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- Capítulo 41
— O que eu mais quero é encontrar a minha mãe. — disse Serena voltando a fitar o movimento das águas, com um tom mais sério. — Não sei quem ela é ou onde está, mas quero encontrá-la e vencê-la. Acho que ela é uma treinadora, ou algo do tipo. E quero derrotá-la.
Ele se aproximou da menina e tocou seus cabelos louros. Ela corou com a aproximação, mas ele tinha apenas uma expressão admirada no rosto. Um sorriso sincero. Sua voz soou de uma forma que Serena adorou ouvir, como se pudesse escutá-la o dia inteiro.
—
Você tem enormes sonhos dentro de você. Eu gosto disso. Não pare de acreditar
neles. Eu vou te ajudar a realizar cada um. Não pare.
Serena e Charlie. Capitulo 4.
♠ ♣ ♠
Sob a luz amarela pendendo no teto,
as sombras de Charlie dançavam na parede da pequena sala. O contraste em seu
rosto era intenso, os olhos esverdeados cravavam em si enigmáticos e travessos
como sempre, mas em uma expressão de súplica que não lhe era costumeira. Mais
uma vez, colocava-se uma barreira do desconhecido entre os dois.
Serena não conseguiu formular nenhuma
resposta. O tempo parou ao seu redor, os estrondos da tentativa de invadir o
pequeno espaço pareciam detalhes de um sonho ao qual ela poderia despertar a
qualquer segundo. Sua imediata resposta seria falar para Charlie parar de
mentir, mas ela sabia que ele jamais brincaria com aquele tipo de coisa. Seu
olhar não mentia, mas por quê? Tantas
dúvidas lhe cruzaram a mente que não conseguia decidir qual frase cortaria o
silêncio cada vez mais longo que se interpolava entre ambos.
Antes que Charlie pudesse tentar
amenizar o clima, a porta se rompeu, com a invasão de um dos adversários
armados. Mary lançou um Psybeam que o
derrubou confuso no canto, abrindo uma brecha. Charlie apenas pegou na mão de
Serena, quase sem resposta, e a puxou correndo para fora. Por instinto, ela o
seguiu, mas sua mente não conseguia responder da mesma maneira.
Disparos podiam ser ouvidos. Serena
corria os olhos por todas as direções, os corredores pareciam um labirinto sem
fim, feito apenas para confundi-los e tornar a caçada mais divertida. Ela
permitia que as pernas corressem por si, mas sua mente estava em outro lugar.
Estava no rosto daquele garoto que a segurava pela mão, arrastando-a para um
caminho que mais que nunca parecia desconhecido e incerto.
— Vamos nos esconder aqui! —
murmurou ele.
Charlie invadiu uma sala e os dois
entraram na companhia dos Pokémon. O garoto fechou a porta e grudou o ouvido na
madeira fria, ouvindo o som de passos, cada vez mais próximos. O suor lhe
escorria na testa, pingando pelo nariz que lutava por oxigênio. Aos poucos, os
ruídos de sapatos batendo no piso se tornaram mais distantes, e ele escorregou
levemente aliviado até o chão.
Pela réstia que entrava no vão da
porta, encarou a garota perdida e desolada à sua frente. O aperto no peito lhe
confirmava que, embora soubesse que não poderia ter guardado aquilo por muito
mais tempo, a brusca informação pegou a garota de uma maneira ainda mais
intensa que temia. Seus lábios conseguiram sussurrar algo, enfim:
— Como isso é possível, Charlie?
Ele afundou as mãos no rosto.
— É… É complicado Serena. Eu juro –
juro – que posso te explicar tudo. Cada detalhe.
— Por que você não disse? Por que
enganou a gente por tanto tempo?
Na penumbra, ela conseguia ver a
sombra daquele garoto. Era Charlie, encostado em uma árvore próxima a
Vaniville, assoviando com uma folha, com roupas humildes e desgastadas, na
companhia de um Pancham. Seus olhos verdes hesitaram ao olhá-la pela primeira
vez, reverenciando-a com um cumprimento cortês. A expressão de alguém jocoso e
desafiador, que ela jamais sabia dizer se era honesta ou se apenas tentava distrai-la
para um furto.
Porém, perdidos em meio à Prism Tower, com sua vida desabando em
um blecaute, as pequenas luzes de suas memórias especiais e perdidas se
tornavam cada vez menos fiéis à realidade; cada movimento, cada segundo, cada
conversa, pareciam apenas devaneios enganosos do qual ela teve a coragem de
imaginar por tanto tempo. A resposta estava em sua frente o tempo todo,
brincando com sua mente e seus desejos. Como sombras na luz.
— Charlie, a única coisa que eu
pedi… Implorei… Era que você fosse sincero comigo. Você me enganou
sobre a coisa mais importante pra mim.
No fundo, ela não sabia o que
esperava. Nenhuma resposta parecia suficiente, nenhuma explicação daria conta
de alinhar a confusão que se passava dentro de si. Mas o silêncio também não
era reconfortante. Charlie tentava disfarçar, mas entre os vãos dos dedos
lágrimas desciam pingando no chão.
— Eu sempre estrago tudo. Sempre.
Sempre. Sempre.
Os dedos escorregaram pelo rosto,
revelando um par de olhos assustados e inchados. Serena não viu Charlie
chorando em todo o tempo juntos, mas desde que retornaram a Lumiose, parecia
ter aberto uma porta dentro dele que nunca mais pôde ser fechada. Isso de certa
maneira a assustava. Por mais que Calem lhe trouxesse alguma segurança, Charlie
era quem sempre tinha tudo sob controle.
