mais como um pedido.
Ele poderia ter visto um sorriso no rosto do irmão.
— Eles não são parte disso, Charlie. — falou, fechando a porta.  Eles são o todo..
♠ ♣ ♠
Enquanto Serena procurava algo para comer no frigobar, sentiu os olhos de Calem em si. Ela ignorou, improvisou um café da manhã, enquanto o outro tomava uma xícara de café escuro, fitando a janela embaçada e suja do hostel – a vista era reduzida, ao redor havia vários outros prédios, mas pelo menos conseguia espiar as nuvens grossas de chuva se formando no céu.
— Por onde você andou ontem de noite? — indagou Calem. — Fiquei preocupado.
Serena não o olhou nos olhos.
— Não precisava se preocupar.
Calem precisou de alguns momentos de silêncio para entender que aquela era a resposta completa. Suspirou, tenso.
— Serena, entendo que esteja passando por muitas coisas. — murmurou, com o olhar caído. — E retornar aqui é… Bem, sem palavras… Mas você precisa… Precisa ser sincera comigo. Por favor.
Serena largou as coisas nas mãos e sentiu a pressão sobre os ombros.
— Eu achei que tinha encontrado ela, Cal.
Quando falou isso, o controle começou a se esvair. Soluçou, e Calem imediatamente largou sua xícara de café e tentou se aproximar. Ela estendeu uma mão o impedindo e pareceu engolir qualquer coisa que estivesse presa na garganta, como se insinuasse que não precisava de ajuda. Ele estava arrepiado. Não sabia exatamente do que ela estava falando, mas ao mesmo tempo tinha noção o suficiente.
— Cadê o Charlie?
Aquela era a pergunta que Calem se fizera a manhã toda. Quando Serena chegou ao quarto, seu primo estava sozinho. Ele não apareceu a noite toda, mas ela tinha suas preocupações próprias. A situação estava tão tensa que o rapaz sequer ousou perguntar a ela antes o que poderia ter acontecido. Quando foi que pensou tanto antes de conversar honestamente com sua própria prima?
Calem apenas acenou negativamente com a cabeça.
— Estou com medo que algo tenha acontecido.
Após alguns momentos de pausa, voltou-se a ela.
— Você encontrou com ele ontem?
Serena respirou fundo. Sua última imagem era do garoto sair correndo do escritório do detetive, sem rumo em direção às ruas de Lumiose.
— Precisamos ir a um lugar. — disse ela.
♠ ♣ ♠
— O que cê tá fazendo, Charlie?
O garoto congelou no mesmo segundo com o susto, mas soltou um suspiro de alívio quando reparou que na penumbra quem o encarava não era Marc. Continuou jogando seus poucos pertences em uma mochila velha e gasta. Seu Pancham estava próximo, em estado de alerta. O outro se aproximou, sussurrando.
— Onde você vai?
Charlie não conseguiu encará-lo.
— Eu vou embora, Ludovic.
O garoto não soube exatamente como reagir. Só lhe ocorreu uma coisa:
— Teu irmão…
Charlie parou de guardar as coisas. Naquela escuridão, Ludovic não conseguia vê-lo direito; mas não precisava. Havia um terror claro em tudo, em sua voz, em seus gestos apressados.
— Eu sei. Não conta pra ele. Por favor.
Seus olhos verdes suplicavam, encarando-o tão no fundo em um pedido talvez grande demais. Ludovic olhou para os lados, agora sendo consumido pelo medo.
— Pra onde?
O outro colocou a mochila nas costas e acenou para seu Pokémon.
— Qualquer lugar.
Deu um abraço em Ludovic. Não durou muitos segundos, mas foram intensos o suficiente – muito provavelmente seria um adeus; a partir dali, seguiriam diferentes rumos com seus próprios riscos que poderiam tranquilamente impedir qualquer reencontro. Mas ali, Charlie tomava uma das decisões mais importantes de sua vida, em todos os aspectos.
Caminhou tentando emitir o menor dos ruídos possíveis, o coração quase parando a cada passo. Não sabia se a cada segundo estava mais perto de sua salvação ou de sua sina. Às vezes nos apegamos a um pequeno estímulo de coragem para decisões fundamentais. Quando conseguiu deixar o casebre, acelerou o passo, esgueirando-se entre as sombras dos becos de Lumiose onde nenhum rosto conhecido o encontraria.
Sentia-se mais uma vez perseguido; o monstro estrava atrás de si. Mas Charlie corria. Aos poucos, conseguia ver as luzes brilhantes de Lumiose em uma madrugada turística, as pessoas saindo das festas em uma área movimentada da cidade, onde ainda havia bares e boates abertos àquela hora. Corria, e aos poucos tinha um vislumbre de estar com Emma dançando pelas ruas da cidade, brilhando como a Torre.
Mas, desta vez, efetivamente livre.
Quando o Sol começou a nascer e a tingir os céus, ele já estava distante. Com um mapa amassado em um panfleto de algum estabelecimento da cidade, ele se guiava; mas, como dizia um antigo ditado: para quem não sabia para onde ir, qualquer caminho serviria.
E assim foi.
Sem rumo, em um misto de fuga de um passado que sempre o perseguiria e uma busca de si mesmo sem ao certo saber como encontrar, esteve desde as ondas quebrando no litoral às montanhas gélidas do interior. Rumava por dias a fio, mas seus instintos da Lumiose Gang o ajudaram a sobreviver. O que não sabia, aprendeu da pior maneira.