Quando tudo parecia desabar, ele fazia
uma piada. Quando ela tinha pesadelos, ele se dispunha a ficar como um
guardião. Quando quase se casou, ele apareceu para interromper o evento. Mesmo
nos dias mais obscuros de sua fuga, ela sabia que em algum lugar ele sempre
abriria um sorriso torto e diria “vai ficar tudo bem, princesa”
E, finalmente, um dos últimos
pilares parecia tão frágil quanto ela se sentia naqueles momentos. Pela
primeira vez ela teve certeza que no fundo tanto ela quanto seu primo e Charlie
estavam desesperados e sem chão.
Seu primo. Calem. Ele estava lá em
cima esperando por ela.
— Estraguei tudo com a Emma. Com
sua mãe. E agora com você. — ele socou o chão. — Quanto mais eu tento fazer
algo, sinto que afundo mais e mais, eu destruo tudo aquilo que mais quero
proteger. Todas as pessoas que mais amo, tudo aquilo em que eu tento me
segurar… Talvez eu deva parar. Talvez eu não deva segurar em nada.
Ela se aproximou e segurou seu
rosto.
— Eu não estou destruída, Charlie.
— murmurou. — Eu estou aqui…
Ele balançou a cabeça.
— Você entendeu, Serena…
— Charlie, eu… Eu não sei, agora
mais que nunca eu sinto que não te conheço…
Ele abaixou a cabeça.
— Mas… Mas eu também sei onde você
esteve quando eu mais precisei, todas essas vezes… Eu não sei o que pensar
agora, mas precisamos sair daqui. Você não precisa ser indestrutível o tempo
inteiro. Não precisa fingir que não tem medo. Você não era meu guardião. Você era
nossa família.
— Você não entende…
— Talvez não. — ela falou. — Mas eu
vou te proteger dessa vez.
Ela se levantou e lhe esticou a mão.
Quando Charlie olhou pra cima, sentiu um arrepio. Serena poderia estar
assustada por dentro, mas ela tinha bravura em seu olhar. Parecia disposta a
enfrentar uma tempestade para sair daquele lugar. Ela enfrentou sua vida
virando de ponta cabeça, mas a esperança lhe parecia vívida dentro de si, um
brilho que nunca se apagava.
Enquanto ele por muito tempo
acreditou que a coragem era aparentar não ter medo de nada, percebeu naquela
garota que por tanto acreditou estar protegendo, que ela era capaz de enfrentar
qualquer coisa.
Ele aceitou segurar em sua mão,
colocando-se de pé. Os dois deram um abraço firme.
— Vamos terminar com isso. Você tá
pronto? Vai ser meio barulhento.
E quando Charlie limpou as últimas
lágrimas, os olhos verdes brilharam em divertimento, desenhando-se no rosto as
covas de seu sorriso travesso:
— Ora, princesa. E eu lá sou alguém pra recusar extravagância?
♠ ♣ ♠
Start.
De um breu total, as luzes se acenderam com uma intensidade tão forte que Calem precisou tampar os olhos. O chão se tornou multicolorido, raios de luz e fumaça eram disparados de uma forma que precisou de uns segundos para não perder as direções. Uma música tocava pelos alto falantes como se fosse um jogo infantil.
De longe, algumas pessoas podiam
ver que algo acontecia daquela área da Torre, onde o campo de batalhas era
localizado. Mas era difícil afirmar com clareza que um evento daquele acontecia
durante um atentado.
— Essa é uma batalha oficial entre o líder de ginásio de Lumiose, marquês
Clemont, e o desafiante Calem, Calem Windsor. — disse a voz robótica,
imitando o próprio jeito que Calem se apresentou.
Marc ainda tentava se localizar. Três
Pokébolas apareceram de uma das máquinas. Todas as informações sobre tempo,
temperatura, clima, eram exibidas nos mais diversos monitores à sua disposição.
O registro oficial de Calem – desatualizado, da última vez que esteve em
Shalour – apresentava todos os dados possíveis sobre o treinador. Marc se
divertia. Ele disparou uma das Pokébolas, revelando um dos Pokémon do ginásio.
A primeira criatura parecia um canino, tinha o corpo esguio e os pelos rapidamente se eriçaram com a energia elétrica que emanava de seu corpo. O Pokémon pareceu confuso de ter sido evocado, mas não baixou a guarda, pois sabia que outros treinadores do ginásio eram autorizados a utilizá-los além do líder. Era um Manectric, espécie que manipulava os poderes elétricos para aumentar sua força e agilidade.
— Muito bem, Calem Windsor. —
falou, olhando o registro na tela. — Dezesseis anos. Vamos ver quanto tempo
você consegue segurar essa brincadeira.
Calem tentou não transparecer seu
nervosismo. Honedge se colocou à frente do adversário. Iniciou com Swords Dance, como se estivesse
preparando a lâmina para o combate. Os olhos de Marc brilharam por trás dos
óculos à medida que todos os dados do adversário foram colocados. Possíveis
golpes, natureza, stats, até mesmo
valores individuais que mal Calem conhecia do próprio Pokémon. Em seguida, deu
um toque na tela, que logo anunciou:
— Fire Fang.
O canino avançou, as presas em
chamas desferindo uma mordida certeira em Honedge. Apesar de a espada possuir
uma lâmina resistente, os poderes de fogo traziam à tona suas fraquezas
metálicas.
— Shadow Sneak! — respondeu Calem.
A criatura entrou nas sombras,
revelando-se ao atingir o canino com um corte direto em seu corpo. Manectric
saiu rolando. Logo Marc conseguiu acompanhar uma barra onde os aproximados Hit Points do Pokémon caíram. Ele
pressionou uma nova tecla:
— Crunch.
Mais uma vez fazendo uso de sua
mandíbula, o Pokémon avançou contra Honedge. A espada conseguiu deslizar pelo
ar em uma esquiva, contra-atacando com o Pursuit,
porém não demorou muito para que Marc disparasse um novo comando. Novamente o
Manectric o golpeou com o Fire Fang.
Sorriu vendo na tela os pontos de vida do adversário serem abaixados ao nível
crítico.
— Mais uma vez, Shadow Sneak! — gritou Calem.
Fazendo uso das sombras –
ainda que em um ambiente tão brilhante – Honedge derrubou Manecric, vendo a
criatura cair desmaiada no campo com o impacto do corte dado seu alto nível e
poderosos índices de ataque. Marc olhou pensativo para a tela, mas não parecia
exatamente surpreso diante das estatísticas. Uma nova sequência de opções
surgiu. Ele teclou um botão e viu o canino ser retornado à Pokébola. Em
seguida, lançou uma segunda esfera no campo.
Ruídos metálicos começaram a ecoar, conforme um Pokémon dançava pelos ares se movimentando por meio das ondas magnéticas do ambiente. Era um Magneton, cujos múltiplos ímãs faiscavam dentro daquele espaço repleto de energia. Seus olhos se concentraram no inimigo, provocando-lhe para o ataque.
— Electric Terrain. — disse a máquina com o comando de Marc.
Os ímãs começaram a girar, lançando
uma rajada de energia que estimulou todas as telas ao redor, o que fez com que
começassem a piscar, mas logo em seguida atingissem um nível de brilho tão
intenso que pareciam estar com o máximo das baterias carregadas. Faíscas
saltavam de alguns monitores e às vezes estalavam no ar, tornando ainda mais
propício aos golpes elétricos de Magneton.
— Pursuit! — bradou Calem.
A espada avançou com um corte ágil
na direção do oponente, mas pouco foi seu impacto, onde as criaturas logo se estabilizaram
novamente no ar. Marc murmurou em retorno:
— Thunderbolt.
Eles focaram as energias em apenas
um ponto, disparando um raio certeiro e de imensa intensidade. Honedge caiu no
mesmo instante preenchendo o ambiente com o eco do metal despencando no chão. Calem
sentiu-se tremer. Um de seus maiores guerreiros estava derrotado. Ele refletiu
por um momento e lançou uma nova Pokébola.
Fennekin logo assumiu o campo. Marc
sorriu vendo os dados serem preenchidos. Um Pokémon de fogo poderia trazer
alguma desvantagem a Magneton, mas seu nível relativamente mais baixo tornava a
desvantagem quase um detalhe. A raposa saltava com agitação de um lado para o
outro, sem se intimidar com os movimentos imprevisíveis do elétrico do outro
lado.
— Fire Spin! — instruiu Calem.
A pequena criatura avançou com um
poderoso espiral de chamas que desestabilizou Magneton. Contudo, os índices não
tiveram uma queda notável. Marc pressionou a tecla que solicitava um Thunderbolt, vendo os ímãs do Pokémon se
concentrarem em um certeiro disparo que atirou Fennekin contra a parede. A
estática em seus pelos parecia confirmar uma nova condição que aparecia na
tela, marcando Paralysis.
— Psybeam! — comandou o menino.
Fennekin demorou para conseguir
processar a informação, lançando um golpe psíquico que surtiu pouco efeito em
Magneton, que contra-atacou com um Sonic
Boom, mais uma vez jogando a pequena criatura para o outro lado do campo,
ainda afetada pela paralisia do golpe anterior.
— Flame Charge, vamos! — insistiu Calem, aumentando seu nervosismo.
— Thunderbolt. — retorquiu Marc.
O Pokémon de fogo tentou concentrar
seus poderes, mas as limitações da paralisação impediram que conseguisse se
mover. Totalmente vulnerável ao disparo de Magneton, Fennekin viu seus últimos
pontos de vida chegarem ao zero nos monitores de Marc, que sorriu com
confiança. Calem suou frio, retornando a criatura hesitante.
Ele talvez tivesse errado na
estratégia. Mas, sobretudo, estava enfrentando um adversário que não cometia erros. Do outro lado, Marc
operava um sistema de computador. Era ele contra uma máquina que podia prever e
prevenir qualquer uma de suas ações. Que em segundos calculava todas as
estatísticas possíveis para presumir o melhor caminho à vitória. E, não
bastasse sua mente falha de humano, não conseguia pensar com clareza olhando
nos olhos de Marc.
Sabia que alguns metros à distância
estavam Serena e Charlie, possivelmente em perigo. Ou não. Talvez salvos.
Talvez mortos. Ele não tinha como saber, e a dúvida lhe tirava toda a
concentração. Ele sabia o que era mais coerente de fazer naquele momento, mas a
imprevisibilidade lhe perturbava. Olhava para a Pokébola de Pupitar.
— Por quê? — ouviu.
Calem levantou o olhar. Marc estava
tão neutro que parecia não ter dito nada. Ele só entendeu que realmente foi uma
pergunta quando ele repetiu:
— Por quê?
— Por que o quê? — indagou de
volta.
Marc fez uma pausa.
— Por que você veio até aqui?
Ele olhou para o lado. As luzes
piscando freneticamente o irritavam um pouco. Ele definitivamente não nasceu
para ser um personagem de videogame.
— Você sabe que é uma armadilha. A
chance de seja lá o que estiver tentando fazer dar certo é menor que esse
computador possa calcular. — murmurou Marc. — Por que tá aqui?
Calem respirou fundo.
— Porque eu preciso estar.
A Pokébola dançava entre seus dedos
trêmulos e nervosos. As memórias lhe atravessavam a cabeça nos curtos segundos
em que piscava, como se pudesse estar em todos aqueles lugares ao mesmo tempo.
— Seu irmão é o responsável por eu
estar aqui, Marc. — falou com firmeza. — E por isso devo tanto agradecê-lo
quanto amaldiçoá-lo.
De óculos escuros, sua expressão
não mudou.