Com o passar dos meses e, mesmo, poucos anos, Charlie conseguiria afastar a imagem de Marc de sua cabeça. E mesmo de seu pai. De Emma, da gangue. Ele nunca saberia o que era efetivamente a liberdade; a vida dos treinadores que observava nunca seria a sua; porém, certamente começou a encontrar algo que não era perfeito, mas suficientemente uma paz que nunca pensou ser capaz de alcançar.
Se não pela tensão que seu passado lhe trazia, ele sentia-se mais leve. Era como começar de novo, sentindo o ar fresco lhe trazer as aventuras que um dia sonhou e, talvez, estivesse na hora de ter um vislumbre. Foram anos de aprendizado, às vezes de um aprendizado difícil – a solidão não o ensinou a lidar com seus traumas, mas de como impedir que eles o travassem.
Seu irmão passou muito tempo tentando lembrá-lo de quem ele era. E Charlie passou mais tempo ainda tentando se esquecer.
♠ ♣ ♠
Marc entrou mais uma vez na salinha. Charlie se encontrava em uma dicotomia: sozinho no escuro, as memórias lhe consumiam e os medos abstratos tomavam as formas que quisessem para assustá-lo – mas, por pior que fosse, quando seu irmão abria a porta e entrava, os temores tornavam-se concretos. O sorriso de Marc e seus óculos escuros eram sempre uma incógnita. Entrou e saiu tantas vezes que a dúvida era apenas parte da tortura. O irmão jamais o daria o prazer de acabar com tudo de uma maneira simples e rápida; ele queria vingança, e o faria da maneira mais apropriada possível.
Quando se sentou na frente de Charlie, murmurou:
— Gostou daqui?
Charlie estava com o rosto acabado; nos últimos dias, não conseguiu descansar. Não sem acordar no meio da noite tomado por pânico, apenas contando os segundos que restavam para Marc encontrá-lo.
— Onde a gente tá? — indagou, suplicante.
A pergunta fez Marc abrir um sorriso quase infantil, todo pintado pelo amarelo da lâmpada velha pendurada no teto. Levantou-se fazendo um estrondo na cadeira.
— Vai se surpreender. — comentou, caminhando. — Chega de ficar no escuro. Chega de becos, salas fechadas, prédios abandonados…
Abriu a porta atrás de Charlie e abriu os braços.
— Cansei, porra. Hoje a gente vai ser parte da Cidade Luz.
E, com ajuda, virou a cadeira de Charlie para que o garoto pudesse olhar para fora. Após segundos de uma tensão, o ele ficou momentaneamente cego pelo contraste de luz. Seria dia novamente? Quanto tempo esteve preso?
Mas não. Era noite, e aos poucos os feixes luminosos se mostravam inúmeros pontinhos em uma malha que não terminava, aonde quer que seus olhos explorassem. Muitos e muitos metros abaixo, Lumiose o observava, sem ter a menor ideia do que ocorria àquela distância. Charlie nunca esteve tão alto. Seu corpo foi tomado por uma vertigem, enquanto Marc o arrastava de volta ao cubículo escuro de seu cativeiro.
— Bem-vindo à Prism Tower!
Foto extraída daqui
♠ ♣ ♠
— É isso mesmo, Diantha, A Campeã de Kalos, e uma das modelos e atrizes mais bem-sucedidas de todos os tempos está desaparecida. Após fazer uma denúncia, ela simplesmente sumiu dentro de seu quarto de hotel. Supõe-se que os criminosos que ela falava no telefone podem estar associados…
A batida na porta fez com que o homem desligasse a imensa televisão de plasma. Desenhou um sorriso, largando o sofá e deixando sua xícara de chá quente em uma mesinha de centro. Caminhou a passos lentos pelo apartamento, até chegar e abrir a porta. Lysandre ficou parado, vendo a expressão séria da moça em sua frente. Diantha trazia consigo uma mala cheia e um par de olhos vazios.
— Eu aceito. — falou.
O ruivo abriu espaço, estendendo as mãos para dentro de seu apartamento.
— Seja bem-vinda, minha amiga, ao Team Flare.
♠ ♣ ♠
Enquanto vagou sem rumo, Charlie experimentou um pouco dos mais distintos lugares de Kalos. Mas, de todas as cidades em que esteve, Laverre foi uma de suas preferidas. Por diversos motivos especiais. E, mesmo sem eles, o garoto admiraria aquele lugar. Ouvira muito sobre o misticismo daquela área e, por mais que achasse tudo ridículo, não evitou se contagiar pela aura que parecia ser emanada de todo aquele espaço. Ainda que fosse uma cidade relativamente grande, mais parecia um vilarejo em sua energia e na tranquilidade com que os habitantes interagiam.
Era final de tarde. O sol tinha um tom alaranjado, entrava pelas janelas daquele chalezinho retirado. Charlie dava passos sutis pela grama, deslizando os olhos pelos lados, mas não havia ninguém que o avistasse. As portas e janelas estavam escancaradas, como era muito comum pela cidade. Se esgueirou pela porta dos fundos, caminhando com tanta leveza quanto a brisa que soprava àquele horário.
Antes que cometesse um de seus furtos, ficou admirado com o lugar. Não era grande, nada do tipo. Era bem humilde, mas tão aconchegante que se sentia aquecido só de estar entre aquelas paredes e aquele teto baixo. Charlie não entendia exatamente o sentimento de “estar em casa”, pois em seu passado tal contexto nunca foi aconchegante – mas aquele lugar lhe dava uma boa dimensão.
Recuou um passo quando ouviu alguém vindo do cômodo ao lado, uma pequena sala. Ele olhou por trás do batente da porta e avistou uma moça, não deveria ter muito mais que quarenta anos, e era bela, muito bela. Tinha cabelos claros presos em um coque, mas alguns fios lhe caíam pelo rosto. Ainda assim, ela parecia abatida, tossia com uma tosse tão profunda que parecia tentar expulsar sua alma para fora do corpo. Ele correu para ela e lhe tocou as costas.
Em seguida, voltou à cozinha e pegou um copo de água, oferecendo-lhe. A moça sequer questionou, apenas tentou beber. Ele a acalentou segurando em seus ombros, abaixado. Gradualmente sua tosse foi cessando, e ela conseguiu inspirar o ar com aroma das árvores de Laverre. Algum pássaro cantava do lado de fora.
Ela tocou o peito e fechou pálpebras. Estava pálida, as olheiras lhe contrastavam os olhos. Ainda assim, ela lhe encarou com belos olhos azuis, agradecida.
— Obrigada.
Ele abriu um sorriso. Ela coçou a cabeça.
— Como você…?
Charlie sentiu um calafrio naquele momento. Nada mais ético que assaltar uma moça doente.
— Eu ouvi a tosse. — mentiu. — Vim ver se precisava de ajuda.
Ela abriu um sorriso acalentador.
— Obrigada. De vez em quando eu tenho uma crise.
Ele foi até a cozinha e lhe trouxe outro copo.
— Aqui. Água.
— Desculpe pela preocupação. — falou ela.
— Não foi nada. — murmurou ele, se levantando, um pouco sem jeito. — Bem, vou indo então. Quer que chame algum médico?
— Não precisa… Eu estava montando a mesa do chá. — disse ela antes que ele saísse de lá. — Aceita alguma coisa?
Charlie parou.
— Não, imagina, não quero incomodar.
— Você mora aqui?
— Bem, é uma longa história. — falou, os braços se movendo tímidos. Olhou ao redor, a casinha acolhedora lhe abraçando. — Talvez eu aceite o chá.
♠ ♣ ♠
Os olhos de Calem já estavam cansados de encarar o Observador indo de um lado para o outro da sala, batendo os sapatos escuros no piso velho. Serena acariciava o Espurr que dormia pelo escritório. As horas passavam e as perguntas seguiam pairando no ar, sem qualquer sinal de solução.
— De onde vocês se conheciam? — indagou Calem, cortando o silêncio.
O Observador parou na mesa abandonada, encarando um porta-retratos.
— Ele vinha aqui sempre. Ele e a Emma eram… Muito grudados. Depois parou de vir um tempo. Até ela…
O silêncio foi suficiente para concluir a frase. O homem colocou a foto de volta.
— Ela foi como uma filha para mim.
Os primos se entreolharam.
— Eles conheceram um pouco do pior dessa cidade. — murmurou o homem, e agora já não era possível dizer se ele conversava exatamente com os dois, ou sobre o mesmo assunto. — Às vezes não sabemos que histórias sombrias se escondem ao nosso redor, mesmo em um lugar tão belo quanto Lumiose.
Ele balançou a cabeça.
— Vocês acham que pode ter sido a antiga gangue responsável pelo sumiço do Charlie?
Os dois ficaram quietos, com medo de responder em voz alta e admitirem a possibilidade de que seu maior medo se concretizasse. Ainda assim, assentiram tristemente em consonância.
Com um estrondo, a porta do escritório se abriu. Todos tomaram um susto, mas respiraram com um mínimo alívio ao verem a figura de Sycamore e de Ashley adentrando o cubículo, como se estivessem conversando e decidissem fazer uma visita. Ainda assim, a expressão dos dois não indicava qualquer cortesia, e sim o profundo terror de quem acabara de encontrar um fantasma.
Pardon pela interrupção, havia recebido a mensagem e estava a caminho o mais rápido que pude. — disse o professor, estendendo um Holo Caster. — Não, eu não sabia sobre o Charlie…
Ashley deu um passo.
— Mas sinto que temos uma resposta.
O Professor estendeu o aparelho e um holograma transmitia as notícias. Os primos sentiram um frio na espinha, com medo. Todos os canais durante o dia ficaram noticiando o suposto desaparecimento de Diantha; mas, naquela hora, era uma nova reportagem. A música indicava que era uma notícia urgente. Um helicóptero sobrevoava a Prism Tower, com uma multidão em volta. Serena conseguiu ler: Atentado à Torre Prisma.
Um homem sem rosto apareceu na tela. Sua voz era distorcida, parecia um robô com um tom assombroso, ditando tais palavras como uma sentença sem emoção:
— Cidadãos de Lumiose. Moradores de Kalos. Estamos no controle da Prism Tower, junto de diversos reféns. Qualquer tentativa da polícia de invadir ou tomar a Torre, pode acabar em uma tragédia, e não queremos isso. Não queremos machucar ninguém. Temos apenas uma exigência, que acreditamos ser de mútuo interesse da população.
O coração dos primos quase parou.
— Estamos com Charles Stuart, membro da gangue responsável pelo atentado em Vaniville Town. Calem e Serena Windsor, para preservar seu companheiro, compareçam à Prism Tower sozinhos e desarmados em oito horas. Ou o companheiro de vocês enfrentará as consequências.