— Você tá certo. É loucura. Eu… Eu
não sei o que tô fazendo aqui.
Sua garganta ardia, o peito
apertava. Seria uma vontade de chorar um choro que não poderia sair?
— Mas eu sei que o Charles estaria
aqui no meu lugar se fosse necessário. Porque ele já esteve.
Marc soltou uma risada. Menos um
riso de divertimento, mais uma tentativa de deboche mal sucedida, perturbada,
amarga.
— Por que você tá fazendo tudo
isso? Vingança?
— A vingança é um bom motivador. —
ponderou. — Mas é uma motivação fraca para esse risco enorme. Meu irmão não
vale isso.
— Dinheiro? Chantagem?
Ele ficou em silêncio, como se
ensaiasse uma resposta. Por fim, deu de ombros.
— Meu irmão é apenas a isca. —
falou com pouca fé nas próprias palavras. — Todos ficaremos felizes com o final
da história.
Calem titubeou, pensando que suas
piores hipóteses pareciam cada vez mais perto de estarem certas.
— Para de enrolar e joga logo seu
último Pokémon. — resmungou o outro, sem abrir muito espaço. — Vamos acabar com
essa merda, ou vai ser a minha cabeça em jogo.
Calem suou frio, apertando com
força a esfera em sua mão. Só havia uma coisa que ele poderia fazer naquele
momento. Concentrou-se e disparou a bola em direção ao campo:
— Vai, Pupitar!
O grandioso casulo se impôs
majestoso frente ao adversário metálico, brilhando diante dos feixes luminosos
como um escudo polido pronto para se defender de qualquer golpe. Calem sabia
que sua relação com Pupitar era cheia de conflitos. Contudo, era seu mais poderoso
Pokémon e sua melhor chance de vencer aquele combate. Marc pareceu intrigado ao
ver as estatísticas daquela criatura mostradas em seu visor.
— Sandstorm!
Os olhos intensos de Pupitar
gradualmente desapareceram ao seu adversário frente a uma nuvem de areia que se
formou rodeando o campo outrora beneficiado pelos poderes elétricos. Magneton
encontrou dificuldades em se locomover flutuando pelo ar repleto de areia.
— Mirror Shot! — gritou Marc.
— Ancient Power! — retorquiu Calem.
O corpo metálico de Magneton
brilhou, disparando um raio capaz de refletir todas as luzes que iluminavam o
campo. Todavia, o poder de Pupitar a partir do golpe ancestral atingiu o adversário
com tanta força que foi derrotado em questão de segundos. Marc viu o monitor em
um estado de emergência com o resultado imprevisto, com a mensagem “A critical hit”. As estatísticas disso
eram baixas, mas Pupitar contrariou o previsível.
Ele retornou a criatura,
enfurecido. Contudo, soltou um sorriso ao ver as informações da última Pokébola
disponível. Ele devolveu a esfera para a máquina no mesmo instante.
— Ora essa. Dessa vez nem
precisarei usar os reforços do querido líder. — murmurou, contente.
Calem não entendeu a brincadeira. O
adversário enfiou a mão nos bolsos, o que o fez se colocar em posição de
defesa. Mas o que saiu do bolso não era uma arma. Era uma Pokébola. Velha e
gasta, até mesmo enferrujada. Marc a estendeu:
— Vá, meu parceiro.
Em meio à tempestade de areia era
difícil ver com clareza a criatura que se libertava no centro do campo.
Contudo, uma pequena e esguia silhueta se formou, as escamas reptilianas
reluzindo com as luzes dos monitores brilhantes ao redor. Um par de sérios
olhos cravaram em Calem, dando-lhe um leve susto quando a pele de seu pescoço
se abriu como uma antena parabólica, onde faíscas saltaram, energizando as máquinas
ao redor. Era um Heliolisk, espécie típica das áreas mais áridas de Kalos.
O Pokémon sequer tremeu, sequer
pareceu surpreso. Apenas se colocou em posição de ataque diante de seu dono. Calem
ficou intrigado ao descobrir que aquele rapaz tinha um Pokémon, afinal de
contas. As máquinas do ginásio levaram alguns segundos até capturar todas as
estatísticas daquela criatura desconhecida para o sistema.
— Mud-Slap! — ordenou Marc.
— Rock Slide! — revidou Calem.
Embora Pupitar tenha tentado causar
um deslizamento, o lagarto foi capaz de desviar, disparando um golpe de lama
que interferiu em sua visão. A habilidade de Heliolisk em se deslocar em
terrenos áridos com o Sand Veil
permitia que usasse a tempestade de areia a seu favor dentro do campo. Marc
analisou as opções no monitor, abrindo um sorriso.
— Solar Beam. — murmurou.
— Use o Rock Slide!
A pele do pescoço de Heliolisk se
expandiu, absorvendo energia ao redor. O chão e as paredes iluminadas pareciam
entrar em parafuso com a interferência em seus geradores de energia. Pupitar
avançou com um deslizamento dos materiais da torre, mas o adversário conseguiu
minimizar o impacto com sua agilidade.
O lagarto guinchou, encarando Pupitar. Suas escamas brilharam como o sol, disparando um feixe tão certeiro que atirou a criatura rochosa contra uma das paredes com toda a força. A energia foi tamanha que todos os monitores da sala se acenderam, o que obrigou Calem a proteger a vista a todo o custo – desejando fortemente os óculos escuros de Marc. Aos que encaram de fora, gritos de surpresa: de um blecaute, a Torre acendeu todas as suas luzes momentaneamente como uma estrela.
Os índices de Pupitar caíram a um
nível crítico. O Pokémon teve dificuldades em se colocar novamente frente ao
inimigo. Calem ficou ainda mais ansioso.
— Pupitar, não desista! Por favor.
— suplicou. — Use o Thrash!