    

Fennekin


Fennekin é um dos três iniciais da região de Kalos, representando o elemento Fogo. Quando Calem encontrou-se com Sycamore em Shalour (Capítulo 28), o professor incentivou-o a um novo recomeço ao lhe apresentar os três iniciais, deixando-o escolher um deles, tal como os jovens de dez anos que chegam em seu laboratório. Apesar de não ter tido a oportunidade de fazer essa escolha quando mais novo, Calem decidiu que Fennekin seria uma excelente escolha para sua equipe, e desde então a criatura se mostrou uma poderosa aliada. Oficialmente, Calem a utilizou pela primeira vez em uma batalha contra Ramos (Capítulo 34), sendo peça fundamental para a conquista da insígnia. Apesar do receio de Calem em lidar com Pokémon, Fennekin é uma das com as quais ele tem mais abertura, especialmente pela natureza afável da espécie, que costuma viver com treinadores mais inexperientes.
 
Antecedentes

Enquanto um inicial, Surya foi criada no laboratório do professor Sycamore. Mais detalhes são ainda desconhecidos.

Estratégias e Envolvimento em Batalhas

Surya, como uma guerreira jovem, ainda luta para encontrar seu estilo de batalhas. Sua habilidade com o manejo do elemento Fogo a tornou uma peça fundamental na equipe, cobrindo fraquezas de outros membros. Aos poucos ela revela habilidades ainda imaturas com o tipo Psíquico, mas não consegue controlá-las muito bem. Ela busca entrar em batalhas sempre que possível, mas por ser ainda uma das mais inexperientes do time, às vezes acaba sendo subestimada.

Royal Emperium

Fazendo jus ao seu elemento, Surya é uma garota agitada e intensa. Quando se deparam com ela, não raro a julgam como frágil ou delicada - mas leva apenas alguns segundos para que ela desmanche essa percepção. Frequentemente é vista desafiando Agnes e, por ter uma fraqueza em seu tipo, às vezes acaba derrotada e, por consequência, frustrada. Ela não tem medo de enfrentar guerreiros mais velhos, maiores ou mais experientes; o desafio é o que a movimenta. Por isso, em alguns momentos, acaba sendo vista como insolente por membros como Neal e Durendall. Ainda assim, é extremamente carinhosa, e seria capaz de dar a vida por seus amigos da Guilda.


Curiosidades
  • Apesar de Calem receber Surya implicitamente no Capítulo 28, levaram 2 anos e meio para que finalmente fosse revelado qual dos iniciais ele havia escolhido;
  • O design de Surya foi baseado em personagens de anime "Magical Girl", especialmente da série Tokyo Mew Mew.

Spritzee

 


Spritzee é um Pokémon capaz de produzir diferentes tipos de aromas de suas penas. Ela foi encontrada por Calem durante uma passagem por Coumarine, especialmente quando ele e Charlie visitaram uma loja de incensos. A dona da loja, que abrigava diversas criaturas da mesma espécie, aproveitava-se de suas habilidades aromáticas para persuadir viajantes. A essência de Spritzee causou um grande desentendimento no grupo. Desde então, o Pokémon tem sido carregada por Calem - às vezes provocando conflitos entre seus aromas adocicados e a rinite do rapaz.
 
Antecedentes

Spritzee vivia com outros de sua espécie em uma loja de incensos em Coumarine, mas não pertencia a nenhum treinador. Mais detalhes são ainda desconhecidos.

Estratégias e Envolvimento em Batalhas

Volva atua como uma curandeira da equipe. Apesar de ter golpes ofensivos, geralmente usa de suas habilidades para cuidar de outros membros durante confrontos. Seu manuseio de aromas e ervas terapêuticas também permite que confunda e manipule outros guerreiros desavisados. Seu conhecimento de itens da natureza se mostra uma poderosa arma para conhecer os adversários.

Royal Emperium

Volva possui uma tenda na Guilda focada em tratar os guerreiros que precisam de alguma ajuda. Contudo, sua personalidade excêntrica e agitada faz com que muitos tenham receio de visitá-la por seus métodos serem sempre imprevisíveis. Apesar de seu jeito extravagante, ela revela uma natureza carinhosa e acolhedora. Possui uma grande proximidade com Eryx, sobretudo pelas afinidades de ambos em seus poderes.