O Pokémon foi tomado pela fúria em
seus olhos. Avançou com uma velocidade quase incompatível com seu peso,
investindo com tanta força que o pequeno lagarto, ainda se recuperando do
poderoso golpe, foi atirado na direção contrária. Marc hesitou vendo os índices
caírem.
— Se levante! Mud Slap!
Heliolisk conseguiu despistá-lo com
uma rajada de terra, deslizando seu corpo de réptil para escapar da ira de
Pupitar, que teve seu fluxo de golpes interrompido. A imunidade terrestre
frente aos poderes elétricos da criatura tornavam as opções de Marc limitadas,
encarando tenso o monitor que agora piscava com certa dificuldade após o golpe
luminoso de seu Pokémon.
— Solar Beam! — bradou, com fúria. Dessa vez, não mais soava como um
conselho ou um comando mecânico. Por um segundo, Calem ouviu sua voz apenas como
a de um treinador que coordenava seu Pokémon em campo.
O lagarto começou mais uma vez a
recarregar sua energia como uma antena que drenava toda a força ao redor. Calem
gritou, desesperado:
— Ancient Power! É sua última chance!
Pupitar se concentrou. Uma de suas
maiores qualidades era conseguir manter o foco mesmo em situações adversas,
mesmo com a confusão mental afligida pela batalha.
Os geradores enlouquecidos forçavam
uma mensagem de advertência nos monitores; o chão e as paredes tingiam a sala
de um tom de vermelho vivo, intenso, onde a dura expressão de Marc parecia um
demônio prestes a arrastar Calem para o inferno. Heliolisk se tornava tão
brilhante quanto uma bomba prestes a explodir.
Pupitar avançou, permitindo que
seus poderes ancestrais desestabilizassem o andar inteiro, onde parte do teto começou
a desabar. As estruturas cediam a uma força dos confins da terra, muitos metros
abaixo, soterrando o pequeno lagarto frente a um amontoado de materiais. Uma cortina
de poeira se levantou e Calem foi obrigado a tossir e se proteger.
Marc saiu naquele exato segundo de
onde estava, correndo disparado rumo a Heliolisk.
— Não!
Calem conseguiu abrir os olhos momentos depois, perdido. A poeira baixava, o ensurdecedor barulho das máquinas havia parado. A música agora era abafada, eram poucos os monitores que ainda conseguiam funcionar com precisão, mas estes exibiam uma colorida mensagem “Congratulations! You’ve defeated the Gym Leader”. A voz mecânica soou, agora já quase cansada:
— Marquês Clemont foi derrotado. A vitória vai para Calem, Calem Windsor.
No centro da arena, Marc tocava a
pele de seu Pokémon derrotado. Sua expressão continuava neutra. Contudo, os
óculos escuros agora estavam levemente rachados, embora ainda conseguissem esconder
bem seus olhos. Calem sentiu que o silêncio talvez significasse alguma
redenção. O sentimento de ver-se derrotado talvez tivesse impactado aquela
figura quase impassível.
Contudo, Marc levantou o rosto e correu
para o lado, recuperando seu revólver.
Calem levantou os braços. A mão de
Marc tremia, conforme seus óculos caíram no chão. Um tique. O dedo suado
deslizando pelo gatilho, pronto para dispará-lo. Pupitar se colocou em posição
de defesa, mas antes de qualquer coisa, uma voz atravessou a arena:
— Não, Marc!!
O elevador outrora desativado se
abriu. O homem imediatamente virou em direção a Charlie e Serena, que pararam
exatamente onde estavam. Marc alternava a direção do revólver entre Charlie e
Calem, que permaneciam congelados em seus lugares.
— Acabou. — murmurou Charlie,
movimentando os pés a pequenos e curtos passos adiante.
— Parado aí, irmãozinho! — gritou,
o dedo pousado no gatilho.
Mais um pequeno e curto passo de
Charlie.
Marc levantou a arma para o alto e
deu um tiro. Os três se jogaram no chão.
— Charlie!! — repreendeu Serena.
— Marc, por favor. — suplicou
Charlie. — Por favor.
O outro desenhou um sorriso quase
sádico no rosto. Os olhos arregalados, imersos em loucura.
— Eu sabia, Charlie. Sabia que um
dia iria acabar assim….
— Marc…
— Você iria se arrastar de volta.
Arrependido. Implorando aos meus pés.
— Marc, por favor…
— Porque você fugiu dos únicos que estenderam a mão pra você.
Sua vida inteira! Os ÚNICOS! E o que
isso te trouxe? Hm? Riqueza? Reconhecimento? Glória? Segurança?
Os olhos de Charlie marejaram. Marc
soltou uma risada.
— NÃO! Porque no final das contas
depois desse tempo todo você tá NA MINHA FRENTE IMPLORANDO PRA EU NÃO TE MATAR.
O grito de Marc ecoou pela arena.
Para além do eco, um silêncio incompatível com a Cidade Luz.
— E sabe o que é o pior?
Charlie quase não se atreveu a
olhá-lo nos olhos.
— É que eu faria um favor se eu te
matasse agora. Faria um favor. Um favor. Porque o que vai sobrar pra você fora
daqui é muito pior que seu medo infantil de mim.
O outro engoliu em seco.
— É isso que sobra pra você e pra
mim, Charlie. No final do dia, seus dois amiguinhos vão voltar de helicóptero
pra mansão do pai. E você, Charlie? Acha que vai junto? Acha que vão te tratar
do mesmo jeito?
— E o que eu iria ganhar ficando? —
sussurrou Charlie, engolindo o choro.
— Quê?
— O que eu ia ganhar ficando? Com
você.
— Você não é um deles, Charlie.
Você nunca vai ser. E quando tentou ser, olha o que fez com os dois.
— Eu não sou um deles. Mas não sou
igual a você. Nunca vou ser.
Marc agarrou Charlie pela blusa,
jogando-o contra a parede. Serena gritou. Pupitar, Goomy e Espurr se colocaram
em posição de combate, mas ninguém se mexeu mais que isso. Charlie sentiu o
cano frio do revólver em sua testa, estava a poucos centímetros dos olhos
opacos e intrigantes de seu irmão. Quando foi a última vez que seu irmão
permitiu ser olhado nos olhos? As lágrimas escorriam pelo rosto, respingando no
chão empoeirado.
Ele fechou os olhos e sentiu o
cheiro de seu pai. O cheiro do casebre velho, onde o silêncio escondia seus
piores pesadelos. Onde a escuridão era onde seus medos dançavam formando um
monstro que ele podia contar os passos para capturá-lo. Três. Dois. Um.
— Deixa eles irem, Marc. Por favor.
Faz o que quiser comigo. Mas deixa eles irem.
Marc engoliu em seco vendo-o
chorar. Fez silêncio por alguns instantes.
— Eles não vão conseguir fugir,
Charlie. — murmurou baixinho. Dessa vez não havia terror, sadismo, paranoia.
Soou como uma confissão. — Não existe futuro bonito pra quem mexe com essa
gente.
Charlie fungou. Sua garganta
arranhava, as palavras lhe escaparam como uma súplica perdida que enfim se
libertava de um labirinto de anos.
— Você é um monstro. — chorou.
O mais velho piscou. Por um
instante, viu o choro de um garotinho de poucos anos de idade se protegendo no
escuro de seu pior pesadelo. E ele, a todo custo, tentara protegê-lo. Faria o
que pudesse para protegê-lo. Iria até o inferno e voltaria para protegê-lo.
Mas, quando abriu os olhos, era ele
quem o ameaçava. Em uma ironia do destino, havia o tornado exatamente aquilo
que mais temeu por toda a sua vida. A mão suava no cabo da arma. O dedo tremia
no gatilho.
— Valeu a pena?
Charlie abriu os olhos.
— Valeu a pena? — indagou seu irmão,
baixinho. — Viver livre. Mesmo que por pouco tempo.
O rapaz balançou a cabeça, mesmo
com a pressão da arma.
— Cada segundo. Eu viveria de novo
e de novo.
Sentiu o cano fazer mais força em
sua testa, e orou para as divindades que sequer acreditava. As lágrimas
pingaram e encharcaram sua camisa. Serena gritou desesperada, ouvindo seus
gritos reverberarem pelo andar. Amaldiçoou seu pai. Então, Marc pressionou o
gatilho.
Um disparo.
Ele ainda sentia sua pele. Sentia
os pés trêmulos mal o sustentando.
A bala atingira o elevador ao lado
e travou a máquina de se mover. Alguém estava tentando chegar naquele andar e
foi impedido. Marc soltou Charlie, que caiu ajoelhado tentando se segurar.
Ainda sentia tudo. Ainda estava bem. Seu irmão deu alguns passos para trás.
Vagarosamente. Um a um, encarando as mãos trêmulas.
— Não tô fazendo por eles. —
murmurou. — Tô fazendo por você.
E mais passos para trás. Charlie
tentou se levantar.
— Marc…
— O mundo é um lugar horrível, meu
irmão. Por muito tempo eu achei que conseguiria devolver pelo menos um pouco de
tudo aquilo que veio sobre a gente.
— Marc…
— Mas se existe algum lapso de
beleza nessa merda desse lugar, que você possa provar disso por mim.
Ele pegou os óculos escuros caídos
no chão e os colocou sobre os olhos. Poderia ter sido uma lágrima no canto do
rosto, mas Charlie nunca conseguiria saber. Foi a última vez que olhou nos
olhos do irmão, até que seus óculos voltassem a ser colocados como uma máscara. Charlie começou a andar em sua direção, arrastado.
— Digo que mandou lembranças ao
papai quando encontrá-lo no inferno. — falou, abrindo pela última vez seu
sorriso cínico.
— Marc, NÃO!
E correu disparado, atirando-se
contra as imensas janelas da Torre Prisma, em um mergulho em direção às
inúmeras estrelas brilhantes que iluminavam a escuridão de Lumiose. Charlie
correu desesperado atrás dele, mas seu irmão sumiu de vista diante do mar
brilhante ao redor, gritando sozinho frente a uma galáxia perdida.
O garoto chorou como uma criança, tentando
sentir as mãos de seu irmão sobre o ombro – não o Marc ameaçador que o havia
sequestrado, mas o garoto de pouca idade que prometeu protegê-lo do mundo e não
foi capaz de cumprir.
Voltou-se a seus amigos, vendo a
expressão abismada de Serena com os olhos arregalados e Calem praticamente sem
qualquer reação. Contudo, seus passos foram interrompidos em questão de um
curto instante, quando um novo disparo foi ouvido.
Charlie foi a o chão, e os amigos
imediatamente se voltaram para a origem do ruído, onde múltiplos tiros eram
lançados da porta lateral que conectava o andar à escadaria. Calem
intuitivamente bradou:
— Pupitar, Rock Slide!
A criatura criou um soterramento
que bloqueou por completo qualquer entrada por aquela porta, onde nenhum outro
barulho foi ouvido desde então. Todavia, seus olhos agora correram para
Charlie, caído no meio da arena. Serena imediatamente se abaixou e tocou seu
rosto, as mãos tremendo e mal conseguindo segurá-lo. Na lateral do corpo, a
camiseta manchada de sangue.
— Charlie! — gritou Serena, entre
um chamado e um pedido de socorro.
Calem se abaixou, sem saber o que
fazer. Chacoalhou o garoto, mas ele não respondeu. As lágrimas de Serena
pingavam sobre sua pele. A garota apoiou o rosto sobre seu peito, soltando um
grito.