Curiosidades
  • Apesar de originalmente ter sido pensada para reproduzir a ideia dos Médicos da Peste, foi transformada para diferenciá-la de outros gijinkas, aproximando-a a da figura dos curandeiros, presentes em diversos RPGs e também como uma figura central dentro de várias culturas.

1 Década de Kalos

Art by sasairebun

Por várias vezes pensei o que eu escreveria quando esse blog completasse dez anos.


Achei até que não precisaria me preocupar, porque talvez dez anos adiante a história já estaria terminada. Quando comecei a escrever, dez anos parecia muito tempo. 


Mas, cá estou eu. Escrevendo aqui. A história não terminou. Não está nem perto. Os dez anos vieram mais rápido que eu poderia ter imaginado. No dia 17 do mês de Janeiro, o blog completou seu aniversário, e confesso que fiquei com esse post arquivado por mais de um mês pensando em como escrevê-lo ou completá-lo.


Com tanto tempo de história, acho que escolhi fazer a única coisa que caberia fazer: uma pequena retrospectiva. Inclusive, descobri, nessa "fuçada", que já até tinha feito uma Retrospectiva, mas foi no aniversário de 3 anos. Quase ri sozinho. O que são 3 anos frente aos 10 que fizemos agora? Resolvi que era oficialmente hora de vencer o medo de tirar algumas coisas dos rascunhos, desarquivar documentos, ressuscitar imagens salvas na conta do Google e revisitar memórias. Vasculhar o que nos trouxe até aqui. Refrescar as lembranças daqueles que muito curiosos acessaram o link dos blogs da Aliança no dia 17 de Janeiro de 2013, e foram recebidos por uma pequena apresentação em um post de boas-vindas.


Quando Kalos começou, eu tinha 14 anos. Era mais novo que qualquer um dos nossos protagonistas. Tal como Serena, fiz meus 15 anos na mesma época. Ainda observador, também estava prestes a começar minha própria jornada pelo mundo. Não tinha nem nome, o blog se chamava Aventuras em ???, pois no anúncio de novos jogos, sabíamos muito pouco ainda sobre o que estava por vir. Chamamos de AeXY porque só meses depois descobriríamos o nome "Kalos". 



Esse era o template padrão antigo da Aliança. 
Kalos foi o primeiro a usar o "degradê", que se tornou sua marca.

Comemoramos os gráficos 3D com grande empolgação - hoje, meu 3DS parece quase um item vintage quando levo ele por aí. Vimos uma misteriosa criatura parecida com um Mewtwo chegar e apelidamos de Mewthree, até descobrir as novas Mega Evoluções, que após os Z Moves, variantes regionais, Gigantamax e Tera Forms, parece apenas uma velha mecânica. Vimos uma nova Eeveelution nascer e travamos um grande debate sobre seu possível tipo - tão grande que até hoje é um dos maiores posts do site. O tipo Fairy ainda era uma novidade que parecia polêmica demais e rendeu muita discussão por aqui.


Este foi nosso primeiro menu:



O mais engraçado é que eu não lembrava o que várias dessas páginas incluíam e precisei procurar. A página de Tópicos reunia informações, em ordem, sobre as atualizações sobre a Geração VI. Nos Artigos discorríamos sobre curiosidades, enquanto a Pokédex reunia informações sobre os novos Pokémon. A Fanfic era como um diário, onde eu soltava alguns spoilers gerais sobre a história para aumentar o buzz (como dizendo que já havia escolhido os Pokémon iniciais, ou o nome da Guilda Royal Emperium). As Notícias vinham reunidas em seguida, e a Off Area e as Mecânicas foram incluídas depois. O curioso é que a página de Mecânicas, que discutiria os novos recursos que estavam surgindo (como as Mega Evoluções) NUNCA foi usada, só ocupou lugar no menu.


Eu ainda escrevia uma outra fanfic quando ingressei na Aliança (A Ethron Adventures, para os antigos!). Já acompanhava o pessoal fazia um tempo e havia trabalhado com alguns deles por um período na falecida Arena Pokémon. Foi uma surpresa muito feliz de poder ingressar com a região nova (na época que ainda achei que conseguiria sustentar 2 fanfics de aventura ao mesmo tempo kkkk) e lembro o quanto isso me tomou de tempo e carinho.


Escrevendo este post fui pego por uma nostalgia em vários níveis. Muita coisa aconteceu nos últimos dez anos, conforme eu vasculhava as memórias. As conversas da Aliança, antes pelo MSN, começavam a migrar para o Facebook e seus grupos, onde parecia tudo novo. O Instagram ainda era um acessório que usávamos como "a mais" para complementar o que era publicado no Facebook, e se você investigar, vai achar uma série de fotos com os mais pesados filtros de fotografia que existiam kkkkk


A própria ideia dos "blogs" me parece nostálgica. Hoje quando ouço alguém falar essa palavra na vida real me soa tão antiga? Já faz algum tempo que não paro para escrever um texto nesse formato. E, ao mesmo, tempo, como esse espaço é gostoso. Como é bom poder inundar de palavras um mundo de cada vez mais imagens e dinâmica. 


Era comum que tentássemos criar conteúdos que fugissem do esperado, na expectativa de conquistar os leitores. Lembro que uma das primeiras coisas que fiz, logo que entrei na Aliança, foi montar um calendário que o pessoal poderia baixar, que constava algumas datas importantes como aniversário dos blogs e dos autores. Esse aqui é o mês de Outubro, com o tema de Kalos, em homenagem ao lançamento dos jogos que seria no mesmo mês. Dá pra ver que ele era bem bobinho (e minhas habilidades do Photoshop ainda tinham uma graaaande limitação kkkk), mas lembro que na época parecia uma ideia divertida.



Entre as apostas para agitar o blog, criei uma página chamada "Off Area", onde discutia assuntos completamente alheios ao mundo Pokémon. O primeiro post surgiu depois que o vídeo de uma menina viralizou contando uma história de bullying pouco antes de cometer suicídio. Aquilo havia me chocado tanto que senti na obrigação de falar sobre. Era um lugar de desabafo, mas também de estimular os leitores a participar. Em um deles, incorporei todos os comentários e mensagens que mandaram ao próprio post. Discutimos bullying, questões LGBT+, consumismo, e ainda viria muito mais, porque apesar de não gerar tantos acessos, sempre proporcionavam boa interação.


Essa área hoje está enterrada a sete palmos, pois só de imaginar abrir uma página daqui com uma polêmica do momento pra livre comentário me dá calafrios kkkkk Se antes eu queria que o mundo de fora entrasse em Kalos, hoje quero deixá-lo trancado bem longe. É interessante pensar que foi em um momento da internet em que as coisas não pareciam tão infestadas de brigas, e certamente foi engraçado revisitar os posts e ver como minhas opiniões e a de tantos leitores e amigos certamente mudaram com o tempo. Tem coisas que acontecem mesmo no timing que precisavam ter acontecido. 



A menina do balão sem dúvidas fugindo para um lugar melhor do que essa página


Em 2014, após várias mudanças e principalmente uma exaustão por parte de nós mesmos em manter o ritmo e a mesma forma de trabalhar, começamos a pensar em transformações na Aliança, que começaram pequenas e tomaram formas mais drásticas. Optamos por transformar as fanfics em um tópico secundário, e incorporar ao blog assuntos que nos interessavam, tanto para agregar novos leitores que poderiam nos conhecer por isso, quanto permitir que leitores também partilhassem de seus gostos conosco. Assim, também teríamos mais fôlego de continuar trabalhando nos blogs sem que precisássemos só olhar para as histórias.


É engraçado de pensar que era só um processo natural, e que nós ainda não sabíamos lidar. Não era inacreditável que frente a tantas transformações que passávamos (em nossas vidas, em nossos gostos, e na própria internet) nós também mudássemos nossos interesses. Olhando em retrospectiva é fácil de perceber. Mas, lá dentro, ainda tentamos lutar contra isso.


Aqui em Kalos, quem acessasse poderia saber sobre entretenimento. Falavámos sobre música pop, e algumas séries, principalmente Once Upon a Time (que eu acho incrível como pelo visto eu era fissurado nessa série e eu não lembro de NADA, juro, deve fazer uns 7 anos que não assisto 1 unidade de episódio kkkk) e Glee (que eu levei uns bons 5 anos de atraso pra acabar também). Era só procurar o blog que tinha uma Katy Perry (meu vício da época, e mãe da Kate Berry de nossa história) e um chapeleiro maluco (que até hoje eu não sei por que eu queria que ele estivesse lá)



O mais cômico é que alguns posts REALMENTE atraíram cliques. Não foram tantos, mas na época eles se destacaram mais que várias coisas do blog. A curadoria era completamente aleatória, a partir do que eu achava legal ou não. Kalos, coitada, era só mais um item do menu :(



Eis que depois assumimos um movimento realmente arriscado: juntar todo mundo em um blog só. Paramos de postar sobre outros assuntos e deixamos os blogs exclusivamente para fanfics. Em troca, reuniríamos os outros assuntos nesse novo site que chamamos de Aliança Geek, simbolizada pelo Pikachu com um óculos e um mustache (NADA mais 2010s que aquele óculos grandão e o mustache). Pra mim essa época é meio que um grande borrão, porque lembro que a concepção nos bastidores foi super divertida, mas no final não deu muito certo e acabamos desistindo em tempo recorde. 


Eu queria muito falar mais sobre o assunto, mas além de não lembrar, não achei mais nada sobre em nenhum outro blog. Só sei que foi uma tentativa de tentar fazer as coisas de forma diferente. Minha única contribuição publicada lá foi uma resenha do álbum "novo" (que ela lançou mais 7 depois daquele) da Taylor Swift (que de fato tem TUDO a ver com o mundo geek como dá pra imaginar).


Enfim, percebemos que tudo isso precisou acontecer para que terminássemos bem onde começamos: falando sobre uma história de Pokémon. No final das contas, termino voltando a esse lugar por querer fazer exatamente o que eu queria fazer no primeiro dia aqui. São voltas que o mundo dá...