— Charlie, por favor.
O primo tocou o rosto do amigo,
sentindo algo que há muito não sentia. Algumas lágrimas tentavam lhe escapar
pelos olhos, procurando um caminho para fora. A primeira levou à segunda, e à
terceira, e aí por diante.
Sua voz soou tão frágil que poderia
se desmanchar antes de sair pela boca.
— Charlie… Por favor, Charlie. Por
favor. A Serena precisa de você. — murmurou, segurando sua camiseta com força.
— Nós precisamos de você.
Sentiu um movimento de respiração
brusco no garoto, fazendo-os ter uma surpresa. Charlie abriu os olhos
levemente, com dificuldade frente às luzes intensas no ginásio de Lumiose. Talvez
agora ele tivesse coragem de enfrentar a luz, depois de tantas sombras. Encontrou
as pessoas que mais amava lhe encarando, queria poder congelar aquele instante.
Tudo parecia girar, mas após alguns segundos conseguiu recuperar o equilíbrio
para levantar a cabeça. Ele olhou nos olhos de Calem.
— Você… Você me chamou de Charlie.
E abriu um sorriso. Serena permitiu
uma pequena risada escapar, enquanto Calem limpou as lágrimas rapidamente, se
levantando.
— Ora, Charles!! — resmungou. —
Você ainda tem muito o que viver pra poder pagar as coisas que roubou de mim.
E Charlie riu, logo colocando a mão
sobre a área machucada.
— Que fofinhoooooo! Posso te chamar
de Cal-Cal?
— Pode me chamar de Senhor Vossa
Majestade Calem Windsor no tribunal quando meu advogado te processar por me
fazer morrer do coração, seu idiota!!
Examinou o machucado do rapaz,
enquanto sua prima ria. Um riso que logo foi se esvaziando ao olhar aqueles
olhos verdes mais uma vez. Ficaram ambos em silêncio. As inúmeras questões
ainda pairavam entre si, sem respostas. Apenas dando espaço para uma prioridade
maior.
— Acho que de tudo não foi tão
grave. Acha que consegue andar?
E começou a se levantar, com ajuda
dos amigos.
— Consigo.
Ele olhou para o lado e viu uma
Pokébola caída – a Pokébola de Heliolisk. Pegou o objeto e guardou a esfera com
cuidado, engolindo uma sequência de pensamentos que lhe atravessaram. Ao longe,
a janela quebrada onde Marc o havia deixado. Muito longe, o sol começava a
nascer, preenchendo a escuridão onde antes as luzes de Lumiose se desenhavam.
— Vamos embora. — murmurou Calem, levando-os para o elevador, que logo começou a funcionar sem qualquer comando, sob controle de Clemont. — O Observador está nos esperando no subsolo.
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Calem Windsor, terá todo o meu apoio em contratar o advogado, porque não se pode ter um susto desses AAA Que tensão do caralho que este capitulo entregou. Já entra logo para um dos meus capítulos favoritos de Aventuras em Kalos pela atmosfera dele.
ReplyDeleteÓtimo final para o Marc, que Giratina o tenha em boas mãos nas suas entranhas!
Bom... Agora resta esperar e ver se vai correr tudo certo (ou não) com Serena, Calem e Charlie. Estou muito entusiasmada para ver como será o futuro desses desgraçados daqui para a frente!
AHSUDIHASUSHDA como a Anne já falou, AeXY devendo terapia pra todo mundo depois desse arco :'DD Mas fico muito feliz que conseguiu sustentar as expectativas, Shii!! O pior é que a gente sabe que nem depois de passar por tudo isso os coitados vão estar em paz. Mas vem coisa boa, prometo!! hehe
DeleteObrigado pela força <3
e esse título de kingdom hearts ein qq (é meio zoera mas lit tem uma quote icônica de deep down there’s a light.... that never goes out!)
ReplyDeleteai a imagem na miniatura ficou incrível, adorei a energia
MDS JUSTO UM CAP QUE EU NÃO RELI, VO TE JOGAR NO RIO QQ mas mds enquanto via as palavras eu lembrei tão bem de ter lido isso aaaaaaaa
a pobi da serena asdnsdaçksdaççsad mas totalmente compreensível, até pq decididamente era O ÚLTIMO LUGAR QUE ELA ESPERAVA TER ESSA INFO
e, well, de certo modo, foi uma traição do charlie né :/
oh, the point where u question the memories. oh, it’s bad for him (mas assim tava assim tambem relendo uns cap antigo qqq)
pior que DE FATO não foi apenas uma coisa grave, foi DUAS. ele não foi sincero sobre o que ela mais queria. o maior objetivo dela. mds eu to com pena do charlie
(e olha, até entendo, pq dizer isso lá no inicio, não iam acreditar, né? e depois... como raios se fala uma coisa dessa?)
ai ela pensando de como ele sempre foi a segurança kkkkkkkkkkkkk amiga ficar com jeito de que tá tudo certo mesmo no caos é habilidade muito recorrente em quem só teve trauma da vida, e uma hora a represa rompe
charlie babe :(((
Você não precisa ser indestrutível o tempo inteiro. Não precisa fingir que não tem medo. Você não era meu guardião. Você era nossa família. > I NEED A MINUTE TT^TT MY BABEEEEEEEE affs minha fadinha guerreira, e ela definindo tão bem como ele pode se deixar ser cuidado também >:
a serena é a própria luz cara affs LOOK AT HEEEEEEEEEEEEER LOOK AT HER!!