Uma coisa que sempre funcionou e que eu adorava fazer eram as sombras (embora às vezes fosse uma batalha conseguir decifrar aquelas que o Canas havia botado em Sinnoh! kkkk). Tem várias que foram publicadas, mas para poupar spoilers (e porque algumas são de personagens cortados, ops) vale lembrar essa daqui da Espurr:



Graphic design is my passion


O mais curioso é que se tem uma coisa que mudou pouco foi a história. Foram as personagens. Há algumas transformações naturais nos rumos tomados, lógico, mas percebo como a essência deles permaneceu a mesma por muito tempo. Ainda me parece muito orgânico quando escrevo sobre Serena, Calem e Charlie. Acho que eles funcionam maravilhosamente bem juntos. Desde que comecei a esboçar a história eu sabia quem eles seriam. E olha que demoramos pra colocar a mão na massa: o prólogo da história, tão aguardado, veio só 12/10, com o lançamento dos jogos (eu ainda não havia escrito o primeiro capítulo pois não tinha jogado ainda).


Será que um dia olharei pras coisas que eu edito hoje e acharei 
cafona do mesmo jeito que as que eu olho de antes??

 
Os primeiros Trainer Cards


Nem acreditei quando conseguimos concluir a Saga X. Levou anos, mas sinto que fiz com uma maturidade e de uma forma que autenticamente me orgulho. Eu realmente gosto daqueles capítulos, daquelas tramas. Da Serena subitamente se casando e o Charlie invadindo o palácio. Do Calem enfrentando o tio e da Serena lutando de espadas com o noivo. Fico chateado de não poder ter proporcionado tudo isso com o timing certo, na crista da onda, quando a Aliança ainda tinha leitores constantes e bastante conteúdo sendo disponibilizado.


Mas... Às vezes é assim que acontece. Esses capítulos não teriam sido escritos em 2013 ou 2015. Tem caminhos que precisamos percorrer para lembrar onde estamos. Precisamos tentar muitas novidades até perceber que o que sempre fizemos por aqui é o real brilho pelo qual gostamos de voltar.


Abaixo, mais algumas coisas que marcaram essa trajetória.


ALGUNS ARQUIVOS PERDIDOS...
(Rascunhos que nunca viram a luz do dia. Que nunca foram concluídos ou propriamente elaborados)

"Os Porquês de Kalos" (Set 2013)
O post era um artigo que seria publicado um mês antes do lançamento dos jogos, em 2013. Nele, investigaríamos algumas das questões comuns que haviam surgido. Por que X e Y? Por que o nome Kalos? Por que Mega Evoluções?



Cadê Todo Mundo? O Paradoxo de Fermi (Jan 2015)

Esse post pertenceria à "Off Area", e discorreria sobre uma discussão que amo muito, que é sobre extraterrestres. Se temos tanta tecnologia e, estatisticamente, eles existem, por que não conseguimos ter nenhum sinal deles? Ainda que eu tenha desistido do post, os convido a ler sobre o tema, porque é MUITO interessante.


Capítulo 13 (Abr 2015)

Bem, existe um capítulo 13 já. É o capítulo em que eles vão embora de Lumiose pela primeira vez. Mas originalmente o capítulo seria sobre....... uma competição de patins?


A verdade é que o capítulo estava quase pronto, mas eu fiquei travado nele por muito tempo e não consegui seguir em frente. Eu queria muito aproveitar toda a estrutura da Route 5 para andar de patins e a mecânica dos jogos - tanto que o capítulo publicado até inclui uma cena com os patins. Mas depois de tudo que ocorre em Lumiose, me pareceu muito fraco continuar de um jeito tão bobinho e cômico como era o episódio. Acabei optando por uma abordagem mais suave e emocional dos personagens, reaproximando-os após a turbulência. Ainda cogito usar esse episódio como um especial no futuro...


Notas de Rodapé (Set 2014)

Seria um especial, focado na irmã de Viola nos jogos, Alexa. Ela, enquanto repórter, exploraria histórias menores incluídas nos jogos, como mistérios não resolvidos. Acabei abafando o especial (porque nem na história principal estava focando), mas confesso que a ideia sempre me agradou e não descarto de escrever um episódio ou outro.

7 Mistérios não resolvidos de Kalos / Artigo (Mar 2016)

É um consenso entre vários fãs que Pokémon X&Y é cheio de furos. É natural que sejam apenas dicas para uma terceira versão (ou remakes) que vem para sanar essas questões... Mas no caso de Kalos, essas versões nunca chegaram. Não tivemos atualizações, DLCs ou novas versões para resolver essas questões, e era exatamente isso que o artigo abordaria.