coragem verdadeira sempre é encarar as coisas com medo mesmo, viver sem medo ninguém vive
E BORA PRA FESTA Q
Mas era difícil afirmar com clareza que um evento daquele acontecia durante um atentado > cês tem que estar preparados pra tudo no bingo do fim do mundo gente pls qq
mds os pobis dos pokes do ginásio tendo que ser manuseado por essa criatura sabe, pfvr clemont depois dá uns banho, especialmente uns de descarrego qq
me dói ver meu nene manectric levando pancada e tendo que torcer por isso SINTO MUITO VIU
also ele jogando magneton depois e eu pensando que esse poke é bem fortinho, qual será o último then? x_x
MDS A SURYAAAAAAAAAAAAAAAAAA mds pq cê jogou a pobi (okay é por metal MAS PLMDDS A MINHA NENE CÊ TOMA CUIDADO COM ELA CALEM E_E)
also clemont te adoro mas DAMN U de ter uns sistema tão avançado pra auxiliar na batalha qqqq era legal quando era você okay qqqq
— Por que você veio até aqui? > por uma coisa que cê não vai entender: ele tem um coração e se preocupa com outras pessoas
Ele definitivamente não nasceu para ser um personagem de videogame. > HAOS CÊ NÃO FEZ ISSO ASDÇKNSDASAÇKDÇKSDANÇKSADÇSDAKD
cal assim: quando encontrar o charlie vo chutar a bunda dele mas só eu posso chutar a bunda dele então por isso vim salvar saca
— Mas eu sei que o Charles estaria aqui no meu lugar se fosse necessário. Porque ele já esteve. > [sobs]
seu irmão não vale nada pra você né demônio ESPERA ATÉ EU IR AÍ E QUEBRAR TUA CARA EM UM DESSES MONITORES
Todos ficaremos felizes com o final da história. > pfvr defina “todos” e defina “felizes” qqq
(e ai ai, não tenho boa sensação com como ele não contou a verdade >.>)
Vamos acabar com essa merda, ou vai ser a minha cabeça em jogo. > kk? eu com certeza não to com boas sensação disso (digo, Deserved. mas não quero que seja algo que vá prejudicar os nene também >.>)
ai new world (uma música com extrema vibe “tá tudo perdido mas ainda existe uma luz”) tocando bem no meio desse ponto do confronto [screech]
pera O MARC TEM UM POKEMON??
also aaaaaaaa O NENE CALANGO!! cogitei ele sendo o ultimo poke mas tava em dúvida
(......oh ele é ground também né PUTZ)
jesus cristo isso tá adrenalina demais, é tão legal ver como o heliolisk se vira bem nesse ambiente MAS AI EU NÃO POSSO TORCER POR ELE E FUCK A SITUAÇÃO TÁ CADA VEZ MAIS CRÍTICA
mds o marc actually ainda tem algum sentimento bom??? pokemons realmente fazem milagres viu
claro que serena e charlie chegam agora nesse momento suave e tranquilo, claro q
DeletePorque o que vai sobrar pra você fora daqui é muito pior que seu medo infantil de mim. > kkkkkkkkkk então gente e se a gente se mudasse pra outro continente qq hoenn tem umas praias legais qq
Eu não sou um deles. Mas não sou igual a você. Nunca vou ser. > OBRIGADAAAAAAAAAAAA ESFREGA NA CARA DELE SIM
Cada segundo. Eu viveria de novo e de novo. > [cries]
mds por um segundo eu pensei que o marc atirado em si mesmo e por mais que eu deseje coisas horríveis pra ele eu fiquei muito nervosa com essa possibilidade
MAS CARALHO ELE TÁ AJUDANDO????? respirou areia do sandstorm mermao oloco
Mas se existe algum lapso de beleza nessa merda desse lugar, que você possa provar disso por mim > marc pelo amor de jesus não me faça chorar por você não me faça isso a esse ponto das coisas
CARALHO HE STILL DID THAT e de um jeito ainda mais doloroso o_o mds do céu eu não tenho saúde pra essas coisas não
alguém tem um bingo de traumas que lumiose dá pra essas crianças, pq olha a contagem tá grande qq
PRA PUTA QUE PARIU QUE O CHARLIE AINDA FOI ATINGIDO, HAOS PLMDDS EU VO TE MANDAR A CONTA DO HOSPITAL QUE EU VO PARAR DEPOIS DESSE CAPITULO
O CAL DIZENDO QUE TAMBEM PRECISA DELE porra vo ir de marc agora também (....too soon?)
mds charlie voltando só pra zoar açksndsdaçksakdçknçsadnkçdsaçknsdak amizade pura e sincera q
Você ainda tem muito o que viver pra poder pagar as coisas que roubou de mim > olha vai dobrar sua fortuna qqq
vai cal, processa o charlie que eu processo o haos, mandaremos o processinho q
MDS O HELIOLISK SE JUNTANDO AO GRUPOOOOO faz sentido e é bem justo.... mas queria demais que tivesse sido de maneira diferente :/
ai gente e essa é minha comfort fic sabe. ai ai
Antes de qualquer coisa só posso dizer que ir de Marc eu precisei de uns 15min pra me recuperar dessaaaaaaaaaaa KKKKKKKKKKKKKK
DeleteUma coisa que queria muito era que desse pra entender o lado do Charlie e da Serena, tanto ela por estar decepcionada quanto ele por também estar passando por tantas coisas, então fico feliz que tenha dado pra sentir isso. Acho que no próximo cap a gente vai poder se aprofundar melhor ainda!
E aaaa que bom que a batalha ficou envolvente!! Tava muito ansioso pra chegar nela, só de ver pela sombra do Marc na página já dava pra imaginar ahusdhaus ((Inclusive esqueci de comentar na outra página mas vc comentou da Surya de Caminho das Índias, meus pais tavam vendo o reprise e eu ouvi de novo eles falando o nome e quase babei AISDJIASJ)).
Esse cap não contribuiu muito pra continuar no posto de comfort fic mas eu prometo que ainda vou te entregar alguns pra isso, tá?? :'''D