OS POSTS MAIS ACESSADOS

E, claro, vamos aos campeões de acessos que reuniram mais cliques ao longo desses dez anos:

  • 10º - Página de Protagonistas
  • 9º - 2048 Pokémon 
  • 8º - Iniciais (6º Geração) / Guia do Treinador
  • 7º - Página de Capítulos
  • 6º - Página de Extras
  • 5º - Demi Lovato é Banida da Rússia (kkkk) / Notícias
  • 4º - Vivillon / Pokédex 
  • 3º - Métodos Evolutivos (6ª Geração) / Pokédex - 8,38 mil acessos
  • 2º - 12 Pokémons que deveriam ter ganhado Mega Evoluções / Artigo - 19,2 mil acessos
  • 1º - Bem-vindas, Fadas - O Fairy-type / Artigo - 55 mil acessos

UM NOVO CAPÍTULO


Nesse meio tempo, pude encontrar a maior parte do pessoal da Aliança pessoalmente em mais de uma oportunidade. Não sei se vocês lembram da ironia da vida de que eu e o Canas estudamos na mesma escola, e descobrimos isso praticamente na última semana de aulas dele kkkk. Pudemos rir juntos e lembrar desses momentos, mas vislumbrar todas as outras camadas que deixamos de fora dessas páginas de palavras.


A Aliança, os autores, os leitores... São pessoas que talvez nem se reencontrem mais, mas que estamos unidas por esse pedacinho do passado. Todos nós investimos tempo nisso, seja por alguns meses ou anos. Investimos nossas ideias, paixões e medos nessas palavras aqui depositadas. Especialmente quando somos mais novos, tendemos a nos projetar muito em nossas histórias, e levou um bom tempo para que eu soubesse me distanciar e me encontrar naquilo que eu mesmo havia escrito.


Alguns talvez nunca mais vão escrever mais desse jeito na vida. A escrita pode se tornar de paixão a trauma com muita facilidade. Eu ainda não sei em quais doses ela me é veneno e antídoto, mas foi o que eu escolhi para mim. Ainda em 2017, eu havia ingressado na faculdade de Cinema, a qual eu concluí no final do último ano. Percebi que amava contar histórias, criar personagens e universos.


Agora, me deparo com outro momento da vida, onde voltamos a ter que tomar decisões e fazer escolhas. Em minhas primeiras postagens, sou muito cheio de certezas e objetivos. Sou assertivo e tenho concepções de mundo grandiosas demais para alguém de 14 anos. Aos 24, percebo que já não as tenho mais. Elas são menos certas, menos assertivas, menos grandiosas.


Meu TCC é um coming-of-age - mais especificamente sobre um estudo sobre o gênero, e meu processo de construção da história que eu havia criado. Esse termo em inglês significa nada mais que o que fizemos aqui o tempo todo: histórias de amadurecimento. Ao discorrer sobre o tema, não consegui não atravessar minha própria vida e meu próprio crescimento, e como foi exatamente o que fizemos aqui por muitos anos, até que tenhamos amadurecido até demais.


Escrevendo meu TCC, a partir de um projeto que tive muito orgulho e carinho de poder ter roteirizado e dirigido (ainda está em processo de pós-produção, mas espero muito poder disponibilizar para vocês aqui), fiquei refletindo sobre uma possível epígrafe - aquela citação pra abrir o documento.


Depois de muito pensar, só existia uma citação que eu achei que poderia (e queria) que estivesse ali. É uma frase da Clarice Lispector, que os leitores mais antigos da Aliança vão se lembrar de já ter lido em algum lugar. Quando a leio, não leio pensando na Clarice, mas lembrando do velho avatar do Canas, ainda quando era uma fanart do Andy do Toy Story, em uma citação que ele sempre trouxe, e que eu nunca esqueci, porque me marcou muito:

Eu escolhi reler essas palavras enquanto passava pelo processo e, quando li, sabia que não existia outra citação que coubesse melhor. Aquilo dizia tudo o que precisava sobre um processo de anos que se concretizava naquele momento; não só sobre o ato de escrever, mas de uma frase que me remetia a todo esse afeto, ao espaço dos blogs, das fanfics, dos anos que escrevíamos e líamos apenas porque gostávamos disso. Quando eu recebia conselhos do Canas, do Shadow, ou de qualquer membro mais velho porque queriam, com todo o coração, me ver crescer como escritor e como pessoa. 


Dez anos depois, era ali que esse universo de escrever sobre Pokémons havia me levado.


Bem, esse é um pouquinho do que tem acontecido na última década... Tem mudanças que não precisamos descrever: vocês as percebem sozinhos. Às vezes estamos perto demais para ver as transformações reais acontecendo, só percebemos quando paramos para olhar a retrospectiva, os quilômetros de terra que foram deixados para trás.  E você, caro leitor perdido, que por algum motivo está aqui, ainda lendo essas palavras... Onde você estava dez anos atrás? Onde estava quando viu os gráficos em 3D dos jogos pela primeira vez? Tem alguma memória especial de AeXY dessa época? 


E, claro, eu não poderia deixar de dar um presentinho. Tem coisas que passam os anos e vemos que não funcionam mais. Tramas que não se encaixam, posts bobinhos ou ideias de design meio cafona. Mas o mais mágico é perceber coisas que continuam funcionando. Essa também é uma homenagem aos primeiros anos de Aliança. Com tudo que temos atrás, olhemos o que ainda há pela frente. Qual o próximo capítulo?



